Pesquisa
divulgada nos EUA aponta aumento preocupante na incidência de tumores de
intestino grosso e reto entre adultos nascidos nos anos 1990; Sedentarismo,
obesidade e hábitos alimentares figuram como principais fatores de risco
Um levantamento recém divulgado pela Sociedade
Americana de Câncer (ACS, sigla do inglês American Cancer Society) revelou que a
taxa de incidência de tumores colorretais entre pessoas em idade adulta
nascidas nos anos 1990 vem apresentando um aumento constante ano a ano. Segundo
a pesquisa, os chamados Millennials têm o dobro de risco de
desenvolver câncer no cólon (segmento do intestino grosso) e quatro vezes mais
chance de receberem um diagnóstico de câncer no reto em comparação à geração Baby
Boomers, indivíduos com 55 anos ou mais.
De acordo com o recorte apresentado pela ACS, cinco
a cada um milhão de pessoas na faixa entre 20 e 29 anos terá a doença, enquanto
considerando homens e mulheres nascidos nos anos 1950, essa variação caí para
três a cada um milhão. Para a Dra. Cristiane Mendes, oncologista do InORP -
Grupo Oncoclínicas, as principais causas dessa mudança de perfil de paciente
estão relacionadas aos maus hábitos cotidianos: falta de exercícios físicos e
ingestão de alimentos pobres em vitaminas e fibras, fatores estes que também
contribuem para o sobrepeso e obesidade – uma epidemia global que atinge 1,9
bilhões de pessoas globalmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Os tumores de cólon e reto ainda
são mais prevalentes entre idosos. Contudo, o estudo alerta que do total atual
de pacientes diagnosticados nos EUA, 30% têm menos de 55 anos. E esse
percentual deve continuar aumentando ao longo dos próximos anos se não forem
adotadas medidas de conscientização sobre as causas e importância do
diagnóstico precoce para tratamento da doença”, explica.
Atualmente o câncer colorretal figura como o terceiro mais incidente no mundo. No Brasil, em específico, o Instituto Nacional do Câncer estima uma média de 27 mil novos casos registrados todos os anos, atingindo ambos os gêneros em igual proporção. Em sua maioria, os sintomas da doença estão relacionados ao comportamento intestinal, incluindo diarréia ou constipação, fezes finas e que apresentem sangue e/ou mucosa. Inchaço frequente na região abdominal, gases, fadiga ou falta de energia e perda de peso súbita também fazem parte da lista de sintomas possíveis. Além disso, pessoas que apresentam pólipos (lesões benignas) estão mais propensas a desenvolver tumores.
Diágnóstico
precoce
Considerando
os fatores de risco que elevam a probabilidade de desenvolver a doença, Dra.
Cristiane destaca algumas condições hereditárias, doenças inflamatórias intestinais
e dietas hiperproteícas e baixo consumo de fibras e cálcio.
“Pessoas
com histórico familiar deste tipo de tumor ou que tenham condições hereditárias
como retocolite ulcerativa crônica ou doença de Crohn, por exemplo, fazem parte
de um grupo que deve sempre se manter alerta. Mas não podemos esquecer que
outros fatores de risco podem ser evitados a partir de uma mudança simples de
hábitos relacionados à alimentação balanceada, prática regular de exercícios
físicos e controle do peso”, frisa a especialista.
A
colonoscopia é o exame padrão para investigação de doenças do cólon e do reto.
Nos casos de suspeita de câncer, esse exame pode determinar a localização da
lesão e permitir a biópsia para confirmação da malignitude. Hoje, a
recomendação para pessoas com risco médio é que ela seja realizada aos 50 anos
de idade e repetida a cada dez anos.
“Frente
às evidências de que pessoas cada vez mais jovens estão desenvolvendo tumores,
os pesquisadores da ASC sugerem que o rastreio comece mais cedo, aos 40 anos
para aqueles com história familiar de câncer colorretal ou adenomas em um
parente de primeiro grau. Mas mais do que estabelecer um protocolo relacionado
à idade, é preciso avaliar de forma individualizada cada caso, levando em conta
tanto na prevenção quanto no tratamento os hábitos pessoais e fatores
hereditários para uma abordagem mais assertiva”, finaliza Dra. Cristiane.
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