Quando se fala em comunicação e tecnologia o
mocinho da era moderna mostra a outra face, afetando silenciosamente sua saúde
Com a popularização dos smartphones é cada
vez mais comum que as pessoas já comecem o dia com a atenção totalmente voltada
para o aparelho. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
abril do ano passado, os smartphones ultrapassaram os computadores como
forma preferida dos brasileiros de se conectarem à internet e estão presentes
em 80% das casas.
O hábito de manter-se muito tempo no celular gera
consequências para a saúde do indivíduo como dor na coluna e alteração do
relógio biológico, malefícios que chegam silenciosamente. E não é para menos.
Hoje, o aparelho é muito mais que um simples telefone móvel. Ele é o GPS que
ajuda a fugir do congestionamento a caminho do trabalho, traz o e-book e
a playlist de músicas para distração dentro do ônibus ou do metrô. Por
ele é possível chamar um táxi, fazer compras online, checar a agenda,
jogar, editar vídeos e fotos, checar o e-mail, e até pagar contas e
fazer transações bancárias. Enfim, é uma lista gigante de funções que fazem
você pensar que sua vida gira em torno do celular.
Modo silencioso
Apesar das multitarefas dos celulares, a
necessidade de estar conectado o tempo todo pode trazer malefícios para a
saúde. Algumas pessoas chegam a dormir com o celular debaixo do travesseiro
para ficarem olhando as mensagens que chegam. Outros têm o hábito de
destravarem o celular a todo momento para conferirem se há novidades, mesmo
sabendo que elas não existem. Caminhando pela rua, esbarram em pessoas, caem em
buracos e tropeçam porque estão focados no celular.
"As pessoas passam muito tempo com o pescoço
curvado por causa dos smartphones, algo que a médio e longo prazo
compromete a coluna de forma silenciosa e, normalmente, só procurarão um médico
quando já estiverem sentindo uma dor mais aguda e constante", afirma o
Alberto Croci, ortopedista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
O tratamento varia de pessoa para pessoa, mas
atividades como natação, pilates e ioga auxiliam na recuperação. O mais
importante, alerta o especialista, é ficar vigilante quanto à postura e, ainda
que pareça impossível para alguns, reduzir ou cortar o tempo de uso do celular
por um determinado tempo pode ser o primeiro passo para reverter o quadro
clínico.
Caso abrir mão do celular não seja uma opção, o
médico indica se policiar e usar o aparelho na altura dos olhos, evitando ficar
de cabeça baixa e, de preferência, com os braços sem apoio, para não
sobrecarregar a coluna.
Outro problema decorrente do uso abusivo do smartphone
é a alteração do relógio biológico. "Usar o celular antes de dormir impede
que a melatonina, o hormônio do sono, seja liberada pelo cérebro, fazendo com
que o organismo pense que ainda não é hora de dormir e permaneça em estado de
alerta. Esse hábito interfere diretamente no tempo de descanso e pode gerar
insônia, alterando o relógio biológico do indivíduo", explica Milton
Ciongoli, oftalmologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Ele acrescenta que o adiamento da hora de dormir faz com que o sono REM - fase
do sono com maior atividade cerebral - seja mais curto, dando a sensação de uma
noite mal dormida. "Fadiga ao longo do dia, deficit de atenção, dores
de cabeça, irritabilidade e estresse são sintomas esperados dentro desse quadro
insônias e noites mal dormidas", afirma o médico. Por isso, a busca pelo
equilíbrio de viver on e off-line é a chave para uma relação mais
saudável com o smartphone.
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