Entre 20% e 35% dos infartos em jovens são provocados pelo uso da droga, também responsável por um quarto dos ataques cardíacos em pessoas com idade inferior a 45 anos.
O
uso de drogas, em especial as ilícitas, representa um dos principais males
do mundo contemporâneo, causando muitas mortes, principalmente de jovens.
A
cocaína, consumida por cerca de 17 milhões de pessoas em todo o mundo, com
idades entre 15 e 64 anos, é responsável por 20% a 35% dos infartos em
jovens. Seu uso causa um quarto dos ataques cardíacos em pessoas com idade
inferior a 45 anos.
Recentemente,
um caso envolvendo o consumo de drogas ilícitas ceifou mais uma vida. O laudo
da necropsia de João Victor Carvalho, 13, divulgado na última terça-feira, dia
07, apontou que a parada cardíaca que matou o adolescente após se envolver em
uma confusão com funcionários do Habib's na Vila Nova Cachoeirinha (Zona Norte
de São Paulo), no último dia 26, foi causada por consumo de cocaína, de
lança-perfume e problemas no coração.
De
acordo com Ibraim Masciarelli Pinto, cardiologista e presidente da Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), essas substâncias subvertem os
sentidos e reduzem a consciência. O médico comenta que, além dos danos sociais
e psicológicos, já muito graves, há outros riscos diretos à saúde
cardiovascular. “O coração é uma das muitas vítimas tanto das drogas ilícitas
como do tabagismo e do abuso das bebidas alcoólicas”. Aproximadamente dois
terços dos infartos ocorreram em até três horas após o consumo de cocaína,
variando de um minuto a quatro dias, e por volta de 25% ocorreram no prazo de
60 minutos”, ressalta o médico.
A
cocaína, causadora de milhões de mortes, é uma das mais procuradas pelos
jovens. Em 2013, o vocalista Chorão, da banda Charlie Brown Jr., foi
encontrado morto pelo excesso do uso de cocaína. O consumo da droga e
o coração comprometido foram fatais para o músico.
Segundo
o cardiologista, a pessoa que utiliza cocaína normalmente fuma, o que
potencializa o estreitamento da artéria. Ele salienta que a ingestão de
álcool potencializa em três vezes mais a ação da droga, formando um
composto ativo chamado cocaetileno. “O pior cenário para o coração dá-se com o
consumo simultâneo de cocaína e álcool, aumentando em três vezes os riscos de
arritmias e ataques cardíacos, que ocorrem em indivíduos jovens,
apesar de eles terem poucas ou nenhuma lesão nas coronárias”.
O
médico destaca que, independentemente do perfil do paciente com suspeita
de infarto, a rapidez em procurar um médico é crucial para
evitar sequelas no coração. “A identificação e tratamento do
infarto no início pode proporcionar que o coração fique quase
completamente saudável”.
Conforme
explica Ibraim, o problema toma dimensões maiores quando se considera o
fato de muitas vezes o usuário de drogas, principalmente o jovem, não buscar
ajuda quando surgem os sintomas, já que não se considera como pertencendo ao
grupo de risco para doença cardíaca ou por medo das consequências legais e da
exposição social e familiar. Por isso, muitas vezes nega ao médico uso das
substâncias proibidas.
Lembrando
que o médico sempre guardará absoluto sigilo, o cardiologista afirma ser
essencial que o consumo/vício seja relatado na consulta, não só para que o
tratamento correto seja adotado, bem como para evitar a prescrição de
medicamentos que não devem ser tomados em associação com cocaína e outros
narcóticos. “O propósito dos profissionais de saúde é defender a vida.
Por isso, jamais denunciam uma pessoa após socorrê-la em caso de uso de
drogas ilícitas”.
Ainda
de acordo com o médico, a melhor maneira de evitar quaisquer riscos e doenças
cardiovasculares é não fazer uso de cocaína e todo tipo de droga. “Além de
preservar a saúde mental, escapar do vício ajuda a impedir doenças cardíacas
que possam ferir de modo irreversível o coração”.
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