As doenças psiquiátricas ocorrem no cérebro e
si diferem das doenças neurológicas por não causarem uma lesão propriamente
dita, mas por transformarem a maneira como o cérebro dessas pessoas está
funcionando. O psiquiatra e pesquisador do hospital das Clínicas da USP,
Dr. Diego Tavares explica que um indivíduo com fobia social não começa a ficar
tímido com certos aspectos da vida e vai ficando cada vez mais medroso diante
dos outros seres humanos.
“E não é isso, assim como nas outras doenças
psiquiátricas, a fobia social não é uma timidez que vai crescendo a ponto de a
pessoa ficar doente, na verdade, existe uma vulnerabilidade biológica no
organismo da pessoa e diante de algum estressor (bulling, traumas na
infância, abuso infantil) ou não, e ainda existem pessoas que desenvolvem fobia
social sem terem passado por algum estressor evidente”, fala o médico.
Isso ocorre ativação de determinadas áreas do
cérebro que fazem com que a pessoa comece a apresentar medo de gente, medo de
pessoas, medo de ser humilhado ou ficarem constrangidas diante de outros seres
humanos. Mas, a fobia social não é só isso! “A fobia social generalizada
é um tipo de fobia em que a pessoa teme o contato com os outros humanos,
entretanto muitas pessoas apresentam algum grau de fobia social de
desempenho sem que tenham conhecimento disso. Nestes casos as pessoas
começam a apresentar insegurança em situações que precisam desempenhar uma
performance em público, mesmo que simples! Por exemplo, ir a uma loja e
devolver uma mercadoria com defeito, a pessoa teme que o dono da loja o acuse
de ter produzido o defeito ou que grite ou crie uma situação em que todos
observem a pessoa ali”, diz o psiquiatra.
Outro exemplo é quando a pessoa tem que dizer
que não quer levar um produto após estar sendo pressionada por um vendedor para
levá-lo, pessoas com fobia social muitas vezes levam o produto mesmo sem querer
com medo de estarem sendo inadequadas ou de o vendedor achar que elas não tem
dinheiro para comprar. Outros exemplos são pessoas que não consegue comer em
locais públicos ou atender a telefonemas com medo de não saberem como agir ou
se comportar.
“Em todos estes casos, o cérebro da pessoa
cria desfechos catastróficos que podem colocar a pessoa em situações vexatórias
ou de humilhação e com isso a pessoa se esquiva de enfrentar tais situações”,
alerta o médico que acrescenta “Muitas vezes são quadros leves e só a pessoa
tem consciência que passa por isso e em virtude de haver uma ativação de áreas
do medo no cérebro, muitos casos se resolvem com medicamento e psicoterapia
comportamental de exposição que desligam estes alarmes cerebrais”.
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