O
crescimento econômico demanda disponibilidade de trabalhadores e de capital. Há
o aspecto quantitativo envolvendo ambos como causadores da expansão do produto,
mas o elo de promoção da eficiência nesse processo é de natureza qualitativa.
Esse elo é a inovação, cujo papel se tornou determinante nas economias
desenvolvidas há décadas e que em países emergentes, como o Brasil, assume
relevância cada vez maior por conta da globalização e de fatores relacionados à
produtividade.
O
Brasil vive uma situação que combina carência de capital de infraestrutura e de
trabalhadores qualificados. São aspectos que comprometem a competitividade das
empresas e da economia como um todo. A estrutura orçamentária do Estado
brasileiro limita a capacidade de investimentos em áreas fundamentais para a
eficiência da produção. A carga tributária elevada e a necessidade de
financiamento da seguridade social é uma combinação que reduz expressivamente a
disponibilidade de recursos nesse sentido. Por sua vez, não há mais espaço para
expandir o ônus sobre os contribuintes e a margem de aumento do endividamento
público é muito baixa.
Em
relação ao fator trabalho o Brasil conta com mais de 100 milhões de pessoas em
idade ativa e cerca de 12 milhões estão desempregadas. A questão fundamental
nesse ponto passa pelo aspecto qualitativo. Um elemento que limita o potencial
competitivo brasileiro é a baixa qualificação de sua mão de obra.
A
alternativa para a economia brasileira superar o quadro atual é o aumento da
produtividade. A saída se traduz na elevação da função de produção do país
através do progresso tecnológico. Assim, o papel da inovação passa a ter peso
cada vez maior para a eficiência da atividade produtiva nacional.
Inovação
é um conceito ligado à ciência e à tecnologia. Enquanto a ciência refere-se ao
conhecimento adquirido com base em um método de pesquisa, a tecnologia é a
transformação desse conhecimento em novos ou melhores equipamentos, produtos,
processos, matérias primas e materiais visando inseri-los na atividade
produtiva. A inovação ocorre quando essa novidade chega efetivamente ao mercado
como um bem, serviço ou procedimento capaz de promover um método mais eficiente
de produção.
A
inovação tem a capacidade de agregar valor aos produtos e à empresa. Consiste
em elemento de diferenciação, ainda que momentânea, em um mercado competitivo,
onde os produtos têm a característica de homogeneidade. Criar novos produtos ou
aperfeiçoá-los, mudar processos de produção e implantar um novo modelo de
negócio pode deixar a empresa inovadora em posição de vantagem frente aos seus
concorrentes.
Os
benefícios da inovação não se limitam às empresas em termos de maior
produtividade e lucratividade. Para os países as inovações são determinantes
para o crescimento econômico sustentado e para o bem estar social. O progresso
tecnológico torna a economia mais produtiva e eleva o produto por trabalhador,
podendo ter efeito positivo sobre a renda do fator trabalho. É um elemento que
impacta a distribuição de renda na economia e que tende a melhorar a
qualificação da mão de obra.
A
inovação é a chave para o crescimento sustentado e nesse sentido a Finep, empresa do governo federal que estou assumindo, tem papel
estratégico. Investir na eficácia das ações nessa área contribuirá de modo
determinante para o posicionamento do país como potencia global e para o
desenvolvimento nacional.
Marcos Cintra - doutor em Economia pela
Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação
Getulio Vargas. É presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
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