Os
Millennials vêm ocupando cada dia mais postos no mercado de trabalho. São mais
inteligentes que as gerações anteriores, mas também mais estressados, de acordo
com vários estudos. Mas se são tão mais inteligentes, por que são ao mesmo tempo
incapazes de manobrar seus níveis de estresse?
Algo está
mudando nos gráficos do planeta. A inteligência média aumenta 3-4 pontos nas
gerações de cada década. Agora em 2017, os jovens nascidos no final dos anos 80
e início de 90, os chamados Millennials, passam a ocupar postos no mercado de
trabalho. São mais inteligentes que os maduros, os babyboomers e os da geração
X.
São, também,
mais estressados, de acordo com vários estudos. Mas se são tão mais inteligentes,
por que são incapazes de manobrar seus níveis de estresse?
Alguém diria
que a inteligência não leva em conta as aptidões emocionais. Pode ser. Mas o
conceito moderno de inteligência passa a incluir a capacidade de sobrepujar
limitações emocionais e suportar pressões externas.
Mas como se
faz isso? Bem, primeiro precisamos tentar entender a efetiva causa do estresse
nos millenials. Priya Parker, jornalista do Laboratório de Inovação de Harvard
e blogueira da CNN, tem impressão vívida dos millenials – eles militam em ONGs
ou nas empresas, conheceram ou moraram em vários países e possuem mais empatia,
visão humana e global do mundo do que as gerações anteriores. Mas também
percebe uma geração de jovens paralisados, que hesitam responder às difíceis
questões em torno de como construir um capitalismo sustentável, deixar os
grupos étnicos mais equitativos, fazer a transição para um planeta sem a linha
divisória ocidental/oriental e estender a prosperidade para nações empobrecidas
sem cortar na própria carne.
De acordo com
Caroline Beaton, escritora da Psychology Today e autora do Guia da Geração Y, o
funcionamento dos millenials está baseado em “menus top-down” (aqueles que
surgem ao clicar o botão direito do mouse sobre determinado item). Eles
enxergam esses menus quando analisam questões importantes como com quem casar,
qual emprego escolher e em que cidade viver.
E aqui entra
em cena o inimigo oculto, capaz de ligar o botão do estresse quando não se
precisa dele. O cérebro, em sua sabedoria milenar, dirige a mente para focar em
escolhas. Há gerações atrás, essas escolhas, sem o Google por perto, eram
escassas e rapidamente se procurava ficar com a melhor à mão. Hoje elas são
muitas e, além disso, muito competitivas; escolher passou a trazer no rastro a
sensação de “será que escolhi certo? E se tivesse escolhido diferente”?
Esse tipo de
monólogo nos corredores do cérebro emocional – que corre soltos nas pradarias
do subconsciente e traz à superfície um conflito indesejável – provoca reações
defensivas. O cérebro reedita mecanismos ancestrais de escolha, do tipo
enfrentar ou deixar tudo para trás, o que muitas vezes era necessário para
garantir a sobrevivência nas florestas. Determinadas estruturas cerebrais
simplesmente não sabem a diferença entre um estalido no bosque causado pelo
predador se aproximando do medo de fazer uma escolha que tem risco de não ser a
melhor.
Perfeito. Está
estabelecida uma situação em que o resultado é a elevação dos batimentos do
coração, o freio no sistema digestivo, o cochilo do aparato imunológico, a
liberação de adrenalina à vontade para retesar os músculos e a produção de
cortisol para esquentar neurônios capazes de enxergar uma cena de combate onde
ela de fato não existe.
Millennilas
vão precisar conviver com esse estresse. A não ser que aprendam a navegar entre
dois mundos, sendo que um deles é o da calma e sabedoria tácita dos monges
tibetanos. Neles, o cérebro é capaz de focar no presente, acalmar o organismo e
fechar menus top-down inconvenientes.
A saída será
aprender a desenvolver o foco no presente. Esse simples expediente, que
responde pelo codinome meditação mindfulness, é capaz de reequilibrar os
fatores do jogo. Bastam 5 minutos – às vezes menos – em que a mente é incumbida
da gestão de respirações que possuem um descenso mais prolongado, com foco
sobre o batimento do coração dentro do peito – para deixar as opções de vida
não escolhidas para trás e passar a preocupar-se com o aqui e agora.
Os Millennials
vão topar essa. Aliás, não fosse isso, cursos como o workshop “Money and
Minfulness for Millennials”, disponível nas principais casas do ramo, não
estariam sendo tão procurados.
Dr. Martin Portner - Médico Neurologista ,
Mestre em Neurociência pela Universidade de Oxford e especialista em
Mindfulness. Há mais de 30 anos divide suas habilidades entre atendimentos
clínicos e palestras,
treinamentos e workshops sobre sabedoria, criatividade, Millennials e
mindfulness. www.martinportner.com.br
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