O processo de luto pode
não ser apenas por conta da morte de alguém querido, pode estar relacionado ao
conhecimento de diagnóstico de alguma doença, separação, falência financeira e
por aí vai. É uma reação absolutamente natural que o ser humano faz para se
adaptar, mas o psiquiatra Dr. Daniel Sócrates da capital paulista, conta que
para algumas pessoas o luto deixa de ser uma reação esperada e revela um
sofrimento mais intenso e contínuo de perdas, configurando-se o chamado “luto
patológico” ou “luto complicado”.
“As alterações nos
sentimentos iniciais podem ir desde raiva, culpa, ansiedade, solidão, nó na
garganta, vazio no estômago, aperto no peito, falta de ar, fraqueza, boca seca,
confusão, preocupação, descrença, alucinações, distúrbios de sono e apetite,
choro, comportamento aéreo e isolamento social. Saber identificar algumas fases
no processo de luto pode ajudar a compreender algumas atitudes e se livrar
dessas reações psíquicas“, comenta Dr. Daniel.
Sócrates descreve as cinco
fases:
- Negação e Isolamento: a pessoa nega a existência do problema ou situação; são mecanismos de defesa contra a dor psíquica diante da perda. A intensidade e duração variam e geralmente esta fase não persiste por muito tempo.
- Raiva: a pessoa expressa raiva pelo ocorrido e acompanhado a este sentimento podem vir revolta, inveja e ressentimento. Muitas vezes estas emoções são projetadas para o externo, hostilizando o ambiente e tornando os relacionamentos mais difíceis.
- Barganha: a pessoa busca fazer algum tipo de acordo para que as coisas possam voltar a ser como antes. Há uma tentativa desesperada de negociação com a emoção ou com àqueles que julga “culpados” por sua perda; pactos e promessas são comuns e geralmente ocorrem em segredo.
- Depressão: sofrimento profundo, a pessoa já não consegue negar as condições em que se encontra. Acompanha-se uma grande introspecção e necessidade de isolamento quando começa a tomar consciência de sua debilidade física; as perspectivas da perda são claramente sentidas. Trata-se de uma atitude evolutiva: negar, agredir, se revoltar, fazer barganhas não adiantou, surge então um sentimento de grande perda.
- Aceitação: percebe-se e vivencia-se a aceitação dos acontecimentos, a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações. A aceitação não é um estágio feliz, ela é quase destituída de sentimentos.
O especialista conta que
estas fases não são necessariamente experienciadas por todas as pessoas e nem
sempre são vivenciados na mesma ordem. As variações de sentimentos, de
sensações físicas e o tempo para que o luto chegue ao fim depende muito da
maneira que se age para enfrentar a situação e assim, não deixar que o luto
deixe de ser “normal“ e passe a ser um novo “problema“.
“É importante reconhecer
um “luto normal” daquele que acaba dando à pessoa a incapacidade de lidar com a
perda e acaba por se envolver em um processo cíclico de prejuízos: perde a
vontade de trabalhar, de realizar as atividades cotidianas, diminuir sua
qualidade de vida, e assim sucessivamente“, completa o psiquiatra.
Dr. Daniel Sócrates - Graduado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU -
Uberlândia/MG) em 2005, residência médica em psiquiatria pela Fundação
Hospitalar de Minas Gerais (FHEMIG - Belo Horizonte/MG) em 2007, especialista
em Dependência Química pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP - São
Paulo/SP) em 2008, doutor em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP - São Paulo/SP) e Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho
Regional de Medicina (CREMESP - São Paulo/SP). www.drdanielsocrates.com.br
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