Ø Brasil registra um acidente aéreo a
cada dois milhões de voos
O
transporte aéreo brasileiro teve uma melhora substancial em 2015. Tivemos uma
redução de 15% no número de acidentes comparado ao ano de 2014, porém o
índice desses acidentes no Brasil ainda é sete vezes superior em relação
aos países de primeiro mundo.
Segundo
a Agência Internacional de Transporte Aéreo (AITA), o Brasil registra um
acidente aéreo a cada dois milhões de voos. Os países de primeiro mundo
registram um acidente a cada 14 milhões de voo. Ainda temos muito para
avançar!
A
melhoria nos índices de acidente ocorreram nos últimos três anos devido a
operação “Voe Seguro”. Surgiram os Núcleos Regionais de Aviação (NURAC),
que intensificaram a fiscalização, além de terem deixado a Agência Nacional de
Aviação Aérea (ANAC) mais presente. Segundo a ANAC o objetivo da operação é
tornar o Brasil referência em segurança. Isso é o que nós, viajantes e
consumidores, esperamos!
Com
o “Voe Seguro”, os órgãos passaram a efetuar fiscalizações mais rigorosas nas
aeronaves, melhor monitoramento dos voos e inspeções de rampa, gerando maior
segurança durante as viagens.
Os
acidentes são decorrentes de duas causas, atos inseguros ou condições
inseguras. Consideramos condições inseguras a falta de monitoramento
adequado, condições da pista, manutenção da aeronave, análise de discrepância,
navegabilidade, entre outros itens.
Conhecendo
as condições inseguras podemos dizer que elas são evitáveis. E os atos
inseguros. Como devemos considerar?
Uma
pesquisa feita pela Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil,
registrou 25% de risco para a tripulação de voo, principalmente para os
pilotos, nos hábitos relacionados ao consumo de bebida alcoólica.
A
Organização da Aviação Civil Internacional propôs que os profissionais da área
passem por exame toxicológico, programas de educação e recuperação, visando
evitar o consumo inadequado de álcool e/ou substâncias psicoativas. A ANAC foi
uma das primeiras agências que adotou as propostas como medidas preventivas.
Outras
questões que devemos analisar: ambientes pressurizados podem ocasionar
alteração no ritmo cardíaco, distúrbios do sono, gastroenterites, mudanças de
humor, alteração de pressão arterial, problemas circulatórios, entre outros
impactos na saúde desses trabalhadores.
Geralmente,
profissionais desta área possuem vida social inexistente, falta de tempo,
grande demanda de trabalho, crises de relacionamento, além do intenso
sentimento de abandono causado por longos períodos de afastamento familiar.
Aspectos que facilitam o quadro de danos emocionais e estresse.
Essas
são algumas razões que geram atos inseguros, aumentam a falta de
atenção, e, consequentemente riscos de acidentes. Precisamos de uma gestão efetiva
na área de saúde nesta categoria.
Os
acidentes são falhas no comportamento. No Brasil, além desses riscos, estamos
passando por uma mudança social de hábitos. As pessoas estão cada vez mais
ensimesmadas em função da violência, longas jornadas e redução de mão de obra.
Dos
10 piores acidentes mundiais na área da aviação, dois ocorreram no Brasil.
Estamos sempre liderando as “´piores” pesquisas. Cada vez mais devemos nos
preocupar com a prevenção e educação.
Cada
funcionário deve se adequar às normas das empresas, observar e avaliar o
comportamento dos colegas de trabalho. Somente desta forma ocorrerá a
conscientização. Só assim teremos uma gestão efetiva de riscos e vidas poderão
ser salvas!
Marcia Ramazzini -
engenheira civil pela PUC Campinas, engenheira em segurança do trabalho e meio
ambiente pela Unicamp e mestranda em Saúde Ocupacional também pela Unicamp. Tem
especializações em Riscos Industriais e Construção Civil pela OSHA
(Occupational Safety Health Administration), Ministério do Trabalho dos Estados
Unidos. Marcia é diretora da Ramazzini Engenharia e tem 20 anos de experiência
de mercado.
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