Além do câncer, tabaco pode causar Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica (DPOC); 15% da população tem a doença e maioria deles são
fumantes, somente 16% tem o diagnóstico e 12% passam por tratamento
O tabagismo é uma doença que mata cerca de 6
milhões de pessoas por ano no mundo. Só no Brasil são cerca de 147 mil óbitos anuais.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que em 2016 serão registrados no
país 28,2 mil casos novos de câncer de traqueia, brônquios e pulmões (17.330 em
homens e 10.890 em mulheres). Esses valores correspondem a um risco
estimado de 17 casos novos a cada 100 mil homens e 10 para cada 100 mil
mulheres. Quem fuma tem cerca de 30 vezes mais chance de desenvolver
câncer de pulmão, quando comparados a pessoas que nunca fumaram.
Para alertar
sobre as doenças e mortes relacionadas ao tabagismo, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) criou o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio.
Segundo o coordenador do Centro de Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
Prof. Dr. Elie Fiss, o câncer de pulmão é o que mais provoca mortes no mundo.
“O principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão é
o tabagismo. A incidência deste tipo de câncer em homens ainda é mais
predominante, mas o número de casos em mulheres vem crescendo. Isso é reflexo
do consumo do tabaco, que também vem aumentando entre as pessoas jovens. Apesar
dos programas nacionais e das doenças que são causadas pelo cigarro, cerca de
17% da população nacional ainda fuma”, afirma o especialista.
De acordo com o
Prof. Dr. Fiss, nos anos 1970, ainda não se associava o tabaco a algumas
doenças. Foi no final desta década que surgiram indícios mais frequentes do
tabagismo ligados não somente ao câncer de pulmão, mas também ao de laringe,
boca e atualmente, de acordo com pesquisas, casos de câncer de bexiga e mama.
Além de diversos tipos de câncer, fumar ainda pode causar problemas
respiratórios, incluindo Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), condição
progressiva na qual as paredes das vias aéreas inflamam e se tornam estreitas,
evoluindo para ruptura dos alvéolos, caracterizando o enfisema pulmonar. Os
pacientes costumam apresentar os sintomas, como falta de ar e tosse com
catarro, a partir dos 40 anos. De acordo com a OMS, a DPOC será a terceira
maior causa de morte em 2020 no mundo.
“Cerca de
15% da população tem Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e a maioria são fumantes. A doença é
sub-diagnosticada. Apenas 16% tem o diagnóstico e só 12% passam pelo
tratamento. Na fase sintomática inicial, com tosse e catarro, o
paciente raramente procura o especialista. No Centro de Pneumologia do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, cerca de 30% dos pacientes atendidos tem a doença e todos
são estimulados a parar de fumar”, diz o Prof. Dr. Fiss. O especialista ainda
aponta que outras formas de consumo de tabaco, como charuto, narguilé
e cachimbo também fazem mal e oferecem riscos à saúde, já que
também contam com nicotina em sua composição, assim como o cigarro
eletrônico, utilizado por alguns fumantes como método para interromper o
consumo do cigarro. “O charuto, por exemplo, não se traga a fumaça, mas pode
causar câncer de boca e laringe. Já o cigarro eletrônico, apesar da dosagem
menor, é apenas outra forma de fumar a nicotina”.
A nicotina tem
efeitos maléficos e é considerada uma droga que chega a atingir o cérebro mais
rápido que a cocaína, em 0,7 segundos. Estudos recentes ainda apontam que
aumentou o número de fumantes passivos, ou seja, aqueles que estão ao redor do
dependente, com bronquite crônica e até mesmo com câncer de pulmão. A fumaça
liberada pela ponta do cigarro, que às vezes é inalada pelo fumante passivo,
contém três vezes mais nicotina e monóxido de carbono, e até 50 vezes mais
substâncias cancerígenas do que a fumaça tragada pelo fumante.
O
tabagismo ainda está associado a doenças cardiológicas, Acidente Vascular
Cerebral (AVC), enfisema e embolia pulmonar. Este último acomete principalmente
as mulheres, que têm uma probabilidade maior de ter trombose. O consumo do
tabaco também provoca problemas na pele, como ressecamentos, além de rouquidão
na voz.
De
acordo com o pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o indivíduo que
deseja parar de fumar pode procurar uma equipe multidisciplinar para dar todo
suporte médico, nutricional e psicológico. A avaliação médica também é indicada
aos ex-fumantes, já que existem casos de pessoas que pararam de fumar há anos e
tiveram problemas de saúde posteriormente. “O tratamento varia de acordo
com cada paciente. A vontade, aliada ao tratamento, influencia muito. É preciso
perder o medo de ficar sem cigarro. Algumas pessoas chegam a ter medo de ficar
sozinhas, com a mão vazia depois de um café ou jantar”, comenta o
pneumologista, que reforça a importância da realização de uma atividade física
durante o processo. “O exercício ajuda a aliviar a ansiedade. Hoje, também existem
medicamentos que auxiliam no tratamento”.
O
tabagismo é uma doença recidiva, cerca de 60 a 70% dos pacientes voltam a
fumar. O Centro de Pneumologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz conta com
especialistas capacitados e treinados para o tratamento de tabagismo e atende
cerca de 200 pacientes por mês. “A relação médico e paciente é importantíssima.
Não se pode deixar o paciente desanimar e achar que é fraco por cair na
tentação. Oferecemos o tratamento, mesmo se o paciente não nos procura com esse
foco”, explica.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz – www.hospitalalemao.org.br
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