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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Tontura e Labirintite: conheça alguns mitos e verdades






Pesquisa da UNIFESP indica que a Labirintite atinge uma média de 33% da população. A Dra. Tanit Ganz Sanchez, Otorrinolaringologista e presidente da APIDIZ, explica que as causas são bem parecidas com as do zumbido no ouvido e o tratamento depende de uma análise minuciosa do paciente.

Cerca de 33% da população brasileira tem tontura, segundo pesquisa da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo. A tontura é uma ilusão de movimento e representa genericamente todas os tipos de desequilíbrio corporal, como vertigem, instabilidade, desequilíbrio, flutuação, sensação de queda ou desvio ao andar. É um sintoma desagradável por si só, mas ainda piora quando se associa a náuseas, vômitos, zumbido, perda auditiva ou sensação de ouvido tampado.

Muitos acham que tontura é igual a Labirintite: Esse é um mito comum, pois a Labirintite significa “inflamação do labirinto”, que é a região interna do ouvido, por bactérias ou vírus. Portanto, nem toda tontura é Labirintite e o nome correto das tonturas causadas por problemas não infecciosos do labirinto é Labirintopatias.

Para a Dra. Tanit Ganz Sanchez, pesquisadora pioneira dos estudos sobre o zumbido no ouvido no Brasil há 22 anos, a labirintopatia é semelhante ao zumbido, que acomete cerca de 24% da população. “Ambos podem aparecer juntos e serem causados pelos mesmos problemas, como os erros alimentares – ingestão frequente de doces, cafeína ou gorduras -, problemas de circulação causados por diabetes, pressão alta ou colesterol, efeio colateral de medicamentes, estresse, problemas na coluna cervical ou na mastigação, entre outros. Além disso, uma pessoa pode ter duas ou mais causas associadas de tontura, portanto, precisaria de uma investigação médica detalhada”, complementa a Otorrinolaringologista.

Outro mito é que tontura é coisa de idosos. A verdade é que pode ocorrer em homens e mulheres de qualquer idade, inclusive crianças e adolescentes. De fato, é nos idosos que o problema traz algo a mais: o risco de quedas, que pode trazer consequências desastrosas. “Nas crianças, a labirintopatia é mais disfarçada e se manifesta como medo do escuro ou de altura, dores de barriga sem causa aparente, falta de atenção e concentração na escola ou recusa de brincadeiras que precisam do equilíbrio: bicicleta, pular corda ou elástico, amarelinha, parque de diversões etc”, explica a médica.

Todo mundo sabe que a tontura prejudica as atividades diárias, o trabalho e a qualidade de vida. Além de incomodar, ela assusta e deixa as pessoas com medo de fazerem as coisas sozinhas, por isso limita muito a qualidade de vida. “A tontura acontece quando algo abala a harmonia que existe entre o labirinto, a visão e a propriocepção (receptores nos músculos e articulações). Cada um fornece informações sobre os movimentos corporais para o cérebro interpretar e ajustar a postura. Problemas em um deles podem alterar o equilíbrio e causar tontura. O labirinto pode ser agredido por várias substâncias tóxicas ao ouvido, tanto alimentares (intolerância/alergia a doces, cafeína, gorduras, tabaco, álcool, lactose, glúten) como medicamentosas (antibióticos, diuréticos, antinflamatórios, quimioterápicos, anticoncepcionais ou estimulantes sexuais); infecções das vias respiratórias; diabetes; hipertensão arterial; hipotiroidismo; aterosclerose; traumatismos cranianos; alterações hormonais (TPM, menopausa, andropausa), ou ainda, problemas psicológicos. Por isso, só uma avaliação médica completa poderá identificar o(s) fator(es) causal(is) para direcionar melhor o tratamento”, complementa a Otorrinolaringologista.

O mito em relação ao tratamento é que muitos pensam que a solução está apenas num medicamento. Para a médica essa é uma das principais verdades que a população ainda precisa aprender. “Apesar de alguns medicamentos serem muito úteis para cortar as crises de tontura e restabelecer a qualidade de vida, corrigir as causas é fundamental para diminuir a recaída. Dependendo da causa, o melhor tratamento pode ser a correção de hábitos alimentares, o uso de medicamentos ou algumas manobras posturais. Nos casos mais difíceis, indicamos a reabilitação vestibular, que é uma sequência de exercícios específicos para recuperação do equilíbrio. Em paralelo, direcionar o paciente para um estilo de vida saudável (alimentação equilibrada + atividade física regular + controle de estresse) também costuma ser muito benéfico para o tratamento e prevenção”, finaliza.




Profa  Dra. Tanit Ganz Sanchez - Otorrinolaringologista com doutorado e livre-docência pela USP, Diretora-Presidente do Instituto Ganz Sanchez, Presidente da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido (APIDIZ), Criadora da Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido (Novembro Laranja) e do Grupo de Apoio Nacional a pessoas com Zumbido (GANZ). Assumiu a missão de desvendar os mistérios do zumbido e é pioneira nas pesquisas no Brasil, sendo reconhecida por sua didática, objetividade e compartilhamento aberto de ideias. É especialista em Zumbido, Hiperacusia, Misofonia e Distúrbios do Sono.

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