Pesquisa
da UNIFESP indica que a Labirintite atinge uma média de 33% da população. A
Dra. Tanit Ganz Sanchez, Otorrinolaringologista e presidente da APIDIZ, explica
que as causas são bem parecidas com as do zumbido no ouvido e o tratamento
depende de uma análise minuciosa do paciente.
Cerca
de 33% da população brasileira tem tontura, segundo pesquisa da UNIFESP -
Universidade Federal de São Paulo. A tontura é uma ilusão de movimento e
representa genericamente todas os tipos de desequilíbrio corporal, como
vertigem, instabilidade, desequilíbrio, flutuação, sensação de queda ou desvio
ao andar. É um sintoma desagradável por si só, mas ainda piora quando se
associa a náuseas, vômitos, zumbido, perda auditiva ou sensação de ouvido
tampado.
Muitos
acham que tontura é igual a Labirintite: Esse é um mito comum, pois a
Labirintite significa “inflamação do labirinto”, que é a região interna do
ouvido, por bactérias ou vírus. Portanto, nem toda tontura é Labirintite e o
nome correto das tonturas causadas por problemas não infecciosos do labirinto é
Labirintopatias.
Para
a Dra. Tanit Ganz Sanchez,
pesquisadora pioneira dos estudos sobre o zumbido no ouvido no Brasil há 22
anos, a labirintopatia é semelhante ao zumbido, que acomete cerca de 24% da
população. “Ambos podem
aparecer juntos e serem causados pelos mesmos problemas, como os erros
alimentares – ingestão frequente de doces, cafeína ou gorduras -, problemas de
circulação causados por diabetes, pressão alta ou colesterol, efeio colateral
de medicamentes, estresse, problemas na coluna cervical ou na mastigação, entre
outros. Além disso, uma pessoa pode ter duas ou mais causas associadas de
tontura, portanto, precisaria de uma investigação médica detalhada”,
complementa a Otorrinolaringologista.
Outro
mito é que tontura é coisa de idosos. A verdade é que pode ocorrer em homens e
mulheres de qualquer idade, inclusive crianças e adolescentes. De fato, é nos
idosos que o problema traz algo a mais: o risco de quedas, que pode trazer
consequências desastrosas. “Nas
crianças, a labirintopatia é mais disfarçada e se manifesta como medo do escuro
ou de altura, dores de barriga sem causa aparente, falta de atenção e
concentração na escola ou recusa de brincadeiras que precisam do equilíbrio:
bicicleta, pular corda ou elástico, amarelinha, parque de diversões etc”,
explica a médica.
Todo
mundo sabe que a tontura prejudica as atividades diárias, o trabalho e a
qualidade de vida. Além de incomodar, ela assusta e deixa as pessoas com medo
de fazerem as coisas sozinhas, por isso limita muito a qualidade de vida. “A tontura acontece quando algo abala a
harmonia que existe entre o labirinto, a visão e a propriocepção (receptores
nos músculos e articulações). Cada um fornece informações sobre os movimentos
corporais para o cérebro interpretar e ajustar a postura. Problemas em um deles
podem alterar o equilíbrio e causar tontura. O labirinto pode ser agredido por
várias substâncias tóxicas ao ouvido, tanto alimentares (intolerância/alergia a
doces, cafeína, gorduras, tabaco, álcool, lactose, glúten) como medicamentosas
(antibióticos, diuréticos, antinflamatórios, quimioterápicos, anticoncepcionais
ou estimulantes sexuais); infecções das vias respiratórias; diabetes;
hipertensão arterial; hipotiroidismo; aterosclerose; traumatismos cranianos;
alterações hormonais (TPM, menopausa, andropausa), ou ainda, problemas
psicológicos. Por isso, só uma avaliação médica completa poderá identificar
o(s) fator(es) causal(is) para direcionar melhor o tratamento”,
complementa a Otorrinolaringologista.
O
mito em relação ao tratamento é que muitos pensam que a solução está apenas num
medicamento. Para a médica essa é uma das principais verdades que a população
ainda precisa aprender. “Apesar
de alguns medicamentos serem muito úteis para cortar as crises de tontura e
restabelecer a qualidade de vida, corrigir as causas é fundamental para
diminuir a recaída. Dependendo da causa, o melhor tratamento pode ser a
correção de hábitos alimentares, o uso de medicamentos ou algumas manobras
posturais. Nos casos mais difíceis, indicamos a reabilitação vestibular, que é
uma sequência de exercícios específicos para recuperação do equilíbrio. Em
paralelo, direcionar o paciente para um estilo de vida saudável (alimentação
equilibrada + atividade física regular + controle de estresse) também costuma
ser muito benéfico para o tratamento e prevenção”, finaliza.
Profa
Dra. Tanit Ganz Sanchez - Otorrinolaringologista com doutorado e
livre-docência pela USP, Diretora-Presidente do Instituto Ganz Sanchez,
Presidente da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido
(APIDIZ), Criadora da Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido (Novembro Laranja)
e do Grupo de Apoio Nacional a pessoas com Zumbido (GANZ). Assumiu a missão de
desvendar os mistérios do zumbido e é pioneira nas pesquisas no Brasil, sendo
reconhecida por sua didática, objetividade e compartilhamento aberto de ideias.
É especialista em Zumbido, Hiperacusia, Misofonia e Distúrbios do Sono.
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