Estudo
mostra que a principal motivação é ensinar as crianças a
lidarem com o dinheiro. Somente 40% fazem poupança para os filhos
lidarem com o dinheiro. Somente 40% fazem poupança para os filhos
Uma das
maneiras mais conhecidas dos pais ensinarem as crianças e adolescentes a
lidarem com o dinheiro é darem uma mesada e se certificarem que os filhos sabem
administrá-la. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz
mostra que 26,3% das mães de crianças e adolescentes adotam a mesada,
em sua maioria como uma prática de educação financeira.
De
acordo com o estudo, a média da idade em que os filhos começam a receber mesada
é de nove anos e o valor médio é de R$ 123,00, sendo que 63% dessas mães dão
até R$ 100,00 por mês. Entre os principais destinos da mesada, o principal é a
compra de lanches (45,7%), seguido de reserva para comprar algo que goste muito
(39,9%), brinquedos e jogos (38,7%), e livros e revistas (36,8%). O educador
financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, ressalta que a decisão sobre o valor da
mesada é pessoal e depende da condição financeira familiar. "O mais
importante é que as mães não sacrifiquem o orçamento da casa, e sim, ofereçam
um valor compatível com a renda familiar", diz.
A
principal motivação das mães que dão mesada é ensinar os filhos a lidarem com
dinheiro (76,8%). No entanto, 26% das mães que dão mesada não controlam os
gastos. Caso a mesada acabe antes do previsto, 59,5% das mães afirmam não dar
mais dinheiro. Entre as mães que não dão mesada (48,8%), as principais
justificativas são que o filho é muito novo, principalmente entre pertencentes
às classes A e B; e que elas preferem ter o controle dos gastos - opção mais
escolhida entre as mães das classes C e D. Na média, as mães que não dão mesada
atualmente, mas pretendem dar, só farão quando os filhos tiverem 12 anos.
Há
também uma parcela de mães (12,4%) que pararam de dar mesada. Entre elas, a
restrição orçamentária / queda do rendimento familiar é o principal motivo,
mencionado por 84,6%. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti,
quando as finanças de casa ficam comprometidas, o corte realmente deve ser de
todos os lados. "Em meio à crise econômica, com alta da inflação e do
desemprego, o orçamento fica restrito e as contas básicas e mais importantes
devem ser priorizados. Na hora do aperto, é possível rever os gastos com lazer,
incluindo as mesadas", explica.
Mesada
como simulação da vida adulta
O
educador financeiro ensina que a mesada também pode ensinar bastante sobre
situações típicas da vida adulta. "Por meio dela as crianças e
adolescentes podem perceber que vários produtos custam mais caro que a renda
disponível, estimulando a busca de estratégias para realizar objetivos
maiores", diz.
Vignoli
dá dicas para que as mães passem para seus filhos e saibam usar a mesada como
uma ferramenta de educação financeira, tais como aguardar e reunir o valor de
duas ou três mesadas a fim de comprar algo mais caro que se deseja; e aprender
a pesquisar preços e até mesmo repensar a necessidade de fazer determinada
compra.
E
acrescenta: a mesada nunca deve ser utilizada como instrumento de troca em
relação aos deveres dos filhos. "Não se deve, por exemplo, condicionar o
ganho de dinheiro a bons resultados obtidos na escola ou ao cumprimento das
obrigações rotineiras em casa."
Seis
em cada dez mães não faz poupança para os filhos
O estudo
do SPC Brasil também investigou os produtos financeiros mais proporcionados
pelas famílias aos filhos. Cerca de 61,0% das mães entrevistadas não faz
poupança para os filhos. Entre as que fazem (39,2%), a principal
finalidade da reserva é financiar os estudos no futuro (40,3%) e guardar
dinheiro para algum imprevisto (25,0%).
Em
relação a outros produtos financeiros, apenas 5,4% dos filhos possuem cartão de
crédito, principalmente os adolescentes; e 7,9% têm conta corrente com cartão
de débito.
Segundo
a economista, o uso do cartão de crédito pelas crianças e jovens exige muita
atenção dos pais. "É uma modalidade de pagamento que pode ajudar se usada
com organização e controle. Os pais devem ensinar os filhos a gastarem apenas
uma parte do seu dinheiro, guardando o resto para possíveis compras futuras ou
reserva financeira. Também devem ensiná-los a acompanharem as faturas, datas de
vencimento e que nunca se deve entrar no rotativo, já que as taxas dos bancos
são extremamente altas", analisa Kawauti.
Metodologia
A
pesquisa entrevistou 843 mães das 27 capitais que possuem filhos com idade entre
dois e 18 anos. A opção por entrevistar apenas as mães se justifica porque as
crianças e adolescentes, dependendo da idade, não possuem fonte de renda. Outro
motivo foi para manter um padrão, neutralizando as diferenças que um pai e uma
mãe podem ter na relação com seus filhos. A margem de erro é de no máximo 3,4
pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.
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