Especialista
do Delboni Medicina Diagnóstica afirma que a menarca, ou primeira menstruação,
só é precoce quando acontece antes dos oito anos de idade
Existe uma preocupação exagerada com a
puberdade precoce das meninas, fazendo com que muitos pais solicitem aos
médicos a indicação de remédios para o retardamento da primeira menstruação
(menarca, no jargão médico). Estes remédios são vendidos sem prescrição nas
farmácias e, quando usados sem o acompanhamento devido, podem trazer malefícios
à saúde. É o alerta de Myrna Campagnoli, endocrinopediatra que integra o corpo clínico
do Delboni Medicina Diagnóstica.
De acordo com a médica, a puberdade precoce não
é tão frequente, entretanto, a puberdade normal tem começado cada vez mais
cedo, sendo que essas duas condições não devem ser confundidas. “Só é
considerado um caso precoce o início da puberdade antes dos oito anos”, revela.
Os principais sinais são o aumento das mamas,
pelos pubianos e axilares, odor axilar, crescimento acelerado, além de aumento
da oleosidade da pele, espinhas e acne. “Ou seja, as meninas que iniciam o
desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários com menos de oito anos
provavelmente precisarão de tratamento com medicação específica. Depois desta
idade, pode ser uma condição normal e, muitas vezes, não se faz necessário o
tratamento”, afirma.
A médica reforça que a menarca a partir dos dez
anos de idade é normal e, muitas vezes, não precisa ser postergada. “A
indicação de tratamento para retardar a puberdade e a menarca é
individualizada, pois depende de vários fatores. Esta avaliação deve sempre ser
realizada por um endocrinopediatra”, alerta. A Dra. Myrna revela que, se não
for por puberdade precoce, o tratamento para adiar a menarca só será realmente
indicado para alguns casos. “Tomar remédio para retardar a menstruação
interfere no eixo hormonal, no crescimento e no desenvolvimento da criança”.
A endocrinopediatra acredita que,
entre os vários motivos de preocupação dos pais com relação à puberdade, existem
três que são mais comuns. O primeiro, e compreensível, é que a primeira
menstruação realmente está acontecendo mais cedo do que nas gerações
anteriores. “As meninas hoje menstruam entre os dez e doze anos. Há algumas
décadas, o mais comum era acontecer entre os treze e os 16 anos. E isso
assusta alguns pais”, declara.
O segundo motivo é a ideia de que, ao atrasar a
primeira menstruação, os pais estariam favorecendo o crescimento da menina, em
termos de estatura. “Retardar a menarca nem sempre vai fazer com que a criança
cresça mais. O grande crescimento das meninas, chamado estirão, acontece antes
da primeira menstruação e os hormônios da puberdade têm papel importante neste
processo. E, ao contrário do que muitos acreditam, a menarca não significa o
fim do crescimento”, explica.
Por fim, a Dra. Myrna menciona o receio dos
pais de que a puberdade predisponha a uma sexualização precoce destas meninas.
Para proporcionar tranquilidade durante este processo, a médica sugere manter o
acompanhamento pediátrico regular e realizar os exames de rotina, conforme
solicitado pelo seu médico. Com isso, de acordo com a especialista, é possível
identificar o início do processo de puberdade e avaliar a sua normalidade. E,
se for necessário, a menina será indicada a consultar o especialista para uma
opinião mais criteriosa.
“Devemos evitar a supervalorização da estatura,
receios sociais e questões estéticas como preditores de ‘normalidade’ e
indicação de tratamento”, pondera a médica. O diagnóstico da puberdade precoce se
baseia na história clínica, no exame físico, nas dosagens hormonais basais e
seriadas (prova hormonal), e nos exames de imagem.
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