Em evento realizado
nos Estados Unidos, diversos estudos foram apresentados, ampliando as formas de
tratar os mais variados tipos de câncer
O câncer é a segunda doença que mais
causa mortes no mundo, sendo responsável por 9,6 milhões de óbitos em 2018, de
acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, uma em cada seis
mortes é relacionada à patologia. Porém, entre 30% e 50% dos casos a prevenção
é possível se forem evitados os fatores de risco comportamentais e alimentares,
como alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, falta
de atividade física e uso de álcool e tabaco.
Segundo a OMS, o câncer pode ser
reduzido e controlado por meio da implementação de estratégias baseadas em
evidências para a prevenção, a detecção precoce e o tratamento de pacientes com
a doença. Muitos tipos de cânceres têm uma alta chance de cura se detectados a
tempo e tratados adequadamente.
Mais inovação nas pesquisas e
tratamentos
No início de junho, foi realizado o
55º Encontro Anual da Sociedade
Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), em
Chicago, nos Estados Unidos, que é considerado o mais importante congresso
mundial sobre câncer. Foram apresentados estudos sobre os mais variados tipos
da doença. “Eu acompanho o
ASCO desde 1998 e vejo, claramente, uma mudança no cenário de enfrentamento da
Oncologia. Lá, podemos encontrar profissionais que passam por dificuldades
semelhantes às nossas e temos acesso a pesquisas que trazem esforços e
resultados importantes, desde a área básica da biologia molecular até a
genética”, explica Dr. Murilo Buso, oncologista e diretor do
Hospital do Câncer Anchieta (Hcan).
Estudos apresentados no ASCO 2019
Câncer de pele
O melanoma é um tipo de câncer de pele
bastante agressivo, que pode ser diagnosticado em fases mais avançadas. No
evento americano foi apresentando um estudo chamado ChecckMate 204 onde é
comprovada a eficácia da associação de imunoterapia para
o melanoma metastático para Sistema nervoso Central.
Câncer na cabeça e pescoço
Outra novidade é nos casos de câncer
de cabeça e pescoço metastático que contam agora com um novo regime de
tratamento com Pembrolizumabe isolado ou associado à quimioterapia, o
que se torna uma nova estratégia para este tipo da doença.
Câncer gástrico
Em pacientes idosos e frágeis com
câncer gástrico avançado, foi apresentada uma pesquisa com redução das doses do
tratamento que não apresentou prejuízo nos resultados. O método foi avaliado
como seguro e eficaz neste grupo.
Câncer de mama
Já no câncer de mama metastático com
os receptores hormonais positivos e terapia hormonal associada ao alvo Ribociclibe,
o estudo apresentado no ASCO 2019 demonstrou uma sobrevida global de 24% dos
casos estudados.
Câncer no ovário e útero
Um estudo para tumores de útero e
ovário do tipo carcinosarcomas demonstrou que o tratamento com quimioterapia
contendo as medicações Carboplatina e Paclitaxel passa a ser o padrão para as
pacientes em estágios iniciais e avançados.
Câncer no pâncreas
No câncer de
pâncreas metastático foi discutido o estudo POLO, que avaliou um
grupo selecionado de pacientes com uma mutação do gene BRCA. Após a
quimioterapia com platinas, tiveram benefício ao utilizar a Olaparibe como
manutenção após o tratamento convencional.
O ASCO abordou também a importância do
diagnóstico molecular na oncologia, a investigação de mutações que possam ser
alvos para tratamentos e a individualização do tratamento que proporciona uma
medicina mais personalizada. “Estar
no evento mostrou que é necessário entender que não basta apenas termos novas
tecnologias, é preciso também implantá-las de forma viável para a sociedade”,
afirma o oncologista e diretor do Hcan.
Segundo o especialista, o Brasil tem
investido na área de oncologia e Brasília está entre as cidades com excelência
em tratamentos. “O Brasil
está avançando na área oncológica, já temos um bom trabalho de prevenção e
diagnóstico. O Hcan, por exemplo, desenvolve um trabalho inovador com uma linha
de cuidado diferenciada. Nós olhamos para o paciente não para a doença. A
pessoa chega com o sintoma, é atendida, avaliada por um grupo de profissionais,
o diagnóstico é passado e em 48 horas ela já tem o estadiamento e tratamento
selecionados. O desafio do país é oferecer a mesma qualidade da rede particular
para todos que não têm um plano de saúde”, conclui Dr. Murilo Buso.