Brasil registrará 7930 novos casos em
jovens até 19 anos em 2023; Oncopediatra destaca a importância de uma linha de
cuidado que não olhe apenas para o câncer, mas também para a pluralidade dos
desafios
Diagnósticos de câncer são sempre
difíceis para o paciente e suas famílias, principalmente em casos de tumores
infantojuvenis. Pensando nisso, 15 de fevereiro, o Dia Internacional do Câncer
na Infância traz uma importante mensagem: os pais precisam ficar atentos aos
sinais e sintomas, buscando apoio especializado em caso de suspeita para que a
detecção da doença aconteça de maneira precoce e precisa.
“Comparados com casos em adultos, os tumores na infância são muito mais agressivos e evoluem com maior velocidade. Em contrapartida, a resposta às terapias costuma ser muito mais rápida, o que faz com que a maioria dos casos de câncer infantil sejam curáveis desde que haja o diagnóstico precoce e a criança seja prontamente encaminhada aos cuidados de uma equipe preparada para lidar com as especificidades da doença nos mais jovens”, explica o Dr. Sidnei Epelman, líder da especialidade de Oncopediatria da Oncoclínicas.
Considerada a primeira causa de morte
por doença em crianças (8% do total) e a segunda causa de óbito em geral, o
câncer infantojuvenil responde por 7.930 novos diagnósticos a cada ano, segundo
estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o triênio 2023-2025.
Entre os tipos mais comuns de tumores
na faixa etária até 19 anos estão: leucemia, linfoma e tumores do sistema
nervoso central. Apesar dessa classificação comum, vale lembrar que essas
doenças se diferenciam dos casos em adultos, dadas as próprias características
de desenvolvimento nessa fase da vida. Há ainda uma série de tumores mais
raros, identificados exclusivamente nos primeiros anos da criança, como o
retinoblastoma, que exigem atenção dos pais para que os sinais não passem
despercebidos
“É essencial destacar que os mais
jovens tendem a ter respostas mais positivas aos tratamentos. O importante é
garantir que tenham uma linha de cuidado que contempla não só esse olhar para o
câncer, como também para a pluralidade de desafios que a fase de crescimento
representa, garantindo a essas crianças e adolescentes as condições para se
desenvolverem de forma plena em todos os sentidos”, enfatiza o oncopediatra.
O especialista reforça ainda que a
jornada de combate ao câncer infantojuvenil contempla a realização de terapias
em centros oncológicos dedicados ao tratamento de tumores pediátricos, a
utilização de protocolos cooperativos e uma linha de cuidados de suporte,
essencial para garantir um olhar plural para as necessidades de pacientes que
estão ainda em fase de transformação e desenvolvimento, tanto físicos quanto
emocionais. “Os oncologistas pediátricos atuam, assim, em conjunto e integrados
a equipes multidisciplinares, que contam com a colaboração de cirurgiões, radioterapeutas,
patologistas, hematologistas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e
fisioterapeutas, entre outros profissionais”.
Oncologia de
Precisão é aliada
Nas últimas décadas, o tratamento e
as técnicas de diagnóstico evoluíram muito, pautados também pelo maior
conhecimento dos mecanismos genéticos que levam ao surgimento da doença. Isso
vem mudando o cenário de tratamento, com a adição de novas alternativas
terapêuticas que trazem impactos positivos na qualidade de vida desses jovens
pacientes oncológicos.
“Quando falamos de câncer infantil,
estamos nos referindo a um número grande de doenças, que são muito diferentes
entre si. Até meados dos anos 1970, crianças e adolescentes com neoplasias
recebiam o mesmo tratamento que os adultos, apesar de possuírem características
biológicas e orgânicas bem distintas. Hoje, o cenário é bem diferente, com
linhas de cuidado específicas para essa parcela dos pacientes, o que garante
mais sucesso nos resultados”, diz Sidnei Epelman.
Nesse sentido, as ferramentas,
tecnologias e inovações da Medicina de Precisão visam exatamente uma maior
assertividade e efetividade no diagnóstico. Isso possibilita tratamentos cada
vez mais personalizados, ou seja, que consigam atingir cada pessoa e sua doença
da forma mais precisa possível. O sequenciamento genético permite que seja
possível conhecer detalhadamente o tumor, sua evolução e particularidades. Com
isso, se torna possível pensar em soluções, inclusive pediátricas, para
combater essa doença com menores efeitos colaterais e de forma mais efetiva,
melhorando o prognóstico em diferentes casos e tipos de tumores.
“A análise genômica é uma das
alternativas que vem sendo usada, inclusive em casos de tumores pediátricos,
com bons resultados para a leucemia, o mais comum entre as crianças e
adolescentes, e outros tipos de tumores que afetam essa parcela da população.
Esse conhecimento científico avançado oferece um novo horizonte para a
assistência integral, completa e totalmente individualizada, que respeita as
necessidades e a história de vida de cada indivíduo”, pontua o líder da
especialidade de oncopediatria do Grupo Oncoclínicas.
Data traz alerta
para conscientização de cânceres na infância e juventude
Exatamente por estarem em fases de
grandes transformações em seus corpos, os tumores que atingem crianças e
adolescentes também se comportam de forma diferente daqueles que surgem em
adultos. Na maioria dos casos, os tumores nessa primeira fase da vida são
constituídos de células indiferenciadas, o que permite uma melhor resposta aos
tratamentos. As chances de cura, a sobrevida e a qualidade de vida são maiores
quanto mais precoce e preciso for o diagnóstico, pois apenas com essas
informações é possível determinar o tratamento mais efetivo para aquele
paciente.
A seguir, Sidnei
Epelman destaca os principais tipos de câncer que afetam crianças e
adolescentes:
Leucemia -
é o tipo de câncer mais comum na infância. Acomete a medula óssea e outros
órgãos fora da medula óssea, tais como sistema nervoso central, testículos e
olhos;
Linfomas que
atingem o sistema linfático - frequentemente afetam os gânglios
linfáticos e os tecidos linfáticos, como amígdalas ou timo. Também podem afetar
a medula óssea e outros órgãos.
Neuroblastoma -
um tipo de tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de
localização abdominal. É responsável por cerca de 6% dos cânceres infantis.
Esse tipo de câncer ocorre em lactentes e bebês, sendo raro em crianças com mais
de 10 anos;
Retinoblastoma -
tumor que atinge a retina, ou seja, o fundo do olho. Representa cerca de 2% dos
cânceres infantis. Geralmente ocorre em crianças na faixa etária de 2 anos de
idade e raramente é diagnosticado após os 6 anos. Ao direcionar uma luz ao olho
de uma criança, o normal é que a pupila apareça vermelha, devido ao sangue dos
vasos do fundo do olho. No olho com retinoblastoma, a pupila tem o aspecto
branco ou rosa. Este brilho branco no olho geralmente é percebido em fotos
tiradas com flash;
Tumor do cérebro
e sistema nervoso central - segundo tipo mais comum em crianças,
representando 26% dos cânceres infantis. Existem muitos tipos de tumores
cerebrais, com tratamento e prognóstico diferentes;
Tumor de Wilms - tem início em um dos rins, raramente afetando os dois órgãos. Mais frequentemente diagnosticado em crianças com idade de 3 a 4 anos. Representa 5% dos cânceres infantis.
Oncoclínicas&Co.
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