Irritações nas
vias respiratórias são as mais comuns; dados da OMS apontam que mais de 700
milhões de pessoas sofram de rinite e asma; médica do Hospital Paulista aponta
quais são principais dúvidas dos pacientes, além dos mitos e verdades acerca do
tema
Hoje em dia é muito raro ouvir alguma pessoa dizer
que não tem qualquer tipo alergia. Na dúvida, faça um teste com alguém ao seu
lado e pergunte. Na certa você escutará o relato de, pelo menos, uma restrição.
Algumas até questionáveis, tendo em vista os vários 'mitos' sobre o tema ainda
presentes na cultura popular. Mas é fato que, no geral, todo mundo tem (ou acha
que tem, ao menos) uma alergia para 'chamar de sua'.
Indo além do campo das impressões, entretanto, a
estimativa (científica) é que cerca de 40% da população mundial sofra com algum
tipo de alergia. O dado é da Organização Mundial de Alergia (WAO). As
respiratórias, como a asma e a rinite, são as mais recorrentes. Somadas,
atingem cerca de 700 milhões de pessoas - segundo estudos recentes da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
Essa é a razão, aliás, de a comunidade médica se
mobilizar anualmente em torno do Dia Mundial da Alergia (8 de Julho) - data
instituída pela OMS com objetivo de justamente conscientizar a população sobre
o tema. Mais do que 'achismos', é importante que as pessoas realmente estejam a
par de como lidar com essas irritações, cada vez mais presentes em nosso dia a
dia.
Mitos, verdades e as
principais dúvidas
Especialista em alergias respiratórias, a médica
otorrinolaringologista Cristiana Passos Dias Levy, do Hospital Paulista - que é
referência no atendimento especializado em ouvido, nariz e garganta - explica
que, no geral, as pessoas fazem algumas confusões em relação aos diagnósticos e
nas formas de tratamento das alergias que afetam as vias aéreas.
"É muito comum haver confusão em relação aos
sintomas de resfriado, gripe, sinusite, e muitas vezes as pessoas acabam
recorrendo a tratamentos que são ineficazes por falta de conhecimento",
observa a médica, que elencou aqui as principais dúvidas que chegam ao seu
consultório, além dos mitos e verdades que precisamos saber a respeito do
assunto.
Quais são os tipos de alergias
respiratórias, e o que provoca essas irritações?
As principais alergias respiratórias incluem a
rinite alérgica (alergia ao pólen, ácaros, pelos de animais, entre outros); a
asma (alergia que afeta as vias respiratórias); a sinusite alérgica (alergia
que afeta os seios da face) e a alergia ao mofo (fungos que crescem em
ambientes úmidos). Outros alérgenos comuns incluem fumaça, poluição e produtos
químicos.
Como podemos identificar que
estamos com alguma alergia respiratória?
Os principais sintomas de alergias respiratórias
incluem:
- Coriza (nariz escorrendo)
- Espirros frequentes
- Coceira nos olhos, nariz e garganta
- Tosse
- Olhos vermelhos e lacrimejantes
- Falta de ar ou chiado no peito (em casos de
asma)
Esses sintomas podem variar em intensidade e
duração, dependendo do tipo de alergia respiratória e da exposição aos
alérgenos.
Como podemos distinguir gripes
e resfriados de uma crise alérgica?
Gripes, resfriados e rinite alérgica são condições
diferentes, com sintomas distintos e causas diferentes. A gripe é uma
infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório. Os sintomas incluem
febre alta, dor muscular, dor de cabeça, tosse seca, dor de garganta, coriza e
mal-estar geral. A gripe geralmente dura de 5 a 7 dias e pode ser grave em
pessoas com sistema imunológico comprometido, idosos e crianças. O resfriado é
uma infecção viral menos grave que a gripe, que afeta principalmente o nariz e
a garganta. Os sintomas incluem coriza, espirros, tosse, dor de garganta e
congestão nasal. O resfriado geralmente dura de 3 a 5 dias e é mais comum
durante os meses de outono e inverno. A rinite alérgica é uma reação alérgica a
substâncias inaladas, como pólen, poeira, pelos de animais e mofo. Os sintomas
incluem coriza, espirros, coceira no nariz e nos olhos, congestão nasal e
lacrimejamento. A rinite alérgica pode ser sazonal (causada por pólen) ou
perene (causada por alérgenos presentes no ambiente durante todo o ano). Para
diferenciar essas condições, é importante observar os sintomas e o tempo de
duração. A gripe geralmente vem acompanhada de febre alta e dor muscular,
enquanto a rinite alérgica não costuma causar febre. Além disso, a gripe
geralmente dura mais tempo que o resfriado. Se você estiver com sintomas de
gripe ou resfriado, é importante ficar em casa e evitar contato com outras
pessoas para evitar a propagação do vírus. Se os sintomas persistirem ou
piorarem, procure um médico. Se você suspeita de rinite alérgica, um
otorrinolaringologista pode ajudar no diagnóstico e no tratamento
adequado.
Quais são os medicamentos
indicados para tratar alergias respiratórias?
Existem vários tipos de medicamentos disponíveis
para o tratamento de alergias respiratórias. Alguns dos mais comuns são:
- Anti-histamínicos:
são medicamentos que bloqueiam a ação da histamina, uma substância
produzida pelo sistema imunológico que desencadeia os sintomas de alergia.
Podem ser encontrados em forma de comprimidos, xaropes ou sprays
nasais.
- Corticosteroides:
são medicamentos que reduzem a inflamação e a resposta imunológica no
corpo. Podem ser encontrados em forma de comprimidos, sprays nasais ou
inaladores. São mais indicados para alergias mais graves e
persistentes.
- Descongestionantes:
são medicamentos que reduzem a congestão nasal, aliviando os sintomas como
coriza e espirros. Podem ser encontrados em forma de comprimidos, xaropes
ou sprays nasais.
- Anti
leucotrienos: são medicamentos que bloqueiam a ação dos leucotrienos,
substâncias produzidas pelo sistema imunológico que desencadeiam os
sintomas de alergia.
- Imunoterapia:
é um tratamento que envolve a administração de doses crescentes de um
alérgeno específico, a fim de ajudar o sistema imunológico a se acostumar
e reduzir a resposta alérgica ao longo do tempo.
É importante lembrar que esses medicamentos devem
ser prescritos por um médico, que avaliará o tipo e a gravidade da alergia e
indicará o tratamento mais adequado.
Se eu tenho rinite ou asma,
por exemplo, meus filhos também vão ter? É genético?
Existem evidências que sugerem uma relação genética
entre alergias. Estudos mostram que pessoas com histórico familiar de alergias
têm maior probabilidade de desenvolver alergias respiratórias, como rinite
alérgica e asma. No entanto, a genética não é o único fator que contribui para
o desenvolvimento de alergias respiratórias, além do fator genético, existem
fatores desencadeastes, como a exposição a alérgenos e o ambiente em que se
vive.
Os sintomas da rinite e da
sinusite podem ser confundidos?
Embora a rinite alérgica e a sinusite aguda possam
compartilhar alguns sintomas, como coriza e congestão nasal, é importante
diferenciá-las para que o tratamento adequado possa ser prescrito. Se você
estiver com sintomas de rinite alérgica ou sinusite aguda, é recomendado que
procure um médico para obter um diagnóstico preciso.
O frio piora os quadros de
alergias respiratórias?
O frio não piora diretamente os quadros alérgicos,
mas pode aumentar a incidência de algumas doenças respiratórias, como a rinite
alérgica e a asma. Quando a temperatura cai, as pessoas tendem a ficar mais
tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que pode aumentar a
exposição a alérgenos como ácaros, mofo e pelos de animais. Além disso, o frio
também pode ressecar as mucosas do nariz e da garganta, deixando-as mais
susceptíveis a irritações e infecções. Outro fator que pode agravar os quadros
alérgicos durante o frio é o aumento da poluição do ar, que pode irritar as
vias respiratórias e agravar os sintomas de rinite alérgica e asma. Portanto,
se você tem alergias respiratórias, é importante tomar medidas para preveni-las
durante o frio, como manter a casa limpa e ventilada, evitar ambientes com
fumaça e poluição, usar um umidificador para manter a umidade do ar e tomar os
medicamentos prescritos pelo médico para controlar os sintomas.
As crianças sofrem mais com
alergias respiratórias?
Não necessariamente. As alergias respiratórias
podem afetar pessoas de todas as idades, e não há um grupo etário específico
que seja mais propenso a desenvolvê-las. No entanto, é verdade que as alergias
respiratórias são mais comuns em crianças e jovens adultos, e que elas tendem a
diminuir com a idade. Isso pode ser devido a uma série de fatores, como a
exposição a alérgenos em ambientes escolares ou de trabalho, a mudanças
hormonais durante a puberdade, e a fatores genéticos e ambientais que podem
aumentar a suscetibilidade a alergias. Em qualquer caso, é importante que as
pessoas de todas as idades estejam cientes dos sintomas de alergias respiratórias
e procurem tratamento adequado se eles ocorrerem.
Rinite sem tratamento pode se
tornar sinusite?
A rinite é uma inflamação da mucosa nasal, enquanto
a sinusite é uma inflamação da mucosa dos seios da face. A rinite pode levar à
sinusite porque a inflamação pode se estender da mucosa nasal para os seios da
face, favorecendo uma infecção nos seios da face. Além disso, a rinite pode
causar obstrução nasal, o que pode impedir que os seios da face sejam drenados
adequadamente, levando a um acúmulo de muco, o que cria um meio propício as
bactérias que podem levar à sinusite. Por isso, é importante tratar a rinite
adequadamente para prevenir a sinusite.
Quais são os cuidados que
podemos ter em casa para evitar alergias respiratórias?
Existem diversas medidas que podem ser tomadas em
casa para ajudar a prevenir alergias respiratórias, tais como:
- Manter
a casa limpa e livre de poeira: limpar regularmente a casa com pano úmido,
aspirador de pó e evitar acúmulo de objetos que possam acumular poeira,
como tapetes, cortinas e bichos de pelúcia.
- Controlar
a umidade: manter a umidade dentro dos níveis recomendados (entre 40% e
60%) pode ajudar a evitar o crescimento de ácaros e fungos. É importante
ventilar a casa diariamente e usar desumidificadores ou aparelhos de
ar-condicionado com filtros antialérgicos.
- Evitar
fumar: o tabagismo pode irritar as vias respiratórias e desencadear
alergias respiratórias, portanto, é importante evitar fumar dentro de casa
ou estar exposto a fumaça de cigarro.
- Evitar
alérgenos: identificar e evitar os alérgenos que causam as alergias, como
pólen, mofo, ácaros e pelos de animais de estimação.
- Manter
uma alimentação saudável: uma dieta equilibrada pode ajudar a fortalecer o
sistema imunológico e reduzir a suscetibilidade a alergias.
- Higienizar
as mãos: lavar as mãos com frequência ajuda a prevenir a propagação de
germes e bactérias que podem desencadear alergias.
Em geral, os cuidados em casa
para evitar alergias respiratórias têm como objetivo manter um ambiente limpo e
saudável, reduzindo a exposição a alérgenos e irritantes. É importante lembrar
que cada pessoa pode ter necessidades específicas, e que o acompanhamento
médico é fundamental para identificar e tratar alergias respiratórias.