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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Manobras de desengasgo em crianças são atualizadas. Nova diretriz diferencia casos com leite e alimentos sólidos

Segundo o Ministério da Saúde, o engasgo é a terceira principal causa de morte acidental em crianças de até 1 ano no Brasil. Especialistas explicam o que mudou e orientam como agir diante de uma emergência.


O engasgo é uma das situações de maior risco para bebês e crianças pequenas. Dados do Ministério da Saúde revelam que a aspiração de corpo estranho, como alimentos ou líquidos, é responsável por mais de 700 internações por ano entre crianças de 0 a 4 anos no SUS, e representa a terceira maior causa de morte acidental em menores de 1 ano. Diante desse cenário, a atualização nas diretrizes para manobras de desengasgo tem grande relevância para pais, cuidadores e profissionais da saúde. 

A principal mudança trazida pelas recomendações mais recentes é a separação clara entre o que deve ser feito em casos de engasgo com leite (ou outros líquidos) e com alimentos sólidos. Segundo a Dra. Juliana Alves, pediatra e neonatologista, especializada em Pediatria Integrativa e Funcional, as manobras de compressão torácica — tradicionais em casos de engasgo — não devem mais ser realizadas em episódios com leite. 

“Mais de 90% dos casos de engasgo com leite se resolvem de forma espontânea ou com estímulos simples. Manobras agressivas nesses momentos podem agravar a situação. O ideal é manter o bebê na posição vertical e observar atentamente a respiração”, afirma a especialista. 

A pediatra Dra. Aline Piedade, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, reforça que é essencial reconhecer os sinais de gravidade. 

“Choro sem som, ausência de respiração eficaz e rosto arroxeado são indícios de obstrução total da via aérea. Nessas situações, a manobra de desengasgo deve ser iniciada imediatamente, mas apenas quando há engasgo por sólidos. Engasgos com líquidos têm outra abordagem”, alerta.


Como agir em cada situação:
 

1. Engasgo com leite ou líquidos:

  • Observe se há leite na boca do bebê e retire o excesso com cuidado;
  • Mantenha o bebê ereto e de frente para você;
  • Caso ele não respire, estimule levemente suas costas com toques gentis;
  • Se o bebê não reagir ou perder a consciência, inicie a RCP (reanimação cardiopulmonar) e acione o serviço de emergência: SAMU (192) ou Corpo de Bombeiros (193).

2. Engasgo com alimentos sólidos (obstrução total):

  • Posicione o bebê com a cabeça mais baixa que o tronco, de bruços sobre o antebraço;
  • Realize cinco compressões firmes nas costas, entre as escápulas;
  • Vire o bebê de barriga para cima e realize cinco compressões torácicas com dois dedos no centro do tórax;
  • Repita o ciclo até o objeto ser expelido ou o bebê perder a consciência — nesse caso, inicie RCP e acione ajuda imediatamente.

Importante: se a criança estiver tossindo, chorando ou emitindo sons, não se deve interferir. A tosse é a forma mais eficaz do corpo eliminar o que está obstruindo a via aérea.


O que não fazer

  • Não sacudir o bebê ou virá-lo de cabeça para baixo;
  • Não tentar retirar o objeto com os dedos;
  • Não oferecer água ou outros líquidos na tentativa de “empurrar” o que está obstruindo;
  • Não aplicar manobras se a criança estiver tossindo ativamente.

Alimentos com maior risco de engasgo

A Sociedade Brasileira de Pediatria destaca alimentos que devem ser evitados, especialmente antes dos 4 anos:

  • Uvas inteiras, ovo de codorna, mirtilos, tomates-cereja;
  • Castanhas, nozes, amendoim, pipoca;
  • Salsicha cortada em rodelas, maçã e cenoura cruas;
  • Pasta de amendoim, marshmallow e alimentos pegajosos;
  • Folhas longas como couve e repolho em tiras, macarrão espaguete.

Durante a introdução alimentar, a criança deve estar sempre sentada em cadeira adequada, com postura ereta e sem distrações. Cortes seguros dos alimentos, mastigação supervisionada e ambiente tranquilo são fundamentais. Na amamentação, recomenda-se manter o bebê com a cabeça mais elevada que o tronco e observar se há engasgos frequentes, o que pode indicar necessidade de avaliação pediátrica e fonoaudiológica.

“É fundamental que pais e cuidadores façam cursos de primeiros socorros com foco em bebês e crianças. Saber agir com calma e segurança pode salvar vidas”, reforça Dra. Juliana Alves.

Além dos treinamentos oferecidos por hospitais, Cruz Vermelha e algumas escolas, o SAMU (192) também oferece capacitações em algumas regiões. Em qualquer situação grave — engasgo, parada cardíaca, afogamento, queimaduras ou traumas — é fundamental acionar o serviço de emergência, que poderá orientar o socorro em tempo real.

 



DRA . JULIANA ALVES BARRETO RIBEIRO - CRM 112646 @DRAJUALVES - Formada na Faculdade de Ciências Médicas de Santos; Residência médica em pediatria e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP; Título de Especialista em Pediatria ( TEP) pela SBP, Título de Especialista em neonatologia ( TEN) pela SBP, Pós graduação em neonatologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein; Atuou como médica pediatra e neonatologista no Hospital das Clínicas ( HCFMUSP) de 2008-2012; Atuou como pediatra e neonatologista no Hospital São Luiz de 2009-2019

Dra Aline Piedade -NCRM 155605 @dicasdeumamaepediatra - Formada pela Universidade de Taubaté; Residência médica em Pediatria na Santa Casa de São Paulo Especialização em Gastroinfantil também na Santa Casa de São Paulo; Título de Especialista em Pediatria pela SBP ; Pós graduação em Nutrição Pediátrica pela Boston University school of Medicine; Educadora parental em disciplina positiva pela PDA. Proprietária da clínica infantil Bem me Quer , aonde atende os pequenos há 7 anos.

www.bemmequerclinicainfantil.com.br


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