Segundo o Ministério da Saúde, o engasgo é a
terceira principal causa de morte acidental em crianças de até 1 ano no Brasil.
Especialistas explicam o que mudou e orientam como agir diante de uma
emergência.
O engasgo é uma das situações de maior risco para bebês e crianças pequenas.
Dados do Ministério da Saúde revelam que a aspiração de corpo estranho, como
alimentos ou líquidos, é responsável por mais de 700 internações por ano entre
crianças de 0 a 4 anos no SUS, e representa a terceira maior causa de morte
acidental em menores de 1 ano. Diante desse cenário, a atualização nas
diretrizes para manobras de desengasgo tem grande relevância para pais,
cuidadores e profissionais da saúde.
A
principal mudança trazida pelas recomendações mais recentes é a separação clara
entre o que deve ser feito em casos de engasgo com leite (ou outros líquidos) e
com alimentos sólidos. Segundo a Dra. Juliana Alves, pediatra e neonatologista,
especializada em Pediatria Integrativa e Funcional, as manobras de compressão
torácica — tradicionais em casos de engasgo — não devem mais ser realizadas em
episódios com leite.
“Mais
de 90% dos casos de engasgo com leite se resolvem de forma espontânea ou com
estímulos simples. Manobras agressivas nesses momentos podem agravar a situação.
O ideal é manter o bebê na posição vertical e observar atentamente a
respiração”, afirma a especialista.
A
pediatra Dra. Aline Piedade, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria,
reforça que é essencial reconhecer os sinais de gravidade.
“Choro
sem som, ausência de respiração eficaz e rosto arroxeado são indícios de
obstrução total da via aérea. Nessas situações, a manobra de desengasgo deve
ser iniciada imediatamente, mas apenas quando há engasgo por sólidos. Engasgos
com líquidos têm outra abordagem”, alerta.
Como agir em cada situação:
1. Engasgo com leite ou líquidos:
- Observe se há leite na boca do bebê e retire o excesso com cuidado;
- Mantenha o bebê ereto e de frente para você;
- Caso ele não respire, estimule levemente suas costas com toques
gentis;
- Se o bebê não reagir ou perder a consciência, inicie a RCP
(reanimação cardiopulmonar) e acione o serviço de emergência: SAMU (192)
ou Corpo de Bombeiros (193).
2. Engasgo com alimentos sólidos (obstrução total):
- Posicione o bebê com a cabeça mais baixa que o tronco, de bruços
sobre o antebraço;
- Realize cinco compressões firmes nas costas, entre as escápulas;
- Vire o bebê de barriga para cima e realize cinco compressões
torácicas com dois dedos no centro do tórax;
- Repita o ciclo até o objeto ser expelido ou o bebê perder a
consciência — nesse caso, inicie RCP e acione ajuda imediatamente.
Importante:
se a criança estiver tossindo, chorando ou emitindo sons, não se deve
interferir. A tosse é a forma mais eficaz do corpo eliminar o que está
obstruindo a via aérea.
O que não fazer
- Não sacudir o bebê ou virá-lo de cabeça para baixo;
- Não tentar retirar o objeto com os dedos;
- Não oferecer água ou outros líquidos na tentativa de “empurrar” o
que está obstruindo;
- Não aplicar manobras se a criança estiver tossindo ativamente.
Alimentos com maior risco de engasgo
A
Sociedade Brasileira de Pediatria destaca alimentos que devem ser evitados,
especialmente antes dos 4 anos:
- Uvas inteiras, ovo de codorna, mirtilos, tomates-cereja;
- Castanhas, nozes, amendoim, pipoca;
- Salsicha cortada em rodelas, maçã e cenoura cruas;
- Pasta de amendoim, marshmallow e alimentos pegajosos;
- Folhas longas como couve e repolho em tiras, macarrão espaguete.
Durante
a introdução alimentar, a criança deve estar sempre sentada em cadeira
adequada, com postura ereta e sem distrações. Cortes seguros dos alimentos,
mastigação supervisionada e ambiente tranquilo são fundamentais. Na
amamentação, recomenda-se manter o bebê com a cabeça mais elevada que o tronco
e observar se há engasgos frequentes, o que pode indicar necessidade de avaliação
pediátrica e fonoaudiológica.
“É
fundamental que pais e cuidadores façam cursos de primeiros socorros com foco
em bebês e crianças. Saber agir com calma e segurança pode salvar vidas”,
reforça Dra. Juliana Alves.
Além
dos treinamentos oferecidos por hospitais, Cruz Vermelha e algumas escolas, o
SAMU (192) também oferece capacitações em algumas regiões. Em qualquer situação
grave — engasgo, parada cardíaca, afogamento, queimaduras ou traumas — é
fundamental acionar o serviço de emergência, que poderá orientar o socorro em
tempo real.
DRA . JULIANA ALVES BARRETO RIBEIRO - CRM 112646 @DRAJUALVES - Formada na Faculdade de Ciências Médicas de Santos; Residência médica em pediatria e neonatologia pela Faculdade de Medicina da USP; Título de Especialista em Pediatria ( TEP) pela SBP, Título de Especialista em neonatologia ( TEN) pela SBP, Pós graduação em neonatologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein; Atuou como médica pediatra e neonatologista no Hospital das Clínicas ( HCFMUSP) de 2008-2012; Atuou como pediatra e neonatologista no Hospital São Luiz de 2009-2019
Dra Aline Piedade -NCRM 155605 @dicasdeumamaepediatra - Formada pela Universidade de Taubaté; Residência médica em Pediatria na Santa Casa de São Paulo Especialização em Gastroinfantil também na Santa Casa de São Paulo; Título de Especialista em Pediatria pela SBP ; Pós graduação em Nutrição Pediátrica pela Boston University school of Medicine; Educadora parental em disciplina positiva pela PDA. Proprietária da clínica infantil Bem me Quer , aonde atende os pequenos há 7 anos.
www.bemmequerclinicainfantil.com.br
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