Especialista
explica como notícias falsas afetam a saúde mental e física de crianças e
adolescentes
As fakes news (ou informações sem nenhum embasamento
comprovado), infelizmente, já fazem parte do nosso dia a dia e se tornaram um
desafio crescente principalmente com a velocidade da evolução das tecnologias
de inteligência artificial.
E, se os adultos já sofrem com a quantidade e veracidade
dos conteúdos, esse cenário é ainda mais impactante na saúde de crianças e
adolescentes. “Os responsáveis devem estar atentos ao que esse público consome na
internet, afinal, eles ainda estão em desenvolvimento e precisam de orientação
para conseguir filtrar tanta informação”, explica a coordenadora de psicologia
do Sabará Hospital Infantil, Cristina Borsari.
Segundo dados da pesquisa TIC KIDS ONLINE BRASIL 2019 (sobre o Uso da Internet
por Crianças e Adolescentes no Brasil), de 2024, 93% da população
brasileira de 9 a 17 anos é usuária de Internet, o que representa 24,5 milhões
de pessoas. Pensando na importância de informar
pais e responsáveis sobre a saúde das crianças e adolescentes que o Sabará
Hospital infantil promove, pelo terceiro ano consecutivo, a campanha “Sabará
contra as fakes news na pediatria”.
Não só a saúde física, mas a saúde mental de crianças e
adolescentes tem tomado cada vez mais espaço na discussão entre educadores,
profissionais da saúde e responsáveis, a psicóloga Cristina Borsari, abordará
algumas fake news apresentadas sobre esse assunto.
As crianças entendem muito de tecnologia dificilmente
cairão em fake news.
Essa é um dos maiores enganos da atualidade. A influência
que alguns conteúdos tendem a gerar podem impactar negativamente nas percepções
e comportamentos desses jovens. Entre os exemplos ruins que eles podem correr,
podemos citar as fraudes online ou algumas trends que são feitas por jovens que
colocam a própria vida em risco.
As redes sociais estão cheia de depoimentos verdadeiros
que trazem tratamentos sérios para saúde mental.
Deve se ter muito cuidado com o que se vê e acompanha nas
redes sociais. No que tange a saúde física ou emocional, cada indivíduo é único
e não pode utilizar de uma história uma verdade absoluta para todo mundo.
Então, os sintomas e características até podem ser parecidas, mas é importante
procurar um especialista antes de iniciar qualquer tratamento.
Entrei nas redes sociais, vi um medicamento bem
recomendado em alguns vídeos e não vi problema em dar para ele.
Isso é muito perigoso para a saúde de qualquer pessoa, principalmente
em quem ainda está em fase de desenvolvimento. Os pais não devem de maneira
alguma medicar seus filhos sem o acompanhamento de um médico especialista. Se
percebeu algum sintoma que tenha se repetido de maneira frequente, o ideal é
procurar um pediatra que irá lhe indicar um especialista para o caso da
criança.
Ansiedade entre crianças e adolescentes é frescura da
idade ou uma maneira de chamar atenção.
A ansiedade infantil é tão comum e tão prejudicial quanto
as que os adultos sentem. Um primeiro dia de aula em uma nova escola, início de
um namoro, alguma competição ou até por conta de em uma viagem de férias eles
podem desencadear sintomas como falta de apetite, irritabilidade ou queda no
rendimento escolar. Os responsáveis devem estar sempre atentos, manter uma
relação de conversa com eles para que, caso os sintomas persistam procurem por
um especialista.
Não existe depressão em criança.
Claro que o público dessa faixa etária pode passar por
essa condição. Nem sempre a depressão é caracterizada apenas por um isolamento
social. Apesar de esse ser o principal traço, os sintomas podem variar de
acordo com a intensidade e forma que a criança ou o adolescente está sentindo
como, por exemplo, dificuldades para dormir, irritabilidade, não querer brincar
com outras crianças, tristeza profunda, entre outros. É preciso estar atento.
Toda terapia via internet é ruim.
Desde a pandemia essa têm sido uma prática muito comum. O
essencial é que os responsáveis, respeitando a privacidade da sessão da criança
ou adolescentes, tenham certeza de que ele está compartilhando seus
questionamentos com um profissional e não com uma plataforma digital. Muitos
jovens têm utilizado a tecnologia para fazer terapia sem nenhum acompanhamento
de um adulto, o que além de trazer perigo pode gerar ainda mais dúvidas.
“Devemos lembrar sempre que as crianças e
adolescentes ainda estão em fase de maturação cognitiva, portanto, na
maioria das vezes não tem capacidade crítica plenamente desenvolvida. Como
estão nessa fase de desenvolvimento do intelecto eles se tornam mais
vulneráveis e suscetíveis à manipulação. Por isso, é importante supervisionar o
que consomem na internet, acompanhá-los sempre de perto, observar o
comportamento e as suas interações durante as conversas, as relações
sociais e quando perceber que há algo errado, procurar um psicólogo”,
finaliza a especialista.
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