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Para garantir segurança à própria saúde, pacientes devem buscar informações de fontes confiáveis, em conteúdos recomendados ou produzidos por especialistas Envato |
O
acesso à informação tornou-se um importante aliado da saúde global, permitindo
que milhares de pessoas ampliem seu conhecimento sobre sintomas, prevenção e
cuidados com doenças. Entretanto, a desinformação continua sendo um grande
desafio para os profissionais da área. Segundo o Instituto Locomotiva, 88% dos
brasileiros já acreditaram em fake news pelo menos uma vez.
Outro
levantamento, realizado pelo Poynter Institute for Media Studies, revela que
43% dos internautas não verificam a veracidade das notícias antes de
compartilhá-las. Os impactos dessa prática ficaram evidentes durante a pandemia
de covid-19, quando boatos sobre vacinas, tratamentos e até sobre a existência
do vírus dificultaram o trabalho de médicos e cientistas.
A
desinformação não gera apenas confusão, mas também prejudica a relação entre
médico e paciente. A clínica e coordenadora médica do Hospital São Marcelino
Champagnat, Maria Fernanda Carvalho, alerta que a ausência de fontes seguras
pode comprometer diagnósticos e tratamentos. “Informações incorretas podem
causar erros tanto na identificação da doença quanto na escolha do método
utilizado no tratamento. Por isso, é essencial que o paciente procure sempre
fontes que disponham de informações de confiança, de preferência indicadas por
especialistas, para evitar erros e garantir a segurança necessária para a
própria saúde", afirma.
Autodiagnóstico: um risco crescente
Nos
últimos anos, a internet se consolidou como o principal meio para quem busca
respostas rápidas sobre sintomas e doenças. Apesar da vasta quantidade de
conteúdos disponíveis, nem todos são confiáveis, e orientações equivocadas
podem trazer consequências graves para a saúde pública. A prática de recorrer
ao chamado “Dr. Google” preocupa especialistas, já que frequentemente os
materiais encontrados não possuem embasamento científico.
"Procurar
diagnósticos ou tratamentos on-line, sem orientação adequada, pode prejudicar
tanto a saúde física quanto a mental", explica a médica. "Dependendo
das expectativas criadas pelo paciente em relação ao que lê, pode ocorrer piora
ou até o desencadeamento de transtornos psicológicos", completa.
Um
reflexo direto desse comportamento é o aumento dos autodiagnósticos. Uma
pesquisa da Medscape, com 1.279 médicos brasileiros em atividade, revelou que
83% deles consideram alto o risco quando pacientes utilizam inteligência
artificial para se autodiagnosticar.
“Esse fenômeno tem se tornado cada vez mais comum, especialmente no campo das doenças mentais, com pessoas afirmando possuir transtornos psiquiátricos sem confirmação médica”, observa Maria Fernanda. “No caso do TDAH, milhares se autodiagnosticam com base em conteúdos sem rigor científico, fazendo com que muitos acreditem possuir uma patologia que, na verdade, não têm”, avalia.
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Projeto "E aí, Doutor?", que fornece informações seguras à população, já impactou mais de três milhões de usuários nas redes sociais em 121 edições Divulgação |
Profissionais e hospitais na linha de frente
Diante
do fácil acesso a todo tipo de informação, o papel dos profissionais de saúde
se torna ainda mais relevante — não apenas no atendimento, mas também na
conscientização sobre o consumo responsável de informações. "O papel do
profissional de saúde está em educar, ensinar e compartilhar conhecimento
baseado em evidências científicas", reforça a médica. "Hoje o
paciente tem um papel ativo no seu próprio cuidado, portanto é essencial que busque
referências recomendadas por especialistas."
Hospitais
também têm realizado ações para combater esse problema. No Hospital São
Marcelino Champagnat, o projeto E
aí, Doutor?, lançado em 2022, leva informações seguras à população.
“Produzimos vídeos no formato de perguntas e respostas, nos quais especialistas
esclarecem dúvidas frequentes sobre diversos temas de saúde”, explica a gerente
de Marketing dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, Ana
Paula Tabor Druszcz.
“Essa
iniciativa reforça nosso compromisso com a medicina de excelência e mostra que,
quando os hospitais produzem e divulgam conteúdos de qualidade, é possível
garantir o acesso da população a informações seguras, evitando que conteúdos
incorretos prejudiquem o bem-estar das pessoas”, comenta.
Entre
2022 e 2025, o projeto já impactou mais de três milhões de usuários nas redes
sociais, em 121 edições que abordaram 20 especialidades médicas. "A informação
qualificada é fundamental para decisões mais seguras. Ao trabalhar com dados
embasados em evidências, promovemos conscientização e reduzimos a
desinformação", finaliza Ana.
Hospital Universitário
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