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quinta-feira, 18 de maio de 2023

Levantamento de histórico familiar pode atuar no diagnóstico precoce de câncer de ovário

 Fator genético é responsável por 5% a 10% dos casos da doença que é considerada a mais letal entre os tumores ginecológicos


Estima-se que surgirão mais de 7 mil novos casos de câncer de ovário por ano no Brasil, de acordo com o INCA[1]. Apesar de esse não ser o tumor ginecológico mais comum, ele é o mais letal: anualmente, o número total de óbitos (3.921) chega a ser maior do que a metade do número de casos[2]. A descoberta tardia contribui para essa realidade, já que 75% das mulheres são diagnosticadas em estágio avançado[3], o que diminui significativamente as chances de cura. Embora não exista uma causa evidente para o surgimento do câncer de ovário, existem alguns fatores de risco identificáveis, entre eles, o fator genético, responsável por 5% a 10% dos casos[4]. O Mês de Combate ao Câncer de Ovário, visa promover conscientização sobre a doença e alertar mulheres a cuidarem da sua saúde.

Silencioso e de diagnóstico precocemente desafiador, o câncer de ovário não apresenta sintomas em fases iniciais². “Inchaço e dor abdominal, perda de apetite e de peso, fadiga e mudanças no hábito intestinal e urinário são alguns dos sintomas do câncer de ovário, mas que, geralmente, aparecem quando a doença já está em estágios mais avançados. Por isso, identificar fatores de risco é uma alternativa que pode contribuir para o diagnóstico precoce da doença”, explica Dra. Mariana Scaranti, oncologista clínica da Dasa.  

O surgimento dessa doença está relacionado, em alguns casos, a alterações nos genes herdados dos pais, o que é conhecido como mutação genética. Mulheres com mutação no gene BRCA1 apresentam entre 20% e 60% de chance de desenvolver câncer de ovário até os 70 anos de idade4. Já as que têm mutação no gene BRCA2, o risco é menor, de 10% a 35%4. Esses genes quando alterados também estão relacionados a um risco maior de desenvolver câncer de mama, próstata e pâncreas.

Conhecer o histórico familiar e o subtipo molecular da doença é fundamental para um tratamento personalizado, que visa reduzir os riscos de progressão da doença e de morte e aumentar a sobrevida das pacientes. “Hoje toda mulher com câncer epitelial de alto grau de ovário tem indicação de avaliação genética. O tratamento dependerá do estágio em que a doença foi descoberta. Cirurgia, quimioterapia, e terapia-alvo são algumas das opções disponíveis. Para um tratamento mais assertivo, a realização de teste genético é fundamental e ao encontrar alguma mutação em BRCA1 ou 2 podemos estabelecer medidas redutoras de risco e seguimento individualizado para proteger as gerações futuras”, esclarece oncologista. 

O risco de desenvolver câncer de ovário, no entanto, não está somente relacionado ao histórico familiar entre mulheres que têm parentes de primeiro grau, como mãe, irmã ou filha com câncer de ovário ou de mama. “A obesidade e o próprio envelhecimento da população são fatores de risco. É importante manter atenção ao peso e praticar atividade física. Pílulas anticoncepcionais e gestações são fatores que parecem reduzir o risco de desenvolver câncer de ovário”, complementa Scaranti.  

Estar atenta aos fatores de risco, cuidar da saúde e buscar ajuda médica em caso de sintomas para realizar exames como ultrassom transvaginal e exame de sangue do marcador CA-125, em caso de suspeita de câncer de ovário, pode contribuir para o diagnóstico precoce do câncer e mudar o cenário da doença, já que 94% das pacientes vivem mais de cinco anos após o diagnóstico[5].

 

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[1] INCA. Brasil - estimativa dos casos novos. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa/estado-capital/brasil. Acesso em: 18 de abril de 2023.

[2] INCA. Câncer de Ovário. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/ovario. Acesso em: 18 de abril de 2023.

[3] Oncoguia. 75% dos diagnósticos de câncer de ovário chegam tardiamente. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/75-dos-diagnosticos-de-cancer-de-ovario-chegam-tardiamente/15603/7/. Acesso em: 18 de abril de 2023.

[4] Vencer o Câncer. Câncer de ovário | Fatores de risco. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario-o-que-e/cancer-de-ovario-fatores-de-risco/. Acesso em 18 de abril de 2023.

[5] Oncoguia. Detecção precoce do câncer de ovário. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/deteccao-precoce-do-cancer-de-ovario/1783/229/#:~:text=Os%20dois%20exames%20mais%20utilizados,se%20%C3%A9%20maligna%20ou%20benigna. Acesso em: 18 de abril de 2023.



19 de maio, Dia Nacional de Combate à Cefaleia

3 é demais: conheça a Campanha Nacional de Combate às Cefaleias

 

Sentir a cabeça doer é uma experiência comum a quase todos nós. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC), 95% das pessoas terão ao menos um episódio de dor ao longo de suas vidas. Em torno de 70% das mulheres e 50% dos homens passam por isso uma vez ao mês, no mínimo. São os casos classificados como enxaqueca crônica, doença que chega a ser incapacitante, prejudicando ou até mesmo impedindo a realização de atividades rotineiras.

Os especialistas em neurologia, com o intuito de alertar a população quanto às dores de cabeça, orientar sobre os riscos e as formas de prevenção, promovem anualmente o Mês e o Dia Nacional de Combate à Cefaleia – sempre em maio, sempre no dia 19. Nessa data, a propósito, foi fundada a SBC.

Para amplificar as falas dos médicos, em 2023 a Sociedade vem promovendo a campanha “3 é demais”. “Se alguém enfrenta mais de três crises por mês, por mais de três meses, deve procurar um especialista imediatamente e começar a tratar a dor de cabeça”, adverte o dr. Marcelo Ciciarelli, que integra a Sociedade Brasileira de Cefaleia e coordena o Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

“Queremos destacar que a enxaqueca, apesar de não ter cura, tem tratamento. E é fundamental buscá-lo no momento certo: quando as crises passam de três vezes ao mês, não quando há dor todos os dias. Nesse caso, já existe a indicação do tratamento profilático, ou tratamento preventivo, que objetiva reduzir a frequência e a intensidade das crises, e previne a progressão da doença”, explica Marcelo.

A ação também enfatiza que a automedicação é contraindicada, uma vez que o uso constante e excessivo de analgésicos pode tornar crônica a dor que se manifestava apenas esporadicamente.

Além da campanha, acontecerá ainda uma série de palestras online voltadas para o público leigo. De 19 a 26 de maio, a partir das 19h, neurologistas se reunirão em webinars para abordar diversas ramificações do tema, como definição, epidemiologia e diagnóstico da enxaqueca, cefaleia do tipo tensão, cefaleia e sono, cefaleia e atividade física, cefaleia na emergência, mudança do estilo de vida e outras. “A população ficará bem informada”, garante Marcelo. A programação, que é imperdível, tem o apoio da ABN.

 

Mudança de hábitos

         O isolamento durante a pandemia de Covid-19 transformou hábitos e fez crescerem as queixas de inúmeros pacientes – afinal, um indivíduo com cefaleia não pode sair muito da rotina. É o que conta Célia Roesler, também membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia e titular da Academia Brasileira de Neurologia. “As pessoas seguem comendo diferente, com o sono desregulado, ingerindo alimentos mais calóricos e não estão se exercitando. Além disso, há o estresse inerente a nossas correrias e problemas.”

         Célia recomenda “Fazer meditação, alongamento, pegar quinze minutos de sol para ajudar a sincronizar o sono, procurar dormir nos horários de costume, alimentar-se de forma regrada, fazer atividade física regular e terapia cognitiva comportamental. Tudo isso pode evitar a piora do quadro”.


Dengue: retorno de cepas acende alerta para aumento de casos graves e traz dúvidas sobre melhor momento para buscar atendimento

 Brasil já registrou quatro casos de sorotipo 3, que não era diagnosticado desde 1996 no país


Depois de sete anos sem sorotipo 3 da dengue no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou quatro casos de pessoas infectadas com esse tipo no país, um deles em Curitiba, no Paraná. Segundo a instituição, a doença foi importada, visto que a pessoa diagnosticada havia viajado para o Suriname, onde pode ter contraído a dengue. Os outros três casos foram autóctones do estado de Roraima, com pacientes que não tinham histórico de viagens. 

Para o infectologista do Hospital São Marcelino Champagnat, Bernardo Almeida, a volta do sorotipo 3 acende o alerta para casos graves da doença. “A preocupação é porque essa cepa da dengue não circula intensamente há muito tempo e grande parte da população não possui imunidade para esse sorotipo. Com mais de uma cepa circulando, aumentam as chances de  reinfecção e incidência de casos graves, comprovados pelos oito óbitos já registrados no Paraná”. 


Fases da dengue

A dengue tem três estágios importantes que devem ser observados. O primeiro, chamado de febril, dura de três a sete dias e o principal sintoma é a febre, mas que vem acompanhado de dor de cabeça, no fundo dos olhos, vômito, dor no corpo, articular e eventualmente manchas na pele. A segunda fase é conhecida como crítica e nem todos chegam. Nela estão as manifestações hemorrágicas, sangramentos e choque, que é quando a pressão arterial cai a níveis críticos e dura normalmente três dias, mas pode chegar a mais tempo em pessoas que acabam internadas. A última fase é a de recuperação que dura de dois a quatro dias e é marcada pelo cansaço e fadiga.

“O momento certo de pessoas com suspeita de dengue procurarem um hospital é na segunda fase e pode ser monitorada pelo paciente ou cuidador. Principalmente, se surgirem dor abdominal intensa, vômito persistente e sangramentos nas fezes ou gengiva, grande irritabilidade e mais sono do que o normal e ainda quando tem queda na pressão mesmo deitado ou em pé”, explica o infectologista. “O tratamento é basicamente suporte com medicações como anti térmico e analgésicos, além de hidratação”, complementa.


Optometrista destaca os principais erros cometidos ao cuidar da saúde visual

 Profissional recomenda cuidados e fala a respeito de mitos e curiosidades sobre o olho

 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que cerca de 50 milhões de brasileiros possuem algum tipo de distúrbio visual e, diante do número expressivo, o professor e parceiro do Conselho Regional de Óptica e Optometria do Estado de São Paulo (CROOSP),  Marcelo Santana, traz informações importantes sobre mitos e cuidados da saúde da visão. 

 

Optometrista expõe mitos e recomenda cuidados 

Cuidar da saúde visual é fundamental para manter uma boa visão ao longo da vida, o que exige algumas práticas e hábitos. Muitos mitos e desinformações circulam pela sociedade, distorcendo e prejudicando o cuidado. 

Para esclarecer dúvidas,  facilitar o entendimento e garantir uma saúde visual de qualidade, Marcelo Santana começa dizendo que a nossa visão possui muitas fases entre o nascimento até a terceira idade e, nesse período, é dever do optometrista dar dicas e orientações sobre postura, exercícios e cuidados visuais, para aumentar a produtividade da visão com mais segurança. 

Também é papel do profissional alertar sobre mitos que circulam no gabinete optométrico, e algum deles que Marcelo expõe são:

 

1 – “Estraguei a minha visão por ler em ambientes com pouca iluminação”. O máximo que pode ocorrer na leitura com pouca iluminação é cansar a visão, e não danos permanentes.


2 – “Estou viciada nos óculos, agora não vivo sem eles”. O cérebro sempre busca padrões. Ele compara a imagem com e sem os óculos, percebendo um padrão de percepção melhor com a correção. Por isso é importante usar os óculos, pois uma boa visão evita acidentes.


3 – “Vou comer muitas cenouras para melhorar a visão.” Sabemos que a cenoura tem vitamina A, mas comer muitas cenouras não indica significativamente uma melhora da visão.

 

Principais erros ao cuidar da saúde visual

Diferentemente do que muitos pensam, quem enxerga é o cérebro, não o olho. Marcelo explica que “os olhos são apenas uma “antena” que capta as informações e envia para o córtex occipital (parte posterior do cérebro), e o córtex interpreta essa informação. Quando observamos algo (leitura ou um rosto), os olhos fazem movimentos chamados de sacadas, que, a grosso modo, seria uma varredura (de um ponto para o outro)”.

Entre as desinformações, há muitos erros cometidos ao tentar cuidar da saúde da visão e o professor pontua os principais:

 

1 – Não fazer exame de vista regularmente com o optometrista. O profissional optometrista vai avaliar a visão (o ato de enxergar), a condição binocular (se os dois olhos estão trabalhando de forma sincrônica) e prevenção da saúde ocular (orientando a busca de um profissional médico).


2 - Usar óculos de sol apenas na primavera ou verão. Apesar dos dias nublados, os raios nocivos (emitidos pelo sol) ultrapassam as nuvens durante o dia. Esses raios podem causar catarata, o surgimento ou aumento do pterígio, sensibilidade  à luz (fotofobia). Por isso, é recomendado usar óculos de sol continuamente.


3 - Ao perceber olhos vermelhos usar colírio. Os olhos vermelhos possuem muitas causas: esforço visual (precisando apenas dos óculos), rinite, exposição por muito tempo em telas de computador, dentre outras causas. O optometrista irá prescrever as correções adequadas ou encaminhar para outros profissionais da saúde ou médico.


 

Anvisa reconhece a legalidade da profissão 

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) reafirma a legalidade de optometristas de nível superior estabelecerem local de trabalho para atender pacientes e que estão autorizados a prescrever óculos e lentes de contato. 

Por meio do Ofício Circular n° 4/2023/SEI/GGTES/DIRE3/ANVISA, a ANVISA reiterou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) proferida nos autos da ADPF 131, determinando que todas as autoridades sanitárias do país fossem comunicadas da validade imediata e vinculante da ordem emanada pela Suprema Corte.

 

CROOSP - Conselho Regional de Óptica e Optometria do estado de São Paulo



Entenda o que é Diabetes Gestacional e a diferença da gestação de uma mulher com diabetes

 Especialista explica sobre a doença e os pontos de atenção para as grávidas  

 

A diabetes gestacional é uma condição que afeta mulheres durante a gravidez, elevando os níveis de açúcar no sangue e trazendo riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Apesar de ser uma considerada comum, ela pode ser prevenida e controlada com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. 

A gestação é um momento delicado em que o corpo passa por diversas mudanças hormonais e fisiológicas, o que pode afetar o metabolismo da glicose e levar ao desenvolvimento da diabetes gestacional. Quando não tratada, essa condição pode causar problemas como o crescimento excessivo do feto, complicações na gestação e no parto, e até mesmo a ocorrência de diabetes tipo 2 no futuro. 

Por isso, é fundamental que as mulheres grávidas realizem exames regulares para identificar precocemente a diabetes gestacional e iniciar o tratamento adequado. Mudanças na alimentação, prática de exercícios físicos e, em alguns casos, medicamentos são algumas das opções de tratamentos disponíveis para garantir a saúde da mãe e do bebê. Para saber mais sobre, consultamos o especialista da Allure Presses (@allurepresses), confira: 

Francisco Tostes (@doutortostes), médico endocrinologista e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), diz que o diagnóstico precoce da diabetes gestacional para a saúde da mãe e do bebê é importante pois o diabetes gestacional está associado a várias complicações como pré-eclâmpsia (aumento da pressão arterial da mãe), parto prematuro, macrossomia fetal com traumas e lesões no bebê na hora do parto, além de hipoglicemia fetal. O acompanhamento adequado reduz o risco de morte da mãe e do bebê. 

De acordo com ele, o acompanhamento da glicemia durante a gestação é recomendado por meio de um screening universal com curva glicêmica entre 24-28 semanas de gestação, período a partir do qual o controle da glicose é crítico para a saúde da gestante e do feto.

 

·         Fatores de risco para o desenvolvimento da diabetes gestacional 

- Mulheres a partir dos 40 anos;

- Portadoras da Síndrome de Ovário Policístico;

- História de diabetes gestacional ou macrossomia fetal em gravidez anterior;

- Sobrepeso ou obesidade;

- Parente de 1 grau com diabetes.

 

·         Tratamento e controle da glicemia  

Francisco aponta que ao receber o diagnóstico de diabetes gestacional, a mulher é aconselhada a realizar uma monitorização frequente (algumas vezes ao dia) da sua glicose através daqueles testes de ponta de dedo (glicemia capilar). Inicialmente, orientações na alimentação e inclusão/intensificação dos exercícios físicos são oferecidas e, caso não seja suficiente, inicia-se o tratamento farmacológico, usualmente com insulina. 

 

·         Riscos para o bebê 

Além das consequências já mencionadas que ocorrem na gravidez e no parto, essas crianças possuem maior risco de desenvolver obesidade, diabetes e síndrome metabólica no futuro. Por isso, é importante manter a glicose materna controlada durante a gestação. Sobre o acompanhamento do bebê após o nascimento em casos de mães que tiveram diabetes gestacional, o médico aponta que não é necessário nenhum teste ou exame adicional ao calendário já preconizado.

 

·         Prevenção 

Para reduzir o risco de diabetes gestacional, é aconselhável evitar a gestação tardia, o sedentarismo e o excesso de peso.

 

·         Relação com diabetes tipo 2 

Tostes diz que aumentam os riscos para a mãe e para o bebê e, para minimizar esse risco, é fundamental realizar o controle rigoroso da glicose durante a gravidez. Além disso, a partir de um diagnóstico de diabetes gestacional, é aconselhável que hábitos saudáveis, como a prática de atividade física e alimentação saudável, estejam presentes nas vidas de ambos.

 

·         Alimentação como modo de prevenção 

É importante evitar o consumo de alimentos processados e ultraprocessados, que possuem alta densidade calórica e alto teor de sódio como enlatados, biscoitos e salgadinhos, sorvetes, balas, bolos, sucos e bebidas açucaradas, pizzas, nuggets, entre outros. 

·         Cuidados que as mulheres que tiveram diabetes gestacional devem ter em relação à sua saúde a longo prazo

 

Essa mulher tem um maior risco de apresentar resistência à insulina ou diabetes no futuro. Portanto, embora se recomende a suspensão imediata da medicação que tenha sido eventualmente utilizada para o tratamento do diabetes gestacional, a mãe é orientada a fazer novo teste de tolerância à glicose em 6 semanas após o parto e, caso normal, anualmente a partir de então. O aleitamento materno deve ser estimulado pois ajuda a reduzir a glicose materna e o risco de diabetes. Ao passo que anticoncepcionais com altas doses de progestágenos são desaconselhados por aumentarem esse risco.

 


Francisco Tostes (@doutortostes) - médico endocrinologista e sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais)



Dia Mundial de Doação de Leite Humano: cada 1 ml doado pode alimentar um bebê

Sua composição nutricional completa auxilia na proteção imunológica, na adequação nutricional e no desenvolvimento afetivo e psicológico, afirma especialista em aleitamento materno e consultora da Philips Avent  

 

 

O leite humano é o alimento ideal para bebês recém-nascidos e prematuros, pois funciona como uma fonte de nutrientes para as funções biológicas. Apesar de sua produção ser uma atividade natural do corpo feminino, nem todas as mães conseguem produzir o líquido para seus filhos, por isso, torna-se tão importante a doação. 

Para sensibilizar a sociedade e dar visibilidade a este ato nobre, a Rede Global de Bancos de Leite Humano criou o Dia Mundial da Doação de Leite Humano, comemorado no dia 19 de maio. É uma data simbólica, com ações ao redor do mundo, para discutir e promover a importância da doação de leite humano e do aleitamento materno.  

De acordo com Eneida Souza, instrutora e educadora em Aleitamento Materno líquido complexo, e consultora de Philips Avent, este líquido complexo, que contém carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, minerais e substâncias imunocompetentes – como imunoglobulina A, enzimas e interferon – tem um papel fundamental nos primeiros meses de vida dos pequenos.  

“Sua composição nutricional balanceada e completa, com todos os elementos necessários para atender as necessidades nutricionais de um bebê, auxilia na proteção imunológica contra doenças infecciosas, adequação nutricional e no desenvolvimento afetivo e psicológico - além de contribuir para o desenvolvimento de toda estrutura oral”, destaca Eneida.  

Este alimento é ainda mais importante no caso de crianças prematuras, pois, segundo a especialista, elas perdem, entre outras coisas, o acúmulo de nutrientes indispensável para esse período, como ferro, zinco, cálcio e vitaminas, que ocorre no terceiro trimestre. Por isso, a ingestão de um alimento rico em nutrientes é indispensável para o crescimento saudável dos pequenos.  

Cada 1 ml de leite humano doado é capaz de alimentar um recém-nascido ou prematuro. Um recipiente com 300 ml pode ajudar até dez bebês por dia. “Uma quantia singela, mas que faz a diferença para a saúde e desenvolvimento de muitas crianças. O volume que excede a necessidade de seu filho pode salvar vidas, por isso, é tão importante doar”, comenta a consultora de Philips Avent.   

A doação também pode trazer diversos benefícios para as mães. Eneida explica que, o processo de amamentação, bem como retirada do leite, contribui para a prevenção de doenças cardiovasculares e câncer de mama ou do colo do útero. Para quem deseja doar, a especialista indica acompanhar a produção diária de leite e estar atenta ao ganho de peso do seu bebê. 

“A recomendação é retirar o leite para doação logo após a mamada do bebê, ou quando a demanda for alta e começar a vazar. Ter um bom extrator, seja manual ou elétrico, ajuda a tornar este procedimento mais confortável e rápido para a mulher – principalmente se tiver tecnologia de movimento natural, como os modelos da Philips Avent, que simula a sucção da criança e extrai o leite de forma eficaz”, ressalta Eneida.  

É importante não estar em nenhuma dieta restritiva de calorias durante o período e ingerir cerca de três litros de água por dia. Todas as mulheres podem entrar nesta onda de solidariedade e contribuir, exceto:  

·         Se apresentar alguma doença ou estiver tomando medicamentos que possam interferir na saúde do bebê; 

·         Se estiver infectada com vírus de doenças graves, como HIV;

·         Ao ingerir drogas ou bebidas alcoólicas;

·          Após um episódio de vômito ou diarreia, para não prejudicar a saúde da mãe.

Para doar, basta procurar o Banco de Leite Humano mais próximo. O Brasil é referência em doação de leite e conta com 223 bancos espalhados pelos 26 estados e no Distrito Federal. São mais de 221 postos de coleta, além do serviço de coleta domiciliar, que funciona em alguns estados. 

 


Eneida Souza - consultora de Philips Avent, enfermeira pediatra, instrutora e educadora em aleitamento materno pela Universidade da Califórnia em Angeles (UCLA-CA) e terapeuta sistêmica para família, casal, individual.

Teratoma de ovário: conheça os sintomas e tratamentos

Tumor pode conter diferentes tipos de tecidos, como cabelos, dentes, osso e tecido nervoso, e pode se desenvolver em qualquer parte do corpo, sendo mais comum nos ovários, testículos e cóccix

 

 

Também chamado de cisto dermoide, o teratoma é um tumor congênito que, em grande parte, é benigno, mas, em casos raros, pode se tornar maligno. De acordo com a Associação Médica Brasileira, apenas 1% dos casos de teratoma é maligno. Ele acontece a partir da multiplicação descontrolada de células germinativas, que são aquelas que dão origem aos gametas. 

 

Quando colocadas em um microscópio, ele lembra as três camadas de um embrião em fase de desenvolvimento. Por este motivo, é possível encontrar elementos estranhos, como dentes, cabelos, músculos, ossos, entre outros. Segundo o Dr. Thiers Soares, médico ginecologista, especialista em endometriose, adenomiose e miomas, esse tipo de doença pode se desenvolver em qualquer parte do corpo, mas é mais comum que ocorra nos ovários, testículos e cóccix. Apesar de acometer tanto homens como mulheres, a doença atinge de forma majoritária as pessoas do sexo feminino.

 


Quais são os tipos de teratoma?


Existem dois tipos de teratoma: os imaturos, que são mais propensos a se tornarem cancerígenos, e os teratomas maduros, que tendem a ser benignos. Os maduros são mais encontrados nos ovários, em grande maioria nas mulheres que estão na fase anterior à menopausa. Quanto mais tempo os teratomas ficam dentro do organismo, maiores são as chances dele se tornar cancerígeno. 


 

Quais são os principais sintomas?


Os teratomas nem sempre apresentam sintomas, por isso, muitas vezes é difícil realizar um diagnóstico. Nesses casos, só é possível identificar a doença por meio de exames de rotina. Os sintomas mais comuns que podem se manifestar são desconforto abdominal e inchaço na região pélvica.

 

Como é feito o diagnóstico?

Quando o teratoma está presente no ovário, o diagnóstico pode ser feito pela ultrassonografia transvaginal. Neste caso, se existir alguma dúvida em relação à existência ou não da doença, também é necessário realizar uma ressonância magnética.


 

Como é o tratamento?


O tratamento vai depender do seu tipo. No teratoma maduro, para retirar as lesões causadas pela doença, indica-se realizar uma cirurgia, mas é possível fazer o procedimento com um método menos invasivo (laparoscópica ou robótica). Para o tipo imaturo, o tratamento vai depender do grau da doença, mas os teratomas que estão presentes no ovário podem ser tratados com a remoção cirúrgica.

Em casos mais avançados, quando o tumor se espalha para além dos ovários, é necessário que a paciente faça algumas sessões de quimioterapia após a remoção das lesões, mas vale lembrar, que isso é raro. O diagnóstico precoce sempre favorece o tratamento, por isso, é recomendável fazer exames todos os anos, assim será mais fácil identificar o teratoma e encontrar soluções.

 

 

Dr. Thiers Soares - Graduado em Medicina pela Fundação Universitária Serra dos Órgãos (2001), Dr. Thiers Soares é ginecologista especialista em doenças como Endometriose, Adenomiose e Miomas. Também é médico do setor de endoscopia ginecológica (Laparoscopia, Robótica e Histeroscopia) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ). O especialista é membro honorário da Sociedade Romena de Cirurgia Minimamente Invasiva em Ginecologia, membro honorário da Sociedade Búlgara de Cirurgia Minimamente Invasiva, membro honorário da Sociedade Romeno-Germânica de Ginecologia e Obstetrícia e membro da diretoria e comitês de duas das maiores sociedades mundiais em cirurgia minimamente invasiva em ginecologia (SLS e AAGL). Recentemente, o Dr. Thiers Soares foi um dos responsáveis por trazer para o Brasil a técnica de Ablação por Radiofrequência dos Miomas Uterino, um tratamento moderno e eficaz, que causa a destruição térmica de tumores uterino

 

Em epidemia de saúde mental, Brasil perde 21% das vagas de residência em Psiquiatria

No país que lidera o ranking de ansiedade, apenas13.888 médicos têm o título de especialista


A resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determina a desativação de hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico para pessoas com transtornos mentais que cometeram crimes, reforça a urgência de ampliar a rede de atendimento à saúde mental no Brasil. O país, considerado pela ONU o mais ansioso do mundo, teve um aumento de 25% na demanda por atendimento de saúde mental desde a pandemia, mas ano a ano vê o número de vagas para a residência médica em Psiquiatria cair.

Resultado: o número de especialistas está muito aquém do necessário para atender à demanda até mesmo dos planos de saúde. Pelo SUS, a espera por uma consulta pode ultrapassar 1 ano. Segundo dados da Demografia Médica, o Brasil tinha, em 2022, 13.888 psiquiatras em atuação. O número considera apenas os profissionais que têm RQE, título de especialista restrito a quem faz a residência médica ou outros cursos de pós-graduação ligados a sociedades médicas privadas.

Número de vagas de residência médica em
 Psiquiatria vem caindo ano a ano

Vagas insuficientes

Sem uma atuação contundente do MEC na regulamentação da Pós-Graduação na área médica, o problema tende a se agravar. Em 2018 haviam 681 vagas para residência médica em Psiquiatria. Em 2021, o número despencou para 533, uma queda de 21,7%. “Temos milhares de médicos que cursaram uma pós-graduação em cursos chancelados pelo MEC, inclusive em Universidades Federais, com carga horária e conteúdo programático semelhantes aos da residência médica e aos das sociedades médicas, mas não podem receber o título de especialista ou anunciar sua pós-graduação. E isso não é definido pelo governo, mas por sociedades médicas privadas”, explica o presidente da Associação Brasileira de Médicos com Expertise em Pós-Graduação (Abramepo), Eduardo Costa Teixeira.


Reserva de mercado

Pela lei federal que rege o exercício legal da medicina no Brasil, todo e qualquer médico com diploma validado pelo MEC e registro no CRM local está apto a exercer a medicina em qualquer uma de suas especialidades, mas um decreto de 2015 limita o acesso ao título de especialista a quem faz as pós-graduações vinculadas a sociedades de especialidades por meio da Associação Médica Brasileira (AMB). “Não faltam psiquiatras no Brasil para atender à demanda reprimida. O que existe é uma regra ditada por entidades privadas que têm interesse em manter uma reserva de mercado”, afirma Teixeira.


Regras e controle

A Abramepo defende que o MEC regulamente as normas para a pós-graduação na área médica, definindo carga horária, avaliando conteúdo programático e currículo. “Tal como acontece com a Comissão Nacional de Residência Médica, o MEC tem que criar uma Comissão de Avaliação da Pós-Graduação Médica para ditar as regras. Somente o MEC tem autoridade para definir as regras para a formação de médicos porque ele é o órgão formador, não as entidades privadas. Isso garante uma oferta maior de profissionais em várias especialidades e pode resolver um problema crônico do SUS, que é a falta de especialistas”, completa Teixeira.


Oito em cada dez pessoas sofrem com dor na coluna

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que problema avança no país.  Para especialista em coluna da rede Americas, a queixa de lombalgia ou de dor cervical é a segunda mais comum nos consultórios especializados e fica atrás apenas dos sintomas do resfriado   





Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que oito em cada dez brasileiros têm dor na coluna. E mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial já sofreu ou terá problema de coluna em algum momento da vida.

Para Ricardo Meirelles, especialista em cirurgia de coluna dos hospitais Samaritano Barra e Vitória, rede Americas no Rio de Janeiro, “O envelhecimento da população e o ritmo de vida estressante da atualidade, associados à má postura durante o dia, somados à falta de exercícios físicos regulares, o uso excessivo de celulares e a falta de alimentação regrada, representam os principais responsáveis pelo aumento dessa prevalência de doenças da coluna vertebral ", diz.

De acordo com o Meirelles, a queixa de lombalgia ou de dor cervical é a segunda mais comum nos consultórios especializados e fica atrás apenas dos sintomas do resfriado. Quando não tratados, desde as fases iniciais, podem levar a procedimentos cirúrgicos, considerados da alta complexidade, a exemplo das operações endoscópicas da coluna vertebral, artroplastias e artrodeses vertebrais, todas voltadas para o tratamento das doenças degenerativas dos discos e articulações vertebrais.

O médico reforça que a forma incorreta de elevação postural, tanto no ambiente de trabalho, quanto nos momentos de folga pode gerar dor muscular incialmente, e evoluir com uma sobrecarrega das articulações vertebrais e lesões nos discos.

“ Após a pandemia, as pessoas passaram a trabalhar mais de casa e seguem em situações sem a devida ergonomia adequada, persistindo em se acomodar de modo, muitas vezes, improvisado, o que aumentou bastante a procura por atendimento médico, por conta de dores na coluna”, observa.



Por gênero e idade

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) analisaram os aspectos epidemiológicos da doença crônica de coluna no Brasil e encontraram uma prevalência de 18,5% da população, sendo maior em mulheres, com idade média de início dos sintomas aos 35 anos e estabilização por volta dos 50 anos, porém com aumento da severidade das limitações físicas nas idades mais avançadas.



Impacto econômico e social

Com relação ao aspecto econômico e social, a doença crônica de coluna é a principal causa de anos perdidos de trabalho por incapacidade física, com grandes perdas de qualidade de vida, com impacto social relevante. O especialista recomenda que precisam estar atentos todos aqueles que apresentarem dor crônica na coluna, ou seja, com mais de três meses de sintomas contínuos, e, principalmente, quando tiverem alterações de sensibilidade ou força nos braços ou pernas, perda de peso ou febre. Esses são sinais de alerta que indicam a necessidade de avaliação médica.

“Na grande maioria dos casos a reeducação física, com a implementação de reforço muscular direcionado e controle do peso corporal, eventualmente associados a medicamentos, alivia os sintomas e possibilita retorno ao trabalho”, observa o especialista.



Avanços cirúrgicos

Para os casos de pacientes que evoluem com piora progressiva dos sintomas, nas situações em que todas as possibilidades conservadoras já foram tentadas, o especialista aponta a necessidade de intervenção cirúrgica que, hoje, está em apresentações menos invasivas, com taxas de menor morbidade, além de tempo de recuperação mais rápido, bem como retorno mais ágil para as atividades laborativas.

“Com o advento de técnicas cirúrgicas mais modernas, tais como a endoscopia de coluna vertebral e as cirurgias tubulares minimamente invasivas, indicadas para os tratamentos das doenças degenerativas vertebrais e hérnias de disco, conseguimos trazer mais qualidade de vida aos pacientes, com menor período de hospitalização, menor morbidade cirúrgica e resultados mais assertivos”, informa Meirelles.

O especialista pontua que os avanços na área não são poucos e que uma tecnologia de neuronavegação, chamada Brainlab, que auxilia nas imagens intraoperatórias e que vem sendo destaque, permite a ajuda na colocação de parafusos e implantes, quando necessários, com maior segurança e assertividade. “Com o uso agregado da tomografia, conseguimos trabalhar de forma precisa e oferecer ainda mais segurança aos pacientes, reduzindo tempo de recuperação e de internação”, finaliza.



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Vigilância ativa: quando apenas observar é a melhor abordagem em câncer de próstata

Critérios bem estabelecidos permitem que oncologistas e urologistas selecionem os pacientes que podem usufruir dos benefícios da vigilância ativa, método que exige um monitoramento rigoroso. As principais indicações são para pacientes com tumores iniciais, de baixo risco, com crescimento lento e com expectativa de vida menor do que dez anos


O câncer de próstata é o mais comum entre os homens brasileiros. Estima-se que 72 mil novos casos serão diagnosticados a cada ano do triênio 2023-2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O que pouca gente sabe é que existe um grupo de pacientes com diagnóstico de câncer de próstata que pode se beneficiar de uma estratégia conhecida por vigilância ativa. Trata-se de uma conduta que envolve o monitoramento regular do paciente com exames e consultas periódicas e descarta, num primeiro momento, a realização de cirurgias e o uso de radioterapia e medicamentos. O objetivo é vigiar a evolução e o comportamento da doença com a finalidade de evitar tratamentos invasivos e efeitos indesejáveis que possam oferecer riscos aos pacientes.

No entanto, esse não é um recurso para todos. As principais indicações são para pacientes com tumores iniciais, de baixo risco, com crescimento lento e com expectativa de vida menor do que dez anos. “Para saber se o paciente pode ser colocado em vigilância ativa, é fundamental investigar muito bem o grau de agressividade e o comportamento do tumor”, diz o cirurgião oncológico e uro-oncologista Renato Oliveira, do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR).

Além dos exames de PSA (exame de sangue que avalia os níveis circulantes de uma proteína produzida na próstata que alerta para o tumor), toque retal, ressonância nuclear magnética e testes moleculares, a medicina utiliza uma escala para classificar as células tumorais de acordo com a semelhança e as diferenças que as mutações do câncer determinam em relação aos tecidos normais da próstata de cada indivíduo. “Com base nas suas características celulares, os tumores que atingem notas menores do que 6 na escala de Gleason (ou ISUP 1, na escala da International Society of Urological Pathology) são os que têm melhor prognóstico. Sua evolução tende a ser mais favorável do que outros com pontuação maior nas mesmas escalas”, diz o médico Oliveira. Notas iguais ou acima de sete indicam risco mais elevado. “A partir da soma de todas essas informações nós podemos avaliar se o paciente tem ou não um tumor de próstata de baixo risco”, diz Oliveira.

Também há margem para alguma flexibilização. “Há casos em que um paciente com score 7 na escala de Gleason e com PSA baixo, ou seja, com risco intermediário, por exemplo, pode se beneficiar da vigilância ativa. Varia a cada caso de acordo também com a idade, estado de saúde geral e sobretudo a escolha do indivíduo”, diz o médico. De acordo com Oliveira, a medicina atual é mais propensa a indicar tratamentos radicais a pacientes com expectativa de vida superior a dez anos nos casos de câncer de próstata.

A possibilidade de adotar a vigilância ativa surgiu nos anos 2000. Na década anterior, a popularização do exame PSA havia diminuindo a quantidade de diagnósticos de tumores em fase adiantada ou metastática e permitido o diagnóstico mais precoce. “A partir daí começamos a perceber que muitos pacientes que conviviam com tumores de baixo risco  poderiam estar sendo excessivamente tratados”, diz Oliveira. Nesse período, estudos começaram a evidenciar que pacientes com tumores considerados indolentes, por seu crescimento lento, praticamente não morreriam por causa do câncer de próstata e sim de algum outro problema de saúde. “Desse modo, esses pacientes poderiam ser observados em vez de serem submetidos primeiramente à cirurgia e/ou radioterapia e aos efeitos colaterais desses tratamentos”, conclui Oliveira.

O monitoramento deve contar com a programação de repetidas biópsias, exame físico e dosagem do PSA, com o intuito de identificar uma possível progressão da doença, e avaliar se é o momento de optar por um tratamento radical como cirurgias (que podem ser feitas com a ajuda de técnicas minimamente invasivas, como a robótica) ou radioterapia por exemplo. “Cerca de 40% dos tumores em vigilância ativa apresentam progressão em dez anos e precisam fazer tratamentos como cirurgia ou radioterapia. Um estudo brasileiro recente do qual participei com acompanhamento de cinco anos de um grupo de pacientes mostrou que 17% dos tumores alguma progressão e necessitaram sair do protocolo de vigilância ativa para um tratamento”, diz Oliveira. 

A mensagem mais importante, na avaliação de Oliveira, é que existe a possibilidade de tumores mais iniciais serem observados sem que antes o paciente seja submetido a terapias invasivas. “Também é essencial que o paciente esteja tranquilo em relação a essa abordagem, pois o conforto psicológico do paciente é muito importante. Além disso, o indivíduo precisa estar seguro e ter plena consciência de que pode desistir a qualquer momento dessa conduta e optar pelo tratamento radical. De modo geral, entre 25% e 35% das pessoas que aderem ao protocolo de vigilância ativa desistem ao longo do tempo”, relata o médico. Os motivos vão desde a pressão familiar até a dificuldade de se adaptar a uma rotina exigente de acompanhamento.

 

Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR


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