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terça-feira, 7 de março de 2023

Março amarelo: aprenda a identificar se sua dor pode ser sinal de endometriose

 Especialista reforça a importância do diagnóstico precoce para evitar o desenvolvimento da doença em sua forma grave  

 

O Março Amarelo é o Mês Mundial de Conscientização da Endometriose, doença que atinge cerca de 10% da população feminina em idade reprodutiva, impactando a qualidade de vida e a produtividade da mulher. O diagnóstico precoce é um dos maiores desafios da doença, já que seus sintomas se confundem com reações comuns do período menstrual. Sem tratamento, ela pode atingir formas graves, como a chamada endometriose profunda, que tem sintomas mais severos e deixam a mulher incapacitada para uma rotina normal. 

“Nem sempre o diagnóstico é realizado da melhor forma e logo de início, podendo levar até 10 anos para ser feito. Essa é a maior dificuldade, já que as dores da endometriose podem ser confundidas com dores rotineiras do ciclo menstrual. Por isso a importância do Março Amarelo. Precisamos dar visibilidade ao assunto, conscientizar profissionais de saúde e orientar cada vez mais mulheres a perceberem os sinais do corpo e buscarem ajuda médica quando necessário. Quando as dores começam a afetar a qualidade de vida, é preciso investigar a fundo o possível desenvolvimento da doença”, explica o ginecologista Patrick Bellelis, especialista em endometriose.

 

Como identificar sinais de alerta 

Entre os principais sintomas da endometriose que afetam a vida da mulher, destacam-se as cólicas de forte intensidade e a dificuldade em engravidar. No segundo caso, é natural que as mulheres busquem ajuda profissional, quando desejam ter um filho. Mas no caso das cólicas, isso nem sempre acontece. Observar essas dores é importante para identificar se é o caso de recorrer a um médico. “Cólicas de maior intensidade, que afetam a rotina, ou com características diferentes das habituais devem ser encaradas como sinal de alerta”, frisa Bellelis. 

Outros sinais que não devem ser ignorados durante o ciclo menstrual são dor durante a relação sexual, dor e sangramento ao urinar ou evacuar e dores nas costas. Sintomas fora do período menstrual também merecem atenção. A indicação do especialista é que, ao sentir qualquer coisa fora do normal, durante o ciclo ou fora dele, a mulher procure um ginecologista para que o quadro seja investigado e se dê início a um tratamento o quanto antes, se necessário. 

“É comum que as pacientes procurem ajuda médica apenas porque estão com dificuldades de engravidar, assim como há casos, infelizmente, de mulheres que procuram diversos profissionais até conseguirem um diagnóstico correto. As mulheres precisam observar seu corpo, estar atentas aos sinais e investigar qualquer sintoma, porque o diagnóstico precoce é capaz de prevenir sequelas e permitir um tratamento que pode garantir o controle da endometriose e a qualidade de vida”.

 

Campanha busca diminuir diagnósticos tardios

A endometriose acontece quando células do endométrio, a camada interna do útero que é expelida na menstruação, acabam se depositando fora da cavidade uterina, causando reações inflamatórias e lesões. Elas podem se acumular nos ovários, na cavidade abdominal, na região da bexiga, intestinos, entre outros locais, podendo até mesmo formar nódulos que afetam o funcionamento de órgãos do corpo. 

O Março Amarelo busca diminuir os diagnósticos tardios para, assim, acelerar o tratamento das mulheres afetadas pela doença. O movimento teve início em 1993, com a ativista americana Mary Lou Ballweg. Ela e mais sete mulheres realizaram uma Semana de Conscientização sobre o assunto, durante um evento da The Endometriosis Association.

 

PATRICK BELLELIS -- GINECOLOGISTA - Tem ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intra uterinas e infertilidade. É graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC. Possui título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia -- FEBRASGO. Doutorado em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Especialização em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Faz parte da diretoria da SBE (Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva) desde a sua fundação.


9 de março: Dia Mundial da Saúde do Rim

O dia 9 de marco de 2023 é o Dia Mundial da Saúde do Rim. Uma em cada dez pessoas terá algum tipo de problema relacionado à saúde dos rins, seja cálculo renal (popularmente chamado de pedra no rim), mal funcionamento dos rins (doença renal crônica) ou até mesmo câncer do rim. Essa data foi idealizada pela Sociedade Internacional de Nefrologia, com o objetivo de conscientizar a população como um todo sobre eventuais doenças que acometem o órgão. A campanha tem o escopo principal na prevenção e diagnóstico precoce da doença renal crônica (insuficiência renal), condição frequente em pacientes que acumulam comorbidades como hipertensão arterial e diabetes mellitus, e que pode culminar na necessidade de hemodiálise.

Os tumores do rim também fazem parte das doenças do rim, e merecem uma parcela de atenção. O câncer primário do rim é relativamente raro; corresponde a aproximadamente 5% de todos os tumores sólidos no adulto. Ele acomete duas vezes mais os homens do que as mulheres, numa faixa etária que varia entre 50 e 70 anos. Infelizmente, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) não dispõe de estatísticas brasileiras sobre câncer de rim. Por se tratar de um câncer não tão frequente, não existem políticas de rastreamento instituídas no Brasil.

Os tumores malignos do rim quase sempre não têm correlação com genética. Existem síndromes hereditárias raras que podem desenvolver diversos tipos de câncer, entre eles os do rim; a mais conhecida é a síndrome de Von Hippel Lindau. No que tange aos sintomas, o câncer de rim é comumente assintomático. Nestes casos, o diagnóstico é feito incidentalmente após a realização de exames de ultrassom ou tomografia do abdome por motivos outros e diversos. Uma pequena parcela (aproximadamente 10%) dos pacientes vai apresentar sintomas, o que denota um quadro mais avançado. Entre eles estão sangramento urinário, dor abdominal, perda de peso, e até mesmo o aumento do volume renal configurando uma massa (tumoração) que pode ser palpada no abdome. O tipo mais comum de câncer do rim é o carcinoma de células claras, que leva esse nome pelas características das células cancerígenas quando vistas ao microscópio.

Para os tumores restritos ao rim, o tratamento de escolha é cirurgia de retirada órgão acometido (nefrectomia), que pode ser parcial ou total. A cirurgia tem papel majoritário na cura do câncer do rim.  Após a nefrectomia, faz-se necessário o monitoramento da função renal junto ao nefrologista (profissional especialista no funcionamento dos rins). Para alguns casos, é necessário discutir a realização de tratamentos medicamentosos complementares com imunoterapia.

O tratamento medicamentoso tem maior relevância para o cenário avançado do câncer de rim, quando existem metástases. Os últimos anos foram ricos em avanços na oncologia, com a consolidação da imunoterapia e de terapias-alvos orais (inibidores de tirosina quinase - TKI), que outrora revolucionaram a história do câncer renal avançado. Hoje, esses tratamentos já são realidade no Brasil. Na saúde privada, a imunoterapia (combinada ou isolada) já faz parte do arsenal terapêutico para o câncer do rim, assim como os as terapias-alvos orais. No SUS, a imunoterapia ainda é um desfalque importante o tratamento do câncer de rim. 

 

Higor Mantovani - oncologista - Especialista em Oncologia Clínica pela Unicamp e em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ). Mestre em Oncologia pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e membro do corpo de oncologistas clínicos do Grupo SOnHe.


Dia Internacional da Mulher: ação solidária promove corte gratuito de cabelo e doação de perucas e maquiagens para pacientes com câncer

Foto: Vitória Mantovani
Projeto itinerante estará em diversos pontos de São Paulo durante o mês de março 

 

A Cabelegria, organização que há 9 anos confecciona e distribui gratuitamente perucas para crianças e mulheres com câncer em todo o Brasil, realizará um cronograma de ações solidárias em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. O Banco de Perucas Móvel, um caminhão customizado com prateleiras de perucas, espelho e acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, vai circular pela cidade de São Paulo, seguindo um cronograma de datas e locais durante o mês de março. 

No Banco de Perucas Móvel, serão oferecidos cortes de cabelos gratuitamente para quem doar os cabelos, além de doação de perucas e kits para crianças e mulheres com câncer, que encontrarão ali um ambiente acolhedor e alegre, onde poderão experimentar as perucas à vontade até encontrarem a que melhor se adequar a seus gostos.

 

Segundo Mariana Robrahn, fundadora da Cabelegria, a organização confecciona 50 perucas por mês e não possui fila de espera para as entregas solicitadas pelo site (www.cabelegria.org) e enviadas por SEDEX sem custo. “São necessários cerca de 300 gramas de cabelo (aproximadamente 5 mechas de pessoas diferentes) para confeccionar uma única peruca”, explica Mariana.

 

Desde sua criação, a Cabelegria já arrecadou milhares de doações de fios, transformando o projeto em uma corrente mundial do bem, que já realizou mais de 12 mil entregas gratuitas para crianças e mulheres.

 

CRONOGRAMA DE AÇÕES

 

Corte de cabelo solidário com o Banco de Perucas móvel – Subprefeitura M-Boi Mirim

Dia: 06/03/2023

Horário: 09h às 17h

Endereço: Av. Guarapiranga, 1695 - Parque Guarapiranga, São Paulo - SP, 04902-015

 

Corte de cabelo solidário c Banco de Perucas Móvel – Porto Seguro

Dias: 07/03/2023

Horário: 08h às 16h 

Endereço: R. Fuad Naufel, 209 - Barra Funda- São Paulo - SP, 01156-100

 

Entrega de peruca para pacientes e corte de cabelo solidário com o Banco de Perucas Móvel – Hospital Santa Marcelina

Dia: 08/03/2023

Horário: 08h às 15h

Endereço: R. Santa Marcelina, 177 - Vila Carmosina, São Paulo - SP, 08270-070

 

Corte de cabelo solidário com o Banco de Perucas Móvel – Porto Seguro

Dias: 09/03/2023

Horário: 08h às 16h 

Endereço: Alameda Barão de Piracicaba, 618 - Campos Elíseos- São Paulo - SP, 01216-012

 

Corte solidário com o Banco de Perucas Móvel – Shopping Campo Limpo

Dia: 11/03/2023

Horário: 12h às 20h

Endereço: Estr. do Campo Limpo, 459 - Vila Prel, São Paulo - SP, 05777-001

 

Trote Solidário com o Banco de Perucas Móvel – Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo

Dia: 14/03/2023

Horário: 08h às 12h

Endereço: R. do Matão, 1010 - Butantã, São Paulo - SP, 05508-090

 

Corte solidário com o Banco de Perucas Móvel – Santana Parque Shopping

Dia: 18/03/2023

Horário: 11h às 19h

Endereço: R. Conselheiro Moreira de Barros, 2780 - Santana, São Paulo - SP, 02430-001

 

Entrega de peruca para pacientes e corte de cabelo solidário com o Banco de Perucas Móvel – ICAVC – Instituto de câncer Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

Dia: 21/03/2023

Horário: 08h às 15h

Endereço: R. Dr. Cesário Mota Júnior, 112 - Vila Buarque, São Paulo - SP, 01221-010

 

Dia da Beleza com o Banco de Perucas Móvel – Favela dos Sonhos – Gernado Falcões

Dia: 25/03/2023

Horário: 09h às 14h

Endereço: R. São Lucas 5B – Jd São Lázaro – Ferraz de Vasconcelos/SP – CEP. 08541-110

 

Informações sobre doações de cabelos

• O cabelo para doação tem que ter no mínimo 20cm de comprimento

• O cabelo precisa estar limpo 

• O corte é gratuito 

• Os atendimentos serão feitos por ordem de chegada.

• Os doadores de cabelo devem se programar para chegar cedo pois as senhas poderão ser suspensas antes do horário previsto para encerramento.

 

 

Informações sobre entregas de perucas

 

• Pacientes que queiram retirar peruca de doação, podem comparecer em qualquer ação do banco de perucas móvel e apresentar os seguintes documentos: Laudo médico, RG e CPF, para pacientes oncológicos também apresentar o comprovante de quimioterapia. Será realizado um cadastro para liberação da doação.

 

É importante lembrar que o atendimento será realizado por ordem de chegada.

 


Cabelegria
www.cabelegria.org


Autismo: como vencer o preconceito e lidar com a condição?


Aprender a lidar com o diagnóstico e reconhecer a falta de conhecimento é fundamental para vencer o preconceito.

 

 

Fomos educados para acreditar na “família Doriana”, harmoniosa, filhos perfeitos, estabilidade financeira, ou seja, condições de vida favoráveis em todos os aspectos. Porém, nem sempre a vida sai como planejado e é natural que tenhamos que lidar com alguns desafios.

Quando nos deparamos com situações que fogem à regra, é como se o mundo desabasse sobre nossa cabeça, né? No momento em que falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas incertezas surgem.

Ainda que o conhecimento sobre a existência do TEA seja amplo, quase ninguém sabe a fundo como é a condição e as diferenças que existem nela. É comum generalizar o diagnóstico de autismo por não entender as diferenças que existem, alimentando o preconceito da sociedade e, principalmente entre os familiares. Mesmo com tanta informação, é comum escolas e locais públicos recusarem de forma velada a presença de autistas.

De acordo com a psicóloga Dra Lívia Aureliano, diretora do TatuTEA, o primeiro ato preconceituoso, mesmo que inconsciente é não legitimar o diagnóstico. “A aceitação é o primeiro passo para lidar com a situação com clareza e oferecer uma vida mais acessível para a criança e também para os familiares. De fato, existem algumas limitações, entretanto, o TEA não é igual em nenhum indivíduo” – afirma Dra Lívia.

A especialista conta que já presenciou ao longo de sua carreira muitas reações contrárias de familiares ao lidar com o diagnóstico, sentenciando a vida deles e da criança. Embora o autismo seja amplamente discutido, ainda há muito preconceito e falta de entendimento, exemplo disso, foi a recente declaração do atual governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, alegando que o laudo diagnóstico não poderia ser permanente, uma vez que o autismo “pode passar”. Mesmo que depois o governador tenha vindo a público e voltou atrás em sua decisão, agora com argumentos corretos, sua primeira declaração deixou claro o quanto ainda temos pessoas sem conhecimento sobre o TEA em todos os setores da sociedade, inclusive na gestão pública, o que torna tudo mais preocupante.  

Diante disso, a Dra. Lívia sugere que pais, familiares e qualquer pessoa que necessite ter conhecimento a respeito do autismo, busque informações, como:  

Amplie o conhecimento: As pessoas ainda têm preconceito porque não sabem com o que estão lidando. Buscar informações com especialistas, ler artigos, depoimentos, entre outros conteúdos que esclareçam o TEA, é primordial.

Ter uma rede de apoio: Trocar experiências com grupos, profissionais, famílias, entidades, colégios e principalmente com adultos com TEA, dará um novo prisma em relação a condição.

Compartilhar o que aprendeu: O conhecimento adquirido com os estudos sobre o TEA e a troca de experiências com outras pessoas deve ser repassado para os outros familiares e qualquer pessoa que se interesse ou conviva com alguém dentro do espectro. Ensinar as pessoas a lidar de forma mais saudável, também irá ampliar ainda mais o conhecimento em relação ao autismo. Quando ensinamos, aprendemos duas vezes.

Dê autonomia para a criança: Quando os pais e familiares não sabem lidar com o TEA, acabam tirando a autonomia da pessoa. Atitudes como essa, além de não ajudarem com o tratamento dará a impressão de que ela é totalmente dependente e isso pode alimentar o preconceito. Permitir que a criança assuma suas responsabilidades é a melhor forma de ajudar e compreender.  A psicóloga pede para não evitar lugares ou situações por conta da condição da criança, a não ser que seja algum ambiente que provoque crises na criança. “Lembre-se que muitas limitações estão no ponto de vista das pessoas e não do autista. Independentemente do nível de autismo, permita que ela vivencie novas experiências” explica.

Se importar com a opinião alheia: Esse com certeza é um dos combustíveis mais eficazes para alimentar o preconceito. Quando a pessoa se preocupa demais com os outros, anula a criança por medo de incomodar. Nem todo mundo vai saber lidar, mas não são todas as pessoas, como muitas pessoas imaginam. Muitas lidam com naturalidade e compreendem a condição da criança melhor que os familiares.

Por fim, Dra Lívia conclui que as pessoas não podem se culpar pelo preconceito, já que ainda há um caminho muito grande para se percorrer quando o assunto é autismo. “Busque informação, redes de apoio e dê liberdade para seu filho ser como ele é.” – finaliza.

 


TatuTEA (Clínica de Atendimento à crianças e adolescentes com autismo)
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Apesar das estatísticas mostrarem que a dor crônica acomete mais o sexo feminino, as mulheres são mais questionadas em relação as suas dores

Para a médica intervencionista em dor, dra. Amelie Falconi, isso acontece porque existe diferença na avaliação do atendimento da dor entre os sexos 

 

O Dia Internacional da Mulher, a ser celebrado no próximo dia 8 de março, tem como uma de suas principais funções ser uma data para aprofundar a reflexão sobre os aspectos que ainda limitam as mulheres e a impedem de serem tratadas de maneira mais equânime com relação aos homens. Para a médica intervencionista em dor, dra. Amelie Falconi, neste sentido, vale debater a relação da mulher com a dor e mostrar como, apesar de serem, de maneira geral, mais suscetíveis a este sofrimento físico do que os homens, ainda são vítimas de bastante preconceito no que se refere ao diagnóstico e tratamento da dor.

Dra. Amelie explica que pesquisas têm mostrado consistentemente diferenças entre os sexos com relação à dor crônica, como a percepção, a descrição e expressão da dor, o uso de estratégias de enfrentamento e os benefícios de diferentes tratamentos.  Existem descobertas convincentes de que as diferenças biológicas contribuem para as diferenças observadas entre os sexos.

A médica intervencionista em dor explica que diversas razões podem levar as mulheres a sentirem mais dor do que os homens, na média. “Os fatores genéticos, entre eles os fatores hormonais, que agem como mediadores da dor específicos do sexo”, diz. “Estudos mostram que a resposta da dor à mulher é afetada pelo ciclo menstrual, gravidez e também pode ser afetada pelo uso oral de contraceptivos”. O estrogênio, hormônio essencial à função reprodutiva feminina, por exemplo, quando aumenta ou diminui os seus níveis no organismo da mulher é responsável pelo aumento da excitação das células. Mais especificamente: as flutuações do estrógeno podem aumentar a expressão do fator de crescimento neural, o número de sinapses excitatórias no hipocampo, a ligação do glutamato ao receptor NMDA e potenciais pós-sinápticos excitatórios.

A médica intervencionista em dor destaca que as mulheres dominam a maioria dos diagnósticos relacionados à dor crônica. Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), mulheres costumam apresentar em maior quantidade dores no pescoço e ombros, no abdômen, cefaleias tipo tensão, enxaqueca após a puberdade, distúrbio da ATM – Articulação Temporomandibular, e outros.

Para se ter uma ideia, a relação mulher: homem de prevalência de condições dolorosas é da ordem de 1,5 para 1 em dor lombar, no ombro e joelhos, de 2 para 1 em dor orofacial, 2,5 para 1 em migrânea (dor latejante que afeta o lado da cabeça) e de 4 para 1 em fibromialgia, doença crônica que tem como principal sintoma dor constante por todo o corpo.

Conforme o SBED, há várias síndromes dolorosas que são específicas do sexo feminino. Entre as quais a dismenorreia (dor pélvica que surge no primeiro dia do período menstrual e que desaparece quando cessa o fluxo). Ela afeta entre 49% e 90% das mulheres e até 15% dos casos são sentidos como muito dolorosos. A dor pélvica crônica de origem ginecológica ou não, a vulvodinia (dor crônica na vulva), dor lombar baixa e pélvica durante a gravidez e a dor do parto são outras síndromes dolorosas que atingem especialmente às mulheres.

Não obstante a dor crônica ser mais prevalente e mais intensa no sexo feminino, dra. Amelie ressalta que as mulheres costumam ter suas queixas dolorosas minimizadas pela sociedade com mais frequência do que os homens. “Diversas vezes já escutei, inclusive de médicos especializados, que a dor de determinada paciente era 'frescura' ou psicológica e que a intenção da paciente era conseguir a atenção, seja  do marido e dos filhos, ou de outras pessoas”, relata.

A médica intervencionista em dor comenta que é comum também nessas situações profissionais julgarem a vida da paciente para minimizarem seus lamentos. “Já escutei comentários desnecessários de profissionais de saúde sobre fotos de pacientes em redes sociais. O fato de uma paciente viajar no final de semana não tira o crédito da dor que sente”, afirma. Segundo dra. Amelie, as atividades da paciente fora do consultório não devem interferir na avalição da dor por parte do médico que faz seu atendimento. Para ela, aliás, observar uma vida ativa de uma paciente em redes sociais é motivo de celebração e não o contrário. “Queremos que a paciente tenha uma vida que vá além da dor. Precisamos comemorar, e não julgar, quando elas conseguem isso”, diz.

Ela também afirma que esse tipo de comentários e julgamentos acontece entre pessoas do círculo social das portadoras de dores crônicas. "Frequentemente escuto comentários que minimizam as dores das pacientes. Até o fato das pacientes arrumarem o cabelo ou estarem maquiadas já foram pontos de questionamento sobre a veracidade da dor. A população precisa entender que portadores de dores crônicas habituam-se a exercer suas ativadades rotineiras mesmo com dor.”- afirma a médica.

Dra. Amelie destaca que a diferença na abordagem da paciente com dor crônica em relação aos homens já foi mostrada, inclusive, por estudo científico.  A médica intervencionista em dor relata que um artigo de revisão levantou 77 artigos na literatura que tratavam sobre homens e mulheres com dor, normas de gênero e preconceito de gênero no tratamento da dor.

“O levantamento observou um paradoxo: não obstante a dor crônica ser mais prevalente e mais intensa no sexo feminino, os relatos da dor das mulheres são levados menos a sério, sua dor é descontada como sendo psíquica ou inexistente e seu tratamento é menos adequado do que o dado aos homens”, relata. Como decorrência deste desdém, segundo o artigo de revisão, as mulheres frequentemente são medicadas com mais antidepressivos e com menos analgésicos.

Para os pesquisadores, essa falta de atenção dos profissionais em relação às queixas das pacientes mulheres explica-se como uma expressão da masculinidade hegemônica e andronormatividade dos cuidados de saúde. Dra. Amelie concorda com a conclusão. “Esse artigo escancara a questão do machismo no atendimento da dor. Se é de conhecimento geral que a dor crônica acomete mais mulheres, porque quando elas chegam ao consultório e reclamam de dor são logo taxadas de emocionalmente fracas”, indaga.

  

Dra. Amelie Falconi - Especialização em Medicina da Dor pela Santa Casa da Misericórdia de São Paulo. Título de Especialista em Dor pela AMB (Associação Médico Brasileira). Fellow Of International Pain Practice (FIPP) pelo World Institute of Pain (WIP). Fellowship de Intervenção em Dor - Clínica Aliviar / sinpain Rio de Janeiro. Pós-graduação em Medicina Intervencionista da Dor Guiada Por Ultrassonografia – sinpain. Pós-graduação em Anestesia Regional - Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês.


Melasma: entenda o que é e como tratar as manchas na pele

A médica e especialista em dermatologia estética Dra. Kelly Pico explica que melasma é uma condição dermatológica em que ocorre o aparecimento de manchas escuras na pele, principalmente no rosto, mas também podem ocorrer em outras partes do corpo, como braços e pescoço. Essas manchas são geralmente marrom-claro a marrom-escuro e têm uma forma irregular, podendo se fundir ou serem separadas. 

O melasma é mais comum em mulheres, especialmente durante a gravidez e em mulheres que usam contraceptivos orais, mas também pode afetar homens. 

“Acredita-se que a exposição ao sol, mudanças hormonais, predisposição genética, estresse e uso de determinados medicamentos possam desencadear o aparecimento do melasma.” informa a Dra. Kelly Pico. 

Embora o melasma seja uma condição benigna e não represente um risco para a saúde, pode afetar significativamente a autoestima das pessoas afetadas. As manchas podem ser difíceis de esconder com maquiagem e, em alguns casos, podem ser resistentes aos tratamentos. 

O diagnóstico do melasma é feito por um especialista em dermatologia, que examina a pele e, em alguns casos, realiza uma biópsia. 

Existem várias opções de tratamentos estéticos para o melasma e outras formas de hiperpigmentação, incluindo:


1.Blend de ácidos: esse procedimento consiste em aplicar uma solução química na pele, que pode ser composta por ácidos como o ácido glicólico, ácido salicílico e ácido retinóico, entre outros. A solução química é aplicada na pele por um período específico de tempo, que pode variar de acordo com o tipo de pele e o tipo de ácido utilizado. O objetivo é remover a camada superficial da pele, reduzindo a aparência de marcas e manhas.

2.Microagulhamento medicamentoso na pele (MMP) com ácido tranexâmico: essa técnica utiliza pequenas agulhas na pele que inserem o medicamento, estimulando a produção de colágeno e melhorando a aparência das manchas de melasma. 

3. Terapia fotodinâmica: esse procedimento utiliza uma substância fotossensibilizadora, que é aplicada na pele e ativada por uma fonte de luz. 

4.Cremes clareadores: esses produtos são tópicos e contêm ingredientes como hidroquinona, ácido kójico e ácido azelaico, que ajudam a clarear a pele e reduzir a aparência de manchas e imperfeições. Geralmente, são usados uma ou duas vezes ao dia e devem ser prescritos por um especialista. 

“É importante ressaltar que o tratamento para o melasma e outras formas de hiperpigmentação pode ser longo, e os resultados podem variar de pessoa para pessoa. É fundamental que esses procedimentos sejam realizados por profissionais qualificados e com experiência em dermatologia estética. Além disso, é necessário manter uma rotina de cuidados com a pele, como usar protetor solar diariamente, para garantir que os resultados do tratamento sejam duradouros.” Finaliza a Dra. Kelly Pico.

 

Dra. Kelly Pico - CRM – 97978 - Especialista em dermatologia estética, formada pela Faculdade de Medicina ABC. Pós graduação em Medicina Estética e Medicina Preventiva.


4 impactos da amamentação na saúde bucal do bebê

 Muito além dos nutrientes contidos no leite, o aleitamento materno tem contribuição fundamental em toda a formação bucal, dentária e muscular da boca do bebê

 

A relação do bebê recém-nascido com o aleitamento materno fará parte da continuidade do seu desenvolvimento após o nascimento por um longo período, em áreas de sua saúde que muita gente nem imagina e, sobretudo, na saúde bucal. É o que revelam as especialistas no assunto: Dra. Vivian Farfel, odontopediatra pela USP, e Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra consultora internacional de lactação pela IBLC. 

As especialistas reuniram didaticamente 4 pontos cruciais que precisam ser conhecidos para que as pessoas possam tomar decisões conscientes em torno da alimentação de recém-nascidos em seus primeiros meses de vida com leite materno, pensando no perfeito equilíbrio neuromuscular dos tecidos que envolvem o aparelho mastigatório e a formação dos dentes:

 

1- Contribui com o pleno desenvolvimento muscular e ósseo. "O ato do aleitamento materno propicia ao bebê, ao longo do tempo, harmonia facial, auxilia na respiração nasal e na fala, no posicionamento adequado de dentes e da língua", explica a consultora de amamentação Cinthia Calsinski.

Vivian Farfel, explica que amamentado de forma natural, o bebê faz cerca 2.000 a 3.500 movimentos mandibulares, enquanto, através da alimentação artificial (mamadeira), os movimentos limitam-se a 2.000, fazendo com que o bebê acabe buscando outros meios para satisfazer o prazer emocional que a sucção traz (por meio de maus hábitos bucais, como a sucção do dedo e da chupeta).

A odontopediatra ainda reforça que o processo diminui a chance de cáries, melhora a qualidade dos dentes - por ser o leite humano uma importante fonte de cálcio - e diminui a chance da utilização de itens nocivos.

 

2- Uso da língua interfere no sistema nervoso autônomo. "A postura da língua ajuda a desenvolver o sistema nervoso autônomo, em particular o nervo vago, que é de extrema importância para o equilíbrio digestivo do organismo. Para extrair leite do seio materno, os bebês aprendem a usar a língua para empurrar o mamilo materno contra o palato", detalha a Dra. Vivian Farfel.



3- Previne contra dentes tortos. "Para extrair leite do seio materno, os bebês aprendem a usar a língua para empurrar o mamilo materno contra o palato. O que ajuda a desenvolver a maxila e ampliar o palato, abrindo espaço para os dentes, ajudando, assim, a prevenir dentes tortos", analisa Dra. Vivian, complementada pela especialista em lactação, Cinthia Calsinski: "A falta de estímulo adequado para músculos e ossos pode ocasionar esses desvios e a maloclusão, que é um mal encaixe entre as arcadas dentárias superiores e inferiores".



4-Oferece à boca os nutrientes necessários e pode até ter interferência genética! "O organismo materno faz um cálculo cuidadoso de quantos nutrientes ele pode dispensar. Além disso, sua composição varia durante o período de lactância no que se refere a componentes bioativos, incluindo fatores imunológicos, sugerindo que a mãe, através da amamentação, tem o poder de interferir na genética do seu filho durante a lactação e determinar se aquele bebê predisposto geneticamente a determinada doença irá ou não manifestá-la. O leite tem o poder de ligar e desligar determinados genes", revela Dra. Vivian Farfel.

  

Cinthia Calsinski - Enfermeira Obstetra - Enfermeira Graduada pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp. Enfermeira Obstetra pelo Centro Universitário São Camilo. Consultora do Sono Materno-Infantil formada pelo International Maternity e Parenting Institute (IMPI).


Especialista aponta principais fatores do endividamento brasileiro e dá dicas de como evitá-lo em 2023

Números de brasileiros endividados aumenta no Brasil, aponta pesquisa 

 

Segundo recente Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), o endividamento financeiro atingiu 77,9% das famílias brasileiras em 2022, um aumento de 7% em relação ao ano anterior.

Entre os principais “vilões” estariam dívidas com o cartão de crédito, com 86,6%; carnês de pagamentos, com 19%; e financiamentos de automóveis, com 10,4%, sendo a inadimplência recorde, batendo a casa dos 28,9%.

“O endividamento muitas vezes é reflexo da falta de uma educação financeira somada a uma compulsividade em comprar coisas, o que pode levar famílias inteiras a grandes complicações financeiras”, explica a consultora financeira da Zetra, Andreza Stanoski. 

Acompanhando esse cenário de perto já há algum tempo, Stanoski elenca alguns pontos importantes que contribuíram para o aumento do endividamento do brasileiro e como muitas vezes as “soluções” são, na verdade, problemas na hora de equilibrar as finanças.


Não existe dinheiro fácil

A tentação do dinheiro fácil ou disponível é certamente um dos maiores causadores de dívidas. E, entre eles, o cartão de crédito e o cheque especial ocupam os primeiros lugares nos rankings de endividamento.

O grande problema são os juros caríssimos que esse dinheiro fácil traz consigo, o que acaba sempre virando uma enorme bola de neve e faz com que as dívidas aumentem muito rápido. Existem muitas formas de mudar, reformar a casa, trocar de carro, porém, as pessoas preferem um financiamento e acabam pagando três vezes mais o valor daquele bem.

Além disso, muitas pessoas compram coisas que não usam. “E aí vem a fatura do cartão de crédito para elas pagarem um cheque especial, que vira uma bola de neve, e elas não conseguem sair desse ciclo do endividamento”, diz a especialista.


Evite novas dívidas

Existem dívidas que servem para adquirir patrimônio e melhorar o seu conforto, e outras dívidas que servem para quitar dívidas já existentes, que normalmente têm juros altos. São dívidas ruins e que precisam ser quitadas e canceladas, o que acontece com educação financeira.

Por exemplo, uma pessoa que utiliza o cartão de crédito como fonte extra de renda não deve mais utilizar o cartão. Isso vale para o cheque especial também. “Eu primeiro cancelaria o cheque especial e depois quitaria e diminuiria o limite do cartão de crédito. O limite do cartão de crédito sempre deve ser de 30% do valor da renda líquida. Não pode ultrapassar esse valor. Se ultrapassar esse valor, pode ser que a pessoa se endivide novamente”, explica Stanoski.


Quando buscar um empréstimo

Caso a única solução para um endividamento seja realizar um empréstimo, faça isso somente com a ajuda de um especialista, um consultor financeiro, que é a pessoa que vai ajudá-lo a não entrar novamente no ciclo do endividamento e fazê-lo conseguir sair desse comportamento de consumismo desenfreado.

No trabalho do consultor financeiro, ele não vai priorizar somente as dívidas; mas a realização dos objetivos dessa pessoa com foco na solução.

“É o mesmo que ir ao médico quando sentimos dor no nosso corpo. Se você sente dor de cabeça, você não vai ao ortopedista, e sim a um neurologista, que é o especialista. E nem pense na automedicação, que seria realizar empréstimos por conta própria”.

Buscar os menores juros também é uma saída. Normalmente, bancos públicos oferecem taxas mais atraentes, até mesmo para renegociar dívidas mais antigas. No fim das contas, tudo passa por criar hábitos e perder o vício pela dívida.

 

O conto de uma mulher com alma livre

Nasci mulher, feminina e feminista, mesmo sem nem saber o que era isso. Sou a caçula de três filhos. Única mulher. Nascida na década de 70, num lar estabilizado e estruturado, onde nada me faltou, tanto financeiramente quanto emocionalmente. A vida era bela!

Com nove anos precisei me virar sozinha, dentro de minhas possibilidades enquanto criança, pois meu irmão do meio estava “dando trabalho” e minha mãe voltou-se totalmente a ele.

Cresci e amadureci vendo coisas que me engrossaram a casca, porém nunca perdi a feminilidade que preservo até hoje (uma coisa nada tem a ver com a outra, diga-se de passagem). Ao mesmo tempo, ganhei uma enorme independência emocional e a certeza de que eu poderia fazer qualquer coisa a qual me dispusesse. E assim foi.

Hoje, nada me abala e tudo me ensina!

Essa introdução, pessoal e íntima, serve para demonstrar que a mulher é um ser infinitamente forte, organizado e determinado, e que quando você se preocupa em construir a realidade que deseja viver, dia após dia, a vida retribui e as vitórias vêm.

Entretanto “muita água ainda precisa rolar debaixo dessa ponte” para que, efetivamente, nós mulheres tenhamos os mesmos direitos e deveres que os homens. A história conta um pouco dessa árdua trajetória trilhada por nós, através de muita luta e participação ativa.

Para exemplificar trago Getúlio Vargas, que era simpatizante da causa feminista, sobretudo no tocante ao direito de voto. Em 1932, através dele, foi promulgado o novo Código Eleitoral, cuja comissão de redação contou com a participação de Bertha Lutz (a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras).

Estava então assegurada a cidadania política às mulheres brasileiras, embora sem a exigência da obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do voto. Os arts. 2º e 21 do novo Código Eleitoral continham os seguintes textos:

Art. 2º. É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste Código.

(...)

Art. 121. Os homens maiores de sessenta anos e as mulheres de qualquer idade podem isentar-se de qualquer obrigação ou serviço de natureza eleitoral.

Posteriormente, a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934 ratificou o direito constitucional de voto das mulheres.

Todavia, a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher somente veio com a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso I, da CF/88: "Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição". Dessa maneira, há igualdade em direitos e obrigações para homens e mulheres. Por direito, entendemos que é aquilo que pertence ao indivíduo em razão de normas, deste modo, homens e mulheres tem os mesmos direitos assegurados. Sobre obrigações, entenda como o dever que é incumbido ao homem e a mulher.

Nos primórdios havia o pater famílias, onde o poder familiar era exercido pelo homem e a mulher era submetida às vontades de seus maridos. Hoje em dia, muitas mulheres dividem os gastos de casa com seu cônjuge, outras até ganham mais que os homens e algumas sustentam a família sozinha. Ou seja, essa tal de igualdade de direitos e deveres foi bom para todos, não é mesmo?

Porém, não podemos deixar de observar que ainda existem diferenças “negativas” entre homens e mulheres no mercado de trabalho, que são: cargo, salário e possibilidades. Uma pesquisa do IBGE mostra, por exemplo, que, em 2019, as mulheres receberam, em média, 77,7% do montante obtido pelos homens. Nos cargos de direção e gestão, as mulheres receberam 61,9% do recebimento dos homens e nas profissões de ciências e intelectuais, essa diferença é de 63,9%.

A pesquisa fala também sobre as mulheres, apesar de possuírem níveis educacionais maiores que os homens, ainda terem menos oportunidades. Na população com 25 anos ou mais, somente 37,1% das mulheres não possuíam nenhuma instrução ou tinham o ensino fundamental incompleto, enquanto entre os homens o percentual é de 40,4%. E isso se dá no mundo todo, não só no Brasil.

Note-se também que a vida pessoal das mulheres, como o caso de serem mães e cuidadoras dos seus lares, fazem com que elas tenham, além de espaço menor no mercado de trabalho, uma carga horária total de trabalho (fora e dentro de casa) muito maior que a dos homens.

Agora falando em leis, em setembro de 2022, no Brasil, entrou em vigor a Lei nº 14.457/2022, que institui o Programa Emprega + Mulheres e prevê expressamente a igualdade salarial entre homens e mulheres que exerçam a mesma função. Porém, como não houve alteração na CLT, na prática as mudanças podem não ocorrer. Ou seja, a luta continuará.

Porém, existem as diferenças de gênero que trazem contribuições para o mercado de trabalho e que, num futuro próximo, esperamos que sejam as únicas das quais falaremos.

Mulheres e homens são seres biologicamente diferentes e, com isso, trazem visões diferentes com relação à forma de agir, pensar e ser no mercado de trabalho. Essas diferenças devem ser vistas de forma positiva e utilizadas, inclusive, de forma estratégica.

Há cinco características femininas que são muito valorizadas do mercado de trabalho: gestão de relacionamento, profissional multitarefas, sensibilidade aguçada, boa imagem pessoal, capacidade de superação e perseverança. Enquanto, se fôssemos listar as características masculinas essas seriam distintas e, talvez, até opostas.

Estudos comprovam que há diferenças cerebrais entre homens e mulheres, que interferem na forma com que cada gênero atua. Muitas empresas já entenderam essas diferenças e as utilizam estrategicamente. Colocam homens em cargos mais técnicos e mulheres em cargos nos quais se utiliza a empatia, por exemplo.

Utilizar a diferença entre homens e mulheres de forma positiva, agregadora e construtiva é o caminho a ser seguido. Enxergar que existem diferenças, e valorizá-las, é o que fará com que tenhamos um mercado de trabalho, e um mundo, com desigualdades de gêneros “positivas”.

Atualmente, creio que o maior receio das mulheres de se colocarem em posição de buscar seus direitos não tem relação somente com questão salarial e de função a ser ocupada, mas sim, e infelizmente, com muitas outras questões. A violência e represália contra as mulheres é uma infeliz realidade no Brasil. Em muitos países onde o patriarcado ainda tem uma influência muito maior, essa situação de diferença é tão ou muito mais marcante. Ainda bem que leis estão sendo elaboradas e aplicadas cada vez mais em prol de nossa integridade física e garantia de nossos direitos.

Para concluir deixo minha visão pessoal sobre mulheres e homens: eles se complementam!

Basta que saibamos respeitar as conquistas uns dos outros, valorizando o ser humano conforme sua capacidade e abrindo a mente para a ideia de que as mulheres chegaram para ficar, tanto na política, quanto na sociedade e no mercado de trabalho.

Desde sempre lutei pelos meus objetivos e acabei abrindo caminho para muitas outras mulheres, inclusive minha filha. Nunca pensei em me impor ou me vitimizar por ser mulher, em nenhuma circunstância, simplesmente segui com naturalidade a estrada da vida, sem me preocupar se os obstáculos que apareciam surgiram por eu ser mulher ou não.

Sempre pensei: obstáculos são para serem superados. Então fui lá e superei.  

 

Ana Claudia Cardoso Braga - advogada da Toledo e Associados, especializada em Direito Internacional e Imigração e Membro da Comissão de Direito e Relações Internacionais da OAB/SP, subseção Santos.


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