Confundida com asma, bronquite e até
problemas cardíacos, condição é de difícil diagnóstico, o que atrasa o
tratamento adequado com o pneumologista [ii]
Desde o início da pandemia de Covid-19,
criou-se uma alerta para outras doenças respiratórias que podem ser facilmente
confundidas com a infecção. Agora, uma nova preocupação começa a ganhar força
entre pessoas que tiveram a doença: o aumento de diagnósticos de fibroses
pulmonares que dificultam a respiração plena.
Um dos tipos da doença é a fibrose pulmonar
idiopática (FPI), condição rara, de causa desconhecida (idiopática), crônica e
progressiva, que afeta os pulmões, causando cicatrizes (fibrose pulmonar) que
reduzem a área de troca de ar e que atrapalham a oxigenação do sangue.[iii]
A doença atinge de 0,22 a 17,4 pessoas
a cada 100.000 indivíduos[iv]. É mais comum em homens acima de 60 anos, fumantes e
ex-fumantes[v]. Entre os sintomas mais comuns estão a falta de ar e a
tossev. “Esses sinais são muitas vezes confundidos com o
envelhecimento e atribuídos a doenças cardíacas ou outras doenças
respiratórias, o que costuma atrapalhar e atrasar o diagnóstico correto”
explica a pneumologista Dra. Regina Tibana. Atualmente, a doença é tratada com
medicamentos antifibróticos que atuam retardando sua progressãov.
A pesquisa “Panorama das doenças
pulmonares raras no Brasil” realizada pelo Datafolha e a Boehringer Ingelheim
entrevistou pacientes, cuidadores e médicos que tratam doenças pulmonares
intersticiais (DPIs), entre elas, a FPI. Ao todo, 36% dos pacientes com FPI
relataram que entre os desafios durante sua jornada, a etapa mais longa foi
entre o diagnóstico e o início do tratamento[vi]. Em seguida, foi o tempo entre a suspeita da doença, a
solicitação e a realização de exames específicos (26%). Já do ponto de vista
médico, a etapa mais longa da jornada do paciente é o pré-diagnóstico.
“Após o início do tratamento, manter as
consultas regularmente é muito importante. Principalmente quando os dados
apontam que 17% dos pacientes com FPI disseram que a doença piorou em menos de
um ano”, explica a pneumologista. O tempo médio para o diagnóstico da FPI,
segundo pacientes, é de três anosvi. “Isso se dá pela falta de
informações sobre a doença, tanto do ponto de vista do médico quanto dos
pacientes”.
Em média, 28% dos pacientes com FPI
demoraram até três anos para o diagnóstico da doençavi. Após o
diagnóstico de FPI, 82% dos pacientes relatam demora de um ano até iniciar o
tratamento e 14% relatam demora de quase quatro anosvi. Entre as
dores mais comuns, 60% dos pacientes com FPI relatam incômodo nos músculos e
articulaçõesvi.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico pode ser feito pela
combinação do histórico clínico do paciente, tomografia computadorizada de
tórax e, em alguns casos, a biópsia pulmonar
cirúrgica pode ser necessáriav. A correta identificação da doença é
fundamental para iniciar o tratamento adequado do paciente.
A evolução dos medicamentos foi
considerada um divisor de águas para médicos e pacientes. Até 2016, eram
administrados apenas tratamentos para sinais e sintomas. “Os novos
antifibróticos atuam impedindo a proliferação descontrolada das células que formam
as cicatrizes, desaceleram o ritmo de evolução da doença e diminuem os riscos
de exacerbação da FPIiii v [vii]”, esclarece a Dra. Regina Tibana.
Além do uso de medicamentos, alguns pacientes podem aderir a
um programa de reabilitação pulmonar, com a prática de atividades físicas
adequadas para cada nível da doença. “É muito importante que as pessoas não se
acostumem com a falta de ar e que procurem um pneumologista para tomar os
devidos cuidados com a saúde do seu pulmão. Só assim é possível ampliar a
qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares”, explica a médica.
Boehringer Ingelheim
[i]
Tanni SE, Fabro AT, de Albuquerque A, Ferreira EVM, Verrastro CGY, Sawamura
MVY, et al. Pulmonary fibrosis secondary to COVID-19: a narrative review,
Expert Review of Respiratory Medicine, 15:6, 791803, disponível aqui.
[ii]
Cosgrove, G. P., Bianchi, P., Danese, S., & Lederer, D. J. (2018). Barriers
to timely diagnosis of interstitial lung disease in the real world: the
INTENSITY survey. BMC Pulmonary Medicine volume 18, Article number: 9 (2018).
[iii]
Raghu G, Remy-jardin M, Myers JL, et al. Diagnosis of Idiopathic Pulmonary
Fibrosis. An Official ATS/ERS/JRS/ALAT Clinical Practice Guideline. Am J Respir
Crit Care Med. 2018;198(5):e44-e68.
[iv]
L. Wollin, E. Wex, A. Pautsch, et al. Mode of action of nintedanib in the
treatment of idiopathic pulmonary fibrosis. Eur. Respir. J. 2015; 45:
1434-1445.
[v]
Richeldi L, du Bois RM, Raghu G, Azuma A, Brown KK, Costabel U, et al. Efficacy
and safety of nintedanib in idiopathic pulmonary fibrosis. N Eng J Med.
2014;370(22):2071--82.
[vi]
Pesquisa Datafolha: Panorama das doenças pulmonares raras no Brasil. População
Brasileira -- Médicos PM745174. abril e maio de 2021.
[vii]
Richeldi L, Cottin V, du Bois RM, Selman M, et al. Nintedanib in patients with
idiopathic pulmonary fibrosis: Combined evidence from the TOMORROW and
INPULSIS(®) trials. Respir Med. 2016 Apr;113:74-