O Dia das Crianças está chegando e é importante aproveitar este momento para aprender a olhar com mais calma e entender quando uma criança estiver passando por algo; por conta disso, a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC, fala um pouco sobre violência psicológica infantil e lista algumas expressões das crianças que os responsáveis precisam ficar atentos
No dia 12 de outubro, comemora-se o Dia
das Crianças. Uma data que deve ser comemorada, mas também serve como um
momento para entender a importância de olhar com atenção às crianças à sua
volta e entender se elas podem estar passando por algo. Para se ter ideia, um
levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) aponta que
entre 2010 e 2020, pelo menos 103.149 crianças e adolescentes acabaram morrendo
no Brasil vítimas de agressão. Deste número, cerca de 2 mil vítimas tinham
menos de quatro anos. Recentemente, esteve em destaque o caso de Henry Borel,
uma criança de quatro anos que sofreu uma série de lesões que indicavam
agressões físicas e supostamente causaram sua morte dentro da casa do padrasto.
De acordo com a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, é importante estar sempre atento às reações das crianças sobre determinados temas. “Os sinais de que a criança está sofrendo algo podem aparecer de variadas formas, desde alterações no sono, crises de choro, marcas no corpo, dificuldade para dormir, problemas na escola e medo de certas pessoas. São alguns sinais que muitas vezes podem ser pequenos e interpretados como ‘birra’ pelos adultos, mas é necessário manter os olhos abertos para nunca deixar que os casos cheguem a extremos”, explica.
Além disso, quando os responsáveis não conseguem identificar o motivo de certas reações da criança a determinadas situações, é importante buscar o olhar de um profissional. “Muitas vezes, a criança não consegue explicar o que está acontecendo com ela, seja por medo de alguém ou por não entender as situações direito. Por conta disso, uma boa iniciativa dos responsáveis é entrar em contato com profissionais que entendam de comportamento infantil para encontrar a melhor forma de compreender o que está acontecendo com a criança e ajudá-la”, complementa a psicóloga.
Pensando nisso, a psicóloga listou quatro expressões que podem ajudar a identificar situações de abuso e/ou violência infantil. Confira:
“Mãe, não quero ir para escola”
O medo de ir para a escola é uma característica de crianças que costumam sofrer violência física ou verbal dentro das dependências escolares. “Dentro das escolas, alguns jovens costumam se juntar em grupos para ter atitudes agressivas contra alguém. Quando a criança demonstra o medo de ir à escola, é importante que o responsável converse com ela e busque entender o motivo do sofrimento. Além disso, o ideal é ir até a escola para ter uma conversa com os coordenadores e professores e buscar algum posicionamento da parte deles para que isso não volte a ocorrer novamente”, explica.
“Eu
não quero voltar para casa”
O receio da criança de voltar para casa é um grande indício de que ela pode estar sofrendo algum tipo de violência vinda por parte de alguém que mora com ela. “É necessário se manter atento aos mínimos sinais quando falamos de violência, seja física ou psicológica, dentro de casa. Se cometida por algum dos responsáveis, o esperado é que a criança tenha medo e mais dificuldade em contar o que está acontecendo dentro de casa. Por conta disso, é importante buscar criar uma relação de confiança com a criança para que ela consiga contar o que está acontecendo, e não invalidar suas reações, como muitas vezes acaba acontecendo por acreditarem que é birra ou algo que não merece atenção”, diz a psicóloga.
“Quando
ele(a) vem quero ir para vovó ou outro parente”
A necessidade de manter-se afastado de alguma pessoa, pode acontecer por conta de determinadas ações cometidas contra a criança. “Quando a criança não consegue ficar perto de alguém, os responsáveis devem se alertar imediatamente. Em situações como estas, é provável que a criança tenha sofrido com tentativas de violências, sejam físicas ou verbais, pela pessoa em específico. A melhor forma de lidar com a situação, é perguntar para a criança se aconteceu algo que tenha a deixado assustada”, explica Gebrim.
“Eu
não quero brincar, quero ficar sozinho(a)”
A mudança drástica de comportamento é um dos principais indicativos de que a criança está passando por algum tipo de dificuldade. “Muitas vezes, os sinais são encontrados quando uma criança que é alegre e agitada, se torna quieta, acuada, triste e às vezes até mesmo agressiva. O sono e alimentação da criança podem mudar, além dela poder começar a apresentar sinais de baixa autoestima e depressão. Quando o responsável identifica esses comportamentos, é preciso procurar ajuda profissional para entender a origem do problema, principalmente se a criança não se abrir sobre o que está acontecendo", conclui a psicóloga.
É sempre importante ficar atento ao perfil do agressor que, na maioria das vezes, são diagnosticados com algum distúrbio. Nos casos de psicopatia, que podem estar entre as opções de diagnóstico, é preciso entender que existem diferentes graus, ou seja, nem todo psicopata comete crimes, podendo conviver em sociedade sem que jamais suspeitem da sua condição. Entretanto, é importante sempre manter os olhos abertos com qualquer atitude considerada suspeita.
“A psicopatia é um transtorno mental grave, em que a pessoa pode apresentar comportamentos amorais sem demonstrar remorso ou arrependimento. Na maioria das vezes, o psicopata não tem nenhuma empatia ao ver a dor do outro, conseguindo não desenvolver grandes vínculos afetivos. São pessoas que costumam manipular, mentir e fingir as próprias emoções. Por conta de tudo isso, é importante que os responsáveis estejam sempre atentos à quem colocam perto das crianças”, conclui Vanessa Gebrim.
Vanessa Gebrim - Pós-Graduada e
especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento
profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área
de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam
psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes
com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em
Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play
Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o
tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Atua também como
Consteladora Familiar, com abordagem sistêmica que promove o equilíbrio e
melhora relações interpessoais. Tem amplo conhecimento clínico, humanista,
positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que
contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de
atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata
transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC,
ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais,
distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto,
entre outros.