HPV: saiba mais sobre esta Infecção Sexualmente
Transmissível (IST)¹
A
melhor forma de prevenção é a imunização por meio da vacinação; ginecologista e
professor da UFRGS esclarece as principais informações
Professor UFRGS esclarece
Imagine um vírus tão
comum, mas tão comum que quase todos os homens e mulheres serão infectados por
um ou mais de seus inúmeros tipos. Assim é o papilomavírus humano (HPV), que é
um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens
quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus),
lesões pré-câncer e câncer, a depender do tipo de vírus¹. Estima-se que cerca
de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas2.
Para entender mais
sobre esta Infecção Sexualmente Transmissível (IST)¹, o médico ginecologista e
professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Valentino Magno,
esclareceu as principais dúvidas acerca do tema, bem como os sintomas, como é
feito o diagnóstico, os tratamentos disponíveis e as melhores práticas de
prevenção que estão disponíveis a população.
O que é o HPV
Sigla em inglês para
Papilomavírus Humano (Human Papiloma Virus - HPV). Os HPV são vírus capazes de
infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos
quais cerca de 40 podem infectar o trato genital. Destes, aos menos 12 são de
alto risco e podem provocar câncer (oncogênicos) e outros podem causar verrugas
genitais³.
"O HPV é
transmitido através da relação sexual, seja ela uma relação vaginal, anal ou
oral. Esse é um tipo de infecção que pode ser silenciosa, ou progredir de forma
lenta, tendo os sintomas descobertos apenas quando já está em um estágio mais
avançado do que gostaríamos, por isso a importância dos exames de
acompanhamento com o médico", afirma o ginecologista.
Os sintomas
Na maioria dos casos,
o HPV desaparece por si próprio e não causa problemas de saúde. Mas quando o
vírus não desaparece, pode causar problemas de saúde como verrugas genitais e
até mesmo câncer4.
Verrugas genitais
geralmente aparecem como uma pequena protuberância ou grupo de protuberâncias
na área genital. Elas podem ser pequenas ou grandes, elevadas ou planas. Porém,
o HPV também pode causar o câncer cervical e outras lesões, incluindo as de
vulva, vagina, pênis ou ânus. Também pode causar câncer no fundo da garganta,
incluindo a base da língua e as amígdalas (chamadas de câncer de orofaringe).
Não há como saber quais pessoas com HPV desenvolverão câncer ou outros
problemas de saúde, por isso a importância de rastrear com exames médicos a
população4.
"Qualquer pessoa
sexualmente ativa pode contrair o HPV, mesmo que tenha feito sexo com apenas
uma pessoa. HPV não está necessariamente está associado com promiscuidade e nem
com traição. Sem contar que o paciente também pode desenvolver sintomas anos
depois do contágio. Isso dificulta saber quando o paciente foi infectado. Por
isso, é importante sempre fazer uma avaliação semestral ou anual com o
ginecologista ou urologista, no caso dos homens, de sua confiança.",
ressalta Dr. Valentino.
O diagnóstico
O diagnóstico do HPV é
atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do
tipo de lesão, se clínica ou subclínica¹.
• Lesões clínicas:
podem ser diagnosticadas, por meio do exame clínico urológico (pênis),
ginecológico (vulva/vagina/colo uterino) e dermatológico (pele).
• Lesões subclínicas:
podem ser diagnosticadas por exames laboratoriais, como: o exame preventivo
Papanicolaou (citopatologia), colposcopia, peniscopia e anuscopia, e também por
meio de biopsias e histopatologia para distinguir as lesões benignas das
malignas. Em alguns casos, também podemos utilizar a testagem genética do HPV.
Os tratamentos
Não há tratamento para
o próprio vírus. No entanto, existem recursos terapêuticos para os problemas de
saúde que o HPV pode causar4:
• As verrugas genitais podem ser tratadas
diretamente pelo seu médico no consultório ou com medicamentos prescritos. Se
não tratada, as verrugas genitais podem desaparecer, permanecer iguais ou
crescer em tamanho ou número.
• O pré-câncer
cervical
pode ser tratado. As mulheres que fazem exames de rotina e fazem o
acompanhamento conforme necessário podem identificar problemas antes que o
câncer se desenvolva. A prevenção é sempre melhor que o tratamento.
• Outros cânceres
relacionados ao HPV também são mais tratáveis quando
diagnosticados e tratados precocemente.
A prevenção
O ginecologista Dr.
Valentino reforça que o uso de preservativos ajuda, mas não garante proteção
total contra o HPV, uma vez que o vírus permanece na pele e está presente em
toda a região genital4. "O ideal é que os homens e mulheres usem a
camisinha em todas as relações sexuais e também façam seus exames preventivos.
E para completar o tripé de prevenção ainda temos a vacinação contra doenças e
cânceres relacionados ao HPV", afirma o especialista.
Quem deve tomar a
vacina contra HPV:
A vacina é distribuída
gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
Pessoas que vivem com HIV e pacientes transplantados na faixa etária de 9 a 26
anos também tem a vacinação gratuita no posto de saúde¹.
Estimativas apontam
que a probabilidade de infecção em algum momento da vida é de 91,3% para homens
e 84,6% para mulheres. Mais de 80% das pessoas de ambos os sexos contraem o
vírus antes dos 45 anos5. Por isso, adultos que ainda não foram vacinados podem
decidir receber a vacina contra o HPV após conversar com seu médico sobre o
risco de novas infecções por HPV e os benefícios da vacinação4.
A Sociedade Brasileira
de Imunizações, em seu calendário de vacinação para adultos (https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-adulto.pdf),
também considera a vacinação de mulheres e homens, mesmo que previamente
infectados pelo HPV.
Referências:
1 - Ministério da
Saúde. HPV: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção.
Disponível em: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/hpv.
Acesso em 15 de maio de 2020.
2-SANJOSÉ S et al.
Worldwideprevalenceandgenotypedistributionof cervical humanpapillomavirus DNA
in womenwith normal cytology: a meta-analysis. The Lancet infectiousdiseases,
New York, v.7 n.7, p.453-459, jul. 2007.
3- Ministério da
Saúde. Guia Prático sobre o HPV. Brasília. Fevereiro de 2014. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//guia-pratico-hpv-2013.pdf.
Acesso em: 15 de maio de 2020.
4- Centers for
DiseaseControl andPrevention (CDC). Genital HPV Infection:
FactSheet. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/hpv/stdfact-hpv.htm.
Acesso em 15 de maio de 2020.
5-
Chesson, Harrell W. PhD; Dunne, Eileen F. MD, MPH; Hariri, Susan PhD;
Markowitz, Lauri E. MD The
EstimatedLifetimeProbabilityofAcquiringHumanPapillomavirus in the United
States, SexuallyTransmittedDiseases: November 2014-Volume 41-Issue 11-p660-664.
Disponível em: https://journals.lww.com/stdjournal/Fulltext/2014/11000/The_Estimated_Lifetime_Probability_of_Acquiring.4.aspx. Acesso em 15 de maio
de 2020