Neste mês, a campanha “Janeiro Verde-Piscina” se dedica à conscientização sobre o câncer de colo de útero, doença que mata mais de 300 mil mulheres por ano no mundo e que, no Brasil, atinge mais de 16 mil mulheres no período, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Segundo Lucas Sant'Ana, médico oncologista do OncoCenter Dona
Helena, de Joinville (SC), trata-se do terceiro tipo de câncer mais prevalente
entre a população feminina, acometendo, principalmente, mulheres com menos de
50 anos. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, esse tumor maligno está
atrás apenas do câncer de mama e do colorretal nesta mesma estatística. Também
é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
Uma das mulheres atingidas e que trouxe à tona o tema foi a
apresentadora Fátima Bernardes, de 58 anos, da TV Globo, que descobriu a doença
em estágio inicial e conseguiu tratá-la por meio de intervenção cirúrgica.
Alterações deste tipo são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido
também como Papanicolaou ou Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade
dos casos. Por isso, é importante a realização periódica deste exame, uma vez
que a detecção precoce aumenta as chances de cura.
Segundo o oncologista, o vírus HPV (sigla em inglês para
papilomavírus humano), é o principal fator associado ao aparecimento do câncer
de colo uterino. “A transmissão se dá pela via sexual, o que explica por que a
maioria dos casos ocorre durante a vida sexual ativa. Pelo mesmo motivo,
pacientes com número elevado de parceiros sexuais têm maior probabilidade de
adquirir o vírus e desenvolver o câncer de colo de útero”, alerta o
profissional. Outros fatores, como tabagismo, imunossupressão, HIV positivo e
uso prolongado de pílulas anticoncepcionais também podem estar
associados.
O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento,
que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Quando se desenvolve, os
principais sintomas relacionados ao câncer de colo de útero são sangramento
vaginal, principalmente durante as relações sexuais, sensação de peso e dor na
região da bacia, dor pélvica, sintomas urinários e retais, e secreção vaginal
de odor desagradável. A extensão da doença no útero pode levar, de acordo com
Sant'Ana, a complicações como dor, infecções e infertilidade. Outros órgãos,
adjacentes ou não ao colo do útero, podem ser atingidos.
Prevenção é primordial
O tratamento do câncer de colo de útero depende do estágio no qual
a doença se encontra, por isso a importância de ações preventivas para o
diagnóstico precoce. Para estágios iniciais, a cirurgia costuma ser curativa.
Nos mais avançados, pode haver necessidade de radioterapia e/ou quimioterapia.
“O diagnóstico precoce de lesões pré-malignas pode diminuir a possibilidade de
que o câncer apareça, já que é possível tratá-las em fase mais inicial”,
explica o especialista.
Os principais métodos de prevenção são o uso de preservativo
sexual, a realização periódica do exame ginecológico Papanicolaou e a
vacinação. “Existem duas vacinas disponíveis para combater o HPV. O ideal é que
meninas sejam vacinadas antes do início da vida sexual”, detalha. “A limitação
dessas vacinas é que elas não previnem todas as infecções pelo HPV, assim como
nem todos os cânceres do colo uterino são associados à infecção por esses
vírus”, ressalta o médico. Por isso, o exame do Papanicolaou, voltado para
rastrear alterações nas células do colo do útero, é recomendável mesmo em
mulheres vacinadas.
“O Papanicolaou é uma das maiores armas da medicina para
identificar esse tipo de enfermidade, inclusive infecções pelo HPV, que podem
ser tratadas antes que se transformem em câncer”, enfatiza o oncologista. Em
algumas ocasiões, segundo ele, o exame poderá ser complementado com a
colposcopia, procedimento que possibilita melhor visualização dos tecidos da
vagina e do colo. A recomendação é que as mulheres devem fazer o exame três
anos após a primeira relação sexual e anualmente a partir de então. Mulheres
que não tiveram relação sexual até os 18 anos devem fazer o Papanicolaou,
anualmente, a partir dos 21 anos.
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