Apesar de nomenclaturas semelhantes, as doenças são diferentes e quando diagnosticadas no estágio inicial, o tempo de sobrevida da paciente pode ser maior
O câncer do colo do
útero, também conhecido como câncer cervical, é o terceiro tipo de câncer mais
comum entre as mulheres no Brasil¹, causado pela infecção persistente de alguns
tipos de alto risco do HPV (Papilomavírus Humano), que é uma IST. A estimativa
do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é que sejam registrados neste ano
16.590 novos casos de câncer do colo do útero².
"Essa é uma
doença com progressão lenta, que pode não apresentar sintomas em fase inicial e
em casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente
(vai e volta) ou após a relação sexual", explica a Dra. Neila Speck,
UNIFESP.
Já o câncer do
endométrio (revestimento interno do útero), é o tipo mais comum de câncer do
colo do útero acomete principalmente mulheres com mais de 50 anos.Para este
ano, a estimativa do INCA2 é de 6.540 novos oitavo tipo mais comum entre as
mulheres no Brasil. "Apenas 20%, ou menos, das mulheres com câncer de
endométrio estão na fase de pré-menopausa. Menos de 5% estão abaixo dos 40 anos
de idade.
Os fatores de risco
Na maioria das vezes
a infecção pelo HPV é transitória e regride espontaneamente, entre seis meses a
dois anos após a exposição. Além dos aspectos relacionados com a infecção pelo
HPV, podemos considerar a imunidade, genética, comportamento sexual e idade.
Desde 2017, o Ministério da Saúde recomenda a vacina para meninas de 9 a 14
anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18
do HPV e está disponível na Rede Pública. Os dois primeiros são considerados de
baixo risco, e causam verrugas genitais. Já os dois últimos, são responsáveis
por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. "O ideal é que a
vacina seja aplicada antes do início da atividade sexual, ou seja, antes do
contato com o HPV, que afirma a especialista.
A causa da maioria
dos casos de câncer de endométrio é desconhecida, mas sabe-se que existem
determinados fatores de risco. O principal é o excesso de hormônio estrogênio
circulante na corrente sanguínea (hiperestrogenismo). Os fatores associados ao
hiperestrogenismo são: obesidade, uso inadequado da terapia de reposição
hormonal, menarca precoce, menopausa tardia, não ter filhos, infertilidade,
diabetes, pressão arterial elevada, sedentarismo e idade.
Papanicolaou
O exame preventivo
do câncer do colo do útero, chamado Papanicolaou ou citologia, é a
principal estratégia para detectar lesões iniciais e fazer o diagnóstico
precoce da doença. "O exame é simples, realizado no consultório do
ginecologista e consiste na introdução de um espéculo na vagina para coletar
amostras da superfície externa do colo do útero e do canal endocervical. Depois
de coletado, o material é enviado para análise em laboratório por meio de
avaliação microscópica", explica a médica.
Há duas metodologias
para analisar a amostra: Papanicolaou convencional ou Citologia em Meio
Líquido. Na primeira, o material é coletado por uma espátula e por uma
escovinha similar a um pincel de rímel. A amostra é então colocada em uma
lâmina de vidro e os instrumentos de coleta são descartados após o
procedimento. Já na segunda, existem diferentes formas de realizar a coleta e
uma delas, após a coleta, a escova utilizada tem a cabeça desprendida da haste
colocada em um recipiente com uma solução (meio líquido) e é enviada ao
laboratório. No método convencional, após a preparação da lâmina, a espátula e
a escovinha são descartadas, grande parte da amostra é perdida o que pode fazer
com que células eventualmente alteradas não sejam analisadas, podendo levar a
um resultado falso-negativo.
Histeroscopia com
biópsia
Para detectar o
câncer do endométrio é realizado um exame por meio da histeroscopia com
biópsia. "É também um procedimento simples, podendo ser realizado em
consultório médico. Através da vagina, é introduzido no colo do útero uma
cânula com 1,2 a 4 mm de diâmetro que tem uma microcâmera e uma luz na ponta.
Durante o exame, as imagens são transmitidas em tempo real em um monitor e,
caso alguma alteração seja encontrada, pode-se realizar uma biópsia."
Finaliza a médica.
Tratamento
O tratamento para os
dois tipos de câncer vai depender da fase em que o tumor se encontra e do caso
de cada paciente, que vai ser avaliado e orientado pelo médico.
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