OPINIÃO
Pandemias,
guerras, crises e revoluções, embora tragam impactos desafiadores para a
humanidade no curto e médio prazos, também funcionaram historicamente como
catalisadores do desenvolvimento econômico e social de sociedades. Em tempos
difíceis, como nestes momentos históricos e transformadores, a inovação e a
evolução tecnológica ganham protagonismo e aceleram a superação dos desafios.
Historiadores nos lembram que “germes, armas e aço” possuem papeis
determinantes nos modelos de sociedade que vivemos atualmente.
Neste cenário global de crise sanitária, causada pelo novo coronavírus, alguns
setores da economia já começam a mostrar a sua força e o seu potencial de
desenvolvimento acelerado, de transformação. É o caso da energia solar
fotovoltaica. No Brasil e no mundo, esta fonte limpa, renovável e competitiva
tem sido elencada dentre as principais apostas de governantes, entidades e
empresas para a retomada do crescimento econômico no pós-pandemia.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(ABSOLAR), o Brasil acaba de ultrapassar a marca histórica de 6 gigawatts (GW)
de potência operacional da fonte solar fotovoltaica em usinas de grande porte e
pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos. Desde
2012, a fonte já trouxe R$ 31 bilhões em novos investimentos privados ao País,
tendo gerado mais de 180 mil empregos acumulados.
Somente nos primeiros seis meses de 2020, a solar fotovoltaica foi responsável
pela geração aos brasileiros de mais de 41 mil empregos, mesmo com a queda da
atividade econômica decorrente da pandemia da Covid-19.
De janeiro a junho deste ano, o setor adicionou 1381 megawatts (MW) em
capacidade instalada, o que representa um crescimento de 30,6% frente ao
histórico consolidado até o final de 2019. Nestes seis meses, foram atraídos
novos investimentos privados ao Brasil de R$ 6,5 bilhões. Com isso, os empreendimentos
fotovoltaicos já operacionais proporcionaram uma arrecadação agregada de
R$ 2,5 bilhões em tributos aos cofres públicos em 2020.
Nosso País possui um dos melhores recursos solares do planeta e, com isso, tem
assumido uma posição cada vez mais destacada no desenvolvimento e uso da
tecnologia fotovoltaica. Segundo apuração da ABSOLAR, com base em dados da
Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), o Brasil assumiu a 16ª
posição no ranking mundial da fonte solar fotovoltaica. Com isso, ingressamos
nos TOP 20 países com mais capacidade instalada da fonte em operação, somando
as grandes usinas centralizadas e os pequenos sistemas distribuídos em
residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e no setor público.
Dados da ABSOLAR apontam que o Brasil avançou 5 posições do final de 2018 até o
final de 2019, atingindo um total acumulado de 4.533 MW no período. Apenas em
2019, foram adicionados 2.120 megawatts (MW), impulsionados pelo avanço da
geração distribuída, que instalou 1.470 MW, e seguidos de 650 MW de geração
centralizada. Com isso, o Brasil fechou o ano de 2019 com R$ 24,1 bilhões em
investimentos privados acumulados na fonte solar fotovoltaica, tendo gerado
mais de 134 mil empregos acumulados desde 2012. Apenas no ano de 2019, o setor
trouxe ao Brasil R$ 10,7 bilhões em novos investimentos e mais de 63 mil
empregos.
O ranking mundial é liderado pela China, seguida do Japão, Estados Unidos e
Alemanha, com destaque para o crescimento significativo da Índia no período. No
caso brasileiro, em 2017, o País ocupava a 27° posição. Já em 2018, saltou para
21° e, no último exercício, subimos para o 16° lugar.
Apesar da positiva subida do Brasil no ranking, o País permanece aquém de seu
potencial solar, quando comparado às demais fontes renováveis. Há muitos anos,
estamos entre as dez principais nações nas fontes hídrica (2º lugar), biomassa
(2º lugar) e eólica (8º lugar). Porém, na fonte solar ainda não atingimos
sequer o TOP 10 no mundo. Temos totais condições de chegar lá e mudar este
quadro: o avanço recente do mercado mostra que ainda há um oceano de
oportunidades para quem quer trabalhar e empreender neste mercado no Brasil.
Em menos de 10 anos, a fonte solar fotovoltaica se tornou a renovável mais
competitiva do País, um feito histórico no setor elétrico brasileiro. Com isso,
passou a representar uma forte locomotiva para o desenvolvimento sustentável,
com geração de emprego e renda, atração de investimentos, diversificação da
matriz elétrica e benefícios sistêmicos para todos os consumidores.
O Brasil tem muito a ganhar com o crescimento da energia solar fotovoltaica e
deve avançar cada vez mais, para se tornar uma liderança mundial no setor. Para
enfrentarmos as múltiplas crises sanitária, econômica, social e ambiental que
as sociedades do século XXI têm pela frente, a solar fotovoltaica será parte
estratégica da solução.
Rodolfo Meyer, Rodrigo Sauaia e
Ronaldo Koloszuk