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terça-feira, 2 de abril de 2019

Federação dos Hospitais alerta serviços de saúde para a meningite

Foto de divulgação / Meningite meningocócica


A FEHOESP- Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo, representante de 55 mil serviços privados de saúde, está enviando novo alerta para o setor para a ocorrência de meningite.
                                                                                                         

Em campanha junto aos estabelecimentos de saúde, a Federação pede cautela e cuidado no diagnóstico de pacientes que chegarem aos pronto-socorros, clínicas e hospitais com sintomas parecidos com uma gripe.

Segundo o médico Yussif Ali Mere Jr, presidente da FEHOESP, com a ocorrência de casos de meningite meningocócica, dengue, zica e chikungunya e a volta do sarampo, é preciso redobrar a atenção para que sintomas de uma doença mais grave não sejam confundidos com o de uma gripe. “Importante que serviços de saúde, médicos e profissionais estejam atentos à ocorrência dessas doenças e realizem um diagnóstico criterioso para que não ocorram erros de avaliação”, alerta o médico.

No entanto, o presidente da FEHOESP alerta  para o fato de que não existe integração entre as políticas públicas de saúde e o setor privado. “Funcionam como dois sistemas independentes. É como se o segmento privado funcionasse dissociado do sistema público de saúde, que deveria ser único, hierarquizado e totalmente integrado. A falta de integração propicia atendimentos em duplicidade, dificuldades no acesso do paciente, maiores custos e menor eficiência no atendimento médico-hospitalar”, destaca.

Para o médico, é imprescindível integrar as ações preventivas  para que o sistema de saúde realmente funcione como um todo.


Meningites

Consultado pela FEHOESP, o professor e infectologista Roberto Focaccia, autor de diversos tratados da especialidade, explica que o meningococo (Nesisseria meningitidis) existe em todo o globo terrestre e apresenta 12 tipos diferentes dos quais são mais comuns o A, B, C, W, Y. O tipo A é mais epidêmico e ocorre ocasionalmente. O B e o C, fora de epidemias, são os que mais ocorrem.  No Brasil, vem prevalecendo a meningite do tipo C, em segundo lugar os tipos B e W.

“Mas o que significativamente afeta a gravidade é o estado imunológico de cada indivíduo e o início precoce e adequado do tratamento”, alerta o especialista.


Sintomas e diagnóstico

Clinicamente, o paciente com meningite meningocócica apresenta além do quadro comum de qualquer outra meningite como febre alta, dor de cabeça quase insuportável, vômitos “em jato” não relacionados com a alimentação, confusão mental, musculatura da nuca enrijecida, uma característica especialmente peculiar:  pequenas manchas avermelhadas pelo corpo geralmente com um ponto central enegrecido, chamadas petéquias, de fácil visualização. O número é variável e às vezes chegam a apresentar pequenas hemorragias locais. Essas lesões são altamente sugestivas de meningite meningocócica.

O diagnóstico da meningite é dado pelo exame do líquor, que se apresentada com aspecto purulento, aumento da pressão liquórica, e alterações típicas a todas as demais meningites (baixa de glicose e aumento das proteínas liquóricas, neutrófilos acima de 50%). No exame direto ao microscópio pode-se rapidamente sugerir, pela morfologia das bactérias, o agente etiológico. A cultura do líquor é fundamental e permite verificar com certeza qual bactéria está causando a meningite, porém o exame pode demorar 2 a 3 dias. “Importante salientar que o uso prévio de antibióticos antes da coleta do líquor impede a identificação bacteriana”, alerta o professor.

Outros exames mais sofisticados, eventualmente disponíveis, aumentam a capacidade de identificar a bactéria e, no caso da meningocócica, permite identificar o tipo de meningococo.

Em algumas situações clínicas é necessário fazer uma tomografia craniana para pesquisa de outras alterações do sistema nervoso central, que podem alterar a conduta terapêutica.

O presidente da FEHOESP lembra que todos os casos de meningite devem ter notificação compulsória à Secretaria Municipal da Saúde. Segundo diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde) definida pelo Ministério da Saúde, o trabalho de investigação de casos de meningite se dá de forma descentralizada, por meio das secretarias municipais de Saúde, com apoio do Estado sempre que necessário.


Tratamento

O tratamento deve ser o mais precoce possível. Os antibióticos devem ser sempre por via endovenosa até a alta. Nos casos em que a meningite clinicamente já permite verificar que se trata de causa meningocócica (petéquias em profusão) pode se iniciar com ceftriaxone endovenoso. Se a etiologia da meningite ainda é duvidosa deve-se iniciar com terapia de alta performance de acordo com as bactérias mais prevalentes com cada faixa etária até a chegada da cultura liquórica. Lembrando que pacientes imunossuprimidos ou que adquiriram infecção hospitalar devem ter aumentado o espectro de ação dos antibióticos, incluindo o combate a anaeróbios, fungos e bactérias oportunistas.

O SUS disponibiliza vacina meningocócica tipo C conjugada (com toxóide tetânico ou diftérico dependendo do fabricante) aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12-13 anos. Nas clínicas privadas é possível comprar vacinas meningocócicas quadrivalentes (tipos A,C,W,Y) e a vacina recombinante tipo B.

Importante salientar que populações já imunizadas naturalmente por infecções assintomáticas respondem muito melhor às vacinações. Como no Estado de São Paulo, o meningococo tipo C já circulou muito sensibilizando boa parte da população, a vacina meningocócica C comum ou conjugada tem eficácia sempre melhor.


Números da Secretaria da Saúde

Contatada, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, comunicou que o Centro de Vigilância Epidemiológica registrou 7,1 mil casos e 408 óbitos em 2018 considerando todas as   etiologias de meningite (bacteriana, viral e outras não especificadas). Neste ano, até fevereiro, foram contabilizados 495 casos e 26 óbitos.

Segundo o órgão, “não há evidência de nenhuma anormalidade no cenário epidemiológico da doença neste momento. Em casos de surtos localizados, sempre que necessário, as vigilâncias epidemiológicas são acionadas para agir imediatamente na investigação dos casos e providenciar a vacinação dos grupos específicos com o objetivo de conter a transmissão”.


Mais de 200 mil novos casos de hanseníase são detectados no mundo a cada ano


Imagens retiradas da internet

O ginecologista e obstetra Dr. Alberto Guimarães explica sobre essa doença durante a gravidez


A hanseníase é uma doença crônica e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que se multiplica lentamente, levando a sintomas que podem demorar até 20 anos para aparecer. Ela afeta principalmente os nervos periféricos e está associada a lesões cutâneas características. Sem tratamento, pode causar danos aos nervos, demonstrados por fraqueza nas mãos e pés e pela presença de deformidade visível. Embora a doença seja completamente curável, com uma terapia que é gratuita, a demora em iniciar o tratamento pode levar à incapacidade permanente.

Atualmente, mais de 200 mil novos casos de hanseníase são detectados no mundo a cada ano. Dessas ocorrências da doença, 80% são registradas em três países – Brasil, Índia e Indonésia. A patologia foi eliminada como problema de saúde pública em 23 países das Américas — isso significa que, nessas nações, há menos de um caso de hanseníase em cada 10 mil habitantes registrados para tratamento. Em 2017, 29.101 novos episódios de hanseníase foram registrados no continente americano — mais de 93% deles no Brasil.


O ginecologista e obstetra Dr. Alberto Guimarães explica sobre a Hanseníase durante a gravidez:


Que problemas a hanseníase durante a gestação pode trazer à mãe e ao bebê?

A hanseníase começa de uma forma aparentemente inocente, com uma alteração na pele, e o desfecho pode levar a grandes mutilações, por isso quando um infectado era identificado ele era isolado, porque as pessoas começam a perder partes do corpo devido ao processo de atrofiamento e deformação, o que acabava causando uma segregação, sem o convívio com a sociedade.


Como é o tratamento da doença quando a paciente está grávida?

Como é uma doença que avança de uma maneira lenta e gradual, muitas pessoas que nem sabem que tem hanseníase acabam engravidando. Caso o diagnóstico seja feito durante a gestação, a principal questão é o tratamento que envolve vários medicamentos e que podem ter alteração no bebê, mas isso depende da fase que foi feito esse diagnóstico e do momento e que se inicia o tratamento. O tratamento da hanseníase dentro e fora da gravidez é o mesmo, com polimendicação, ou seja, a utilização de vários medicamentos.


Como a gestante pode evitar a hanseníase?

A hanseníase é transmitida principalmente por meios respiratórios, então é importante para a mulher – e não só a gestante – evitar os grandes conglomerados, a convivência em espaços com pouca ventilação, ou lugares aonde as pessoas não tem muita higiene. Uma abordagem interessante seriam campanhas que pudessem lembrar as pessoas que a hanseníase continua existindo, mesmo que a gente viva em um momento onde o Zika Vírus exige muitos recursos para descobrir como lidar com esse vírus, no Brasil ainda existem mais de 30 mil casos de hanseníase novos por ano e que passam despercebidos. É necessário que as pessoas estejam atentas ao seu próprio corpo e principalmente lembrar que manchas na pele e diminuição de sensibilidade (térmica, dolorosa e tátil) são situações que precisam ser investigadas. Se for feito o diagnóstico, a pessoa tem que entender a importância de ser tratado, geralmente o tratamento é longo, dependendo da fase da doença, e não é algo que termina em uma semana ou um ano, é um acompanhamento. É interessante ficar claro essa importância do tratamento e ser indicado, caso a mulher saiba que contraiu essa doença, a esperar a cura para se engravidar.


O pré-natal de uma gestante com hanseníase deve ser diferenciado?

O pré-natal de uma mulher que tem hanseníase será sim diferenciado, já que dependendo da gravidade da doença podem existir sequelas na criança. Na hanseníase a questão começa pela pele, mas o bacilo causador da doença tem preferência por atacar os nervos periféricos e a partir disso começam as outras complicações, inclusive a doença pode comprometer a visão por conta da alteração do nervo ótico, atrofiar músculos, alteração da movimentação. Além da pessoa também perder a autoestima e acabar se isolando, devido à essas situações. Durante o pré-natal, são tomados cuidados gerais para diminuir estas complicações referentes ao ataque dos bacilos nos nervos periféricos da mãe.


O recomendado é que a mulher que tenha hanseníase espere estar curada para engravidar, porém, muitas mulheres engravidam nesse período, e o Brasil tem mais de 30 mil casos de hanseníase por ano, segundo a OMS. O que contribui para esse cenário, na sua opinião?

São vários os fatores que contribuem para que a hanseníase não seja erradicada no Brasil. A hanseníase é o que chamamos de “doença silenciosa”, então ela começa na pele, de forma pouco perceptível, e em embora seja uma patologia de fácil identificação médica, muitas vezes as mulheres que estão infectadas engravidam porque nem sabem que estão doentes.

Outro fator é que a doença tem um tratamento longo e muitas vezes as pessoas abandonam os remédios por não verem o resultado imediato. O que agrava ainda mais a situação é que no Brasil não há políticas públicas que incentivem o planejamento familiar, então se a mulher engravida por acidente as chances de o bebê ter como consequência doenças graves é ainda maior. A hanseníase é uma questão de saúde pública, ainda mais por se tratar de uma doença que se prolifera com mais incidência em classes sociais menos favorecidas, que vivem em espaços menores, com mais pessoas e com poucas condições de higienização.






Alberto Guimarães - Formado pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (RJ) e mestre pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), o médico atualmente encabeça a difusão do “Parto Sem Medo”, novo modelo de assistência à parturiente que realça o parto natural como um evento de máxima feminilidade, onde a mulher e o bebê devem ser os protagonistas. Atuou no cargo de gerente médico para humanização do parto e nascimento do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim, CEJAM, em maternidades municipais de São Paulo e na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.


No Dia Mundial da Saúde é importante lembrar sobre a importância de dormir bem


Otorrinolaringologista especialista em Medicina do Sono orienta sobre como  ter um sono de qualidade


No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde e dormir bem é um dos fatores essenciais para evitar o desenvolvimento de doenças em pessoas de todas as idades. Contudo, 72% da população brasileira sofre de problemas relacionadas ao sono, segundo um estudo da Philips divulgado no ano passado. “Dormir não é perder tempo, o sono de má qualidade gera problemas de saúde em pessoas de todas as idades”, salienta o médico otorrinolaringologista especialista em Medicina do Sono, Dr. Fernando Cesar Mariano. 

Uma pessoa que dorme bem acorda disposta, ativa e não tem interrupções durante o dia por causa de sonolência, segundo o médico otorrinolaringologista. “Esses são sinais subjetivos da qualidade do sono. Para avaliar com precisão se uma pessoa dorme bem, unimos esses aos sinais objetivos do exame de polissonografia, como dificuldade para iniciar o sono, despertar durante a noite, aproveitamento de ao menos 85% da noite na cama para dormir”, explica. 

Dr. Mariano afirma que não existe problema em despertar uma vez durante a noite e que idosos podem despertar até duas vezes. “Principalmente, a facilidade para pegar no sono é algo revelador sobre a qualidade desse sono. Já sintomas como depressão, diminuição da concentração e mau humor, por exemplo, podem ser causa ou consequência de um sono ruim”.

Dormir menos de oito horas por noite, no entanto, não é necessariamente sinal de sono ruim. Conjecturas como essa e alguns comportamentos podem fazer pessoas que dormem bem acabarem imaginando que dormem mal e vice-versa. Quando há dúvida ou algum sintoma, como o ronco frequente, que pode estar atrelado ou não à apneia do sono (pausas respiratórias), é necessário confirmar a qualidade desse sono com o exame de polissonografia. Dr. Mariano explica que o ronco não habitual pode não ser grave, mas pode ser problema para a qualidade do sono do parceiro de quem ronca: “Já vi muitos casos de divórcio por causa do ronco do parceiro”.

Além de consultar um médico para resolver problemas desse tipo, o Dr. Fernando Cesar Mariano dá dicas sobre hábitos que podem ser adotados para alcançar um sono e uma vida com mais qualidade:


Escuridão: Quanto mais nos expomos à luz, à noite, pior é para a produção da melatonina, que é o hormônio que ajuda a preparar o organismo para dormir. Para idosos e crianças, é recomendável um botão de luz ao alcance da mão para, caso seja necessário levantar durante a noite, evitar o risco de quedas e outros acidentes. Mas, para um sono de qualidade é preciso escuridão total.

Mesmo quando há luz no quarto de dormir, ela deve ser o mais branda possível, como uma penumbra. Televisão no quarto, por exemplo, é má ideia. O quarto de dormir, o nome já diz, idealmente deve servir para dormir, descansar, e não para outras atividades como ler, trabalhar, assistir à TV. Caso não resista a uma leitura antes de dormir, deve ser algo leve, que não exija muita concentração.


Silêncio: Em tempos modernos, quem mora nas grandes cidades tem cada vez mais dificuldade de encontrar locais em que haja silêncio, mesmo à noite. Esse, no entanto, é outro requisito para um sono efetivo.


Temperatura agradável: Outra característica dos nossos tempos de mudança climática é a ausência de uma temperatura agradável ou ideal, mais um elemento para se chegar à qualidade de sono.


Horário padrão: manter a mesma hora para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana, ajuda muito a regularizar o círculo circadiano ou relógio biológico do organismo e fazê-lo entender os horários de dormir e acordar.


Não se expor a eletrônicos: Aproximadamente 45 minutos antes do horário de dormir, deixar smartphones, tablets, aparelhos de TV e computadores. Evitar a agitação ajuda a relaxar, é claro, mas, como no primeiro item, é importante evitar a exposição à luz, e a luz azul que vem dos eletrônicos atrapalha ainda mais o relaxamento e a produção de melatonina.


Evitar exercícios físicos no período noturno: Agitar-se fisicamente pode aumentar a temperatura corporal, o que atrapalha pegar no sono.

Evitar refeições fartas: Se for comer à noite, que seja até três horas antes de deitar para dormir, e uma refeição leve, que não faça o organismo se ocupar mais da digestão do que da indução ao sono.






Dr. Fernando Cesar Mariano -  médico otorrinolaringologista Fernando César Mariano é especialista em sono e cirurgião de ronco e apneia. Faz parte do corpo clínico do Hospital IPO e é médico em Quatro Barras (PR). É criador do game educativo para crianças e adolescentes “Hey, Roncabilly! O game do sono saudável”, que destaca a importância de dormir bem e desmistifica que roncar é algo engraçado ou normal.


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