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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Sete mitos e verdades sobre depressão e suicídio


 Transtorno do humor é a principal causa de suicídio no mundo e pode apresentar forma resistente aos tratamentos tradicionais


Os paradigmas envolvendo a depressão e o risco de suicídio são muitos e, por isso, o assunto ganhou um mês de conscientização para ser amplamente discutido pela população, o Setembro Amarelo. Estima-se que cerca de 11,5 milhões de pessoas no Brasil vivam com depressão[i] e que aproximadamente 11 mil tiram a própria vida, por ano[ii]. No mundo, o número de suicídios é de 11,4 a cada 100 mil habitantes[iii]

“Muitos acreditam que esse é um ato escolhido pelo cidadão, porém, em quase 100% dos casos, o suicídio está associado a uma doença mentaliii, dado que reforça a importância de observar os sinais apresentados pelas pessoas próximas”, explica José Alberto Del Porto, professor titular do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina. 

Apesar dos altos índices, a depressão ainda é uma doença estigmatizada pela população, que, desconhece, por exemplo, que a enfermidade pode apresentar uma forma resistente, quando não responde a pelo menos dois tipos de tratamento. Para esclarecer essas dúvidas, o psiquiatra respondeu uma série de questionamentos sobre o tema, que se configuram em vários mitos e muitas verdades.*


O paciente pode melhorar apenas com a força de vontade.

Mito. É possível atingir a remissão dos sintomas da depressão. Para isso, é essencial que a pessoa que apresente o distúrbio procure o apoio de um profissional de saúde para fazer uma avaliação individualizada, começando imediatamente o tratamento, após o diagnóstico. 


O tratamento da depressão e para pessoas em risco de suicídio é o mesmo.

Mito. O diagnóstico final da pessoa deprimida e também o risco de suicídio exige uma investigação criteriosa por parte dos profissionais de saúde, para, então, ser definido qual o protocolo ideal em cada caso. O tratamento da depressão pode ser realizado com a utilização de medicamentos, psicoterapia ou a combinação dos dois. Entre os tipos de terapias atuais no mercado estão os antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos. Especificamente para o suicídio, o lítio possui evidências na prevenção em longo prazo, talvez por atuar sobre o estado de ânimo e reduzir a impulsividade inerente a esses atos.
Entretanto, uma parte dos pacientes com depressão pode não apresentar melhoras após o uso de pelo menos dois desses medicamentos. Nesse caso, passam a ser diagnosticados com depressão maior resistente ou depressão refratária. 


A pessoa deprimida sempre se apresenta com evidentes manifestações externas de depressão, como estar cabisbaixa. 

Verdade. Apesar de a alteração no humor ser um dos sinais relacionados à doença, não é regra que a pessoa com depressão deva sempre estar triste ou desanimada. Não é incomum encontrar casos de pessoas que cometam suicídio e que tenham uma vida socialmente ativa, por exemplo. Apesar disso, é necessário observar os outros sintomas da doença que são perda de interesse nas atividades cotidianas, fadiga, diminuição do apetite, dificuldade de concentração e mudanças no sono. 


O tratamento contínuo tem impacto positivo na qualidade de vida do paciente.

Verdade. A pessoa com depressão possui diversas opções de tratamento e os cuidados adequados como uso de terapias médicas e acompanhamento psicológico permitem a retomada das atividades cotidianas e a remissão completa dos sintomas. 


A pessoa que pensa em suicídio não ameaça ou fala sobre o assunto. 

Mito. A maioria das pessoas que pensam em suicídio dá sinais de que irá cometê-lo. É errada a crença popular de que “quem fala não faz”. O histórico mostra que grande parte dessas pessoas alertou sobre essa intenção dias ou semanas antes do ato. Alguns sinais devem ser observados: cansaço excessivo, falta de interesse pelas atividades rotineiras, aumento no consumo de álcool ou drogas, estresse e isolamento social são alguns deles. 


A depressão é uma das principais causas de suicídio. 

Verdade. Os transtornos do humor (depressão ou transtorno bipolar) são responsáveis por aproximadamente 36% dos casos de suicídio.[iv] Além disso, os pacientes com a doença apresentam cinco vezes mais chances de cometer o ato[v]. Além disso, existem diversos outros fatores de risco para o suicídio, entre eles: tentativas prévias de cometê-lo, histórico familiar e genética, impulsividade, desesperança e sentimento de desamparo, doenças clínicas não psiquiátricas (doenças graves e sem cura, por exemplo), eventos adversos na infância e na adolescência (como maus tratos e abusos sexuais) e poucos vínculos sociaisiii.


Falar sobre o assunto pode incentivar a pessoa depressiva a cometer suicídio.

Mito. Conversar com a pessoa que apresenta sinais de depressão pode abrir espaço para o paciente falar sobre o tema e servir como ferramenta de prevenção ao suicídio. Abordar o assunto com perguntas mais leves, como “Você tem planos para o futuro?”, também é uma forma de introduzir o tema.



* Respostas concedidas por José Alberto Del Porto, professor titular do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina.


Janssen
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[i] Depression and Other Common Mental Disorders – Organização Mundial de Saúde http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf;jsessionid=253A62EA7F2DCD11F69C38616ADD2923?sequence=1
[ii] Sistema de Informação sobre Mortalidade 2017 do Ministério da Saúde
[iii] http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14#page/10
[iv] Suicídio – Informando para prevenir – Associação Brasileira de Psiquiatria https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/05/suicidio_informado_para_prevenir_abp_2014.pdf
[v] https://www.gmeded.com/gme-info-graphics/major-depression

Setembro vermelho: Um alerta para as crianças


A cardiopatia congênita continua a ser uma das principais causas de morte na primeira infância. E isso pode é deve ser mudado!


No Brasil, perto de 29 mil crianças nascem com cardiopatia congênita por ano, o que representa 1% de todos os recém-nascidos. Segundo o Ministério da Saúde, 80% dessas crianças (ou 24 mil) precisam ser operadas, metade delas no 1º ano de vida, mas somente 9.000 conseguem chegar à cirurgia de correção. Isso porque, entre outros fatores, somente 50% dos recém-nascidos cardiopatas têm o diagnóstico da malformação no pré ou no pós natal imediato.

Este é um grande problema, alerta a Dra. Vanessa Guimarães, cardiopediatra formada pela Faculdade de Medicina da USP. "Quanto mais cedo a malformação cardíaca for diagnosticada, melhores as chances de sua cura, seja com tratamento medicamentoso, cateterismo ou cirurgia, ou de convivência com o problema mantendo uma boa qualidade de vida”, explica a especialista.

O diagnóstico tardio é também a causa da grande incidência de morte entre os cardiopatas congênitos: cerca de 20% dessas criancas podem nao chegar a completar 1 ano de vida, o que faz da cardiopatia congênita a principal causa de morte na primeira infância no País.


Como mudar a situação 

Segundo a especialista da FMUSP,  para detectar a cardiopatia quando o bebê ainda está em formação intrauterina, o ultrassom morfológico, feito em cada trimestre, é fundamental. "Por isso a importância da mãe realizar o pré-natal completo”, aconselha a cardiopediatra. 

O ecocardiograma fetal pode ser feito, a partir da 18ª semana de gestação. O exame que mostra com detalhes a anatomia e o funcionamento cardíacos, pode ser realizado por qualquer gestante, mas está especialmente indicado em algumas situações específicas, como para a detecção de cardiopatia congênita quando há suspeita na ultrassonografia obstétrica, quando estão presentes fatores de risco materno-familiares para cardiopatias, gestação prévia com cardiopatia congênita e avaliação de repercussões de arritmias cardíacas fetais”, comenta Vanessa Guimarães.

Caso o ecocardiograma fetal não tenha sido feito na gravidez, ainda há uma boa chance de diagnóstico ainda na maternidade, nas primeiras 48 horas de vida, por meio da realização do teste do coraçãozinho, diz a Dra. Vanessa. "Esse exame não-invasivo que mede  o nível de oxigênio no sangue é capaz de detectar 80% das malformações cardíacas que precisam de cirurgia logo após o nascimento". O exame é coberto pelo SUS e está previsto em lei desde 2014, devendo ser feito em todas as maternidades. 


Atenção para os sinais na criança 

Os pais devem ficar atentos aos sinais de que algo pode estar errado com o coração da criança. A presença de cianose, que é aquela coloração roxa nos lábios e nas extremidades dos dedos das mãos,  e do sopro cardíaco (barulho que o sangue faz ao passar pelas câmaras cardíacas audível na ausculta com estetoscópio) são os mais evidentes. Mas não só eles, diz a cardiopediatra. Deve-se observar também se a criança fica cansada durante as mamadas, às vezes até com suor excessivo (sudorese), se apresenta crescimento lento ou dificuldade de ganho de peso. Igualmente merecem atenção a ocorrência de pneumonias e infecções de vias aéreas de repetição com congestão pulmonar e a presença de chiado no peito.

Frente a esses sinais, diz a médica, os pais não devem hesitar em procurar o médico imediatamente, para que uma investigação cardiológica cuidadosa seja feita na criança. "Em se  tratando de coração, tempo é vida".


O que é a cardiopatia congênita

As cardiopatias congênitas surgem na formação do coração fetal, até por volta da 8ª semana de gestação, em decorrência de problemas genéticos ou pela ação de agentes teratogênicos como medicamentos, radiação, drogas ilícitas, principalmente entre a 2ª e 8ª semanas de gestação. Elas são caracterizadas por alterações na forma do coração (anatômicas) ou em sua função de receber o sangue para ser oxigenado nos pulmões e de distribuí-lo para todo o organismo.

São mais suscetíveis a nasceram com o problema bebês com retardo de crescimento intrauterino ou distúrbios do ritmo cardíaco, além de filhos de mães com lúpus, diabetes melitus ou que tiveram rubéola ou outras infecções demandantes do uso de medicamentos teratogênicas. O histórico familiar de malformação cardíaca congênita , pelo lado materno ou paterno, também é um fator de risco a ser considerado. 

Em 20% dos casos, a regressão total da doença é espontânea, explica Dra. Vanessa. Nos outros 80%, a malformação pode variar desde problemas mais simples, como a valva aórtica bicúspide (o normal é ela ser tricúspide), que podem não precisar de cirurgia mas apenas de acompanhamento de cardiopediatra, até os mais complexos. Entre estes, está a transposição das grandes artérias, malformação em que o paciente nasce com a aorta e a artéria pulmonar emergindo de ventrículos contrários. O problema gera uma mudança completa na circulação sanguínea, com impacto importante na oxigenação do sangue. 

Dia Mundial do Coração


Pessoas com diabetes têm o dobro de risco para infarto agudo do miocárdio

Sociedade Brasileira de Diabetes chama atenção à necessidade de bom controle da doença para prevenir complicações cardiovasculares
 


Você sabia que as doenças cardiovasculares são as principais complicações decorrentes do diabetes? De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), até 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem por causas relacionadas a problemas cardíacos: mundialmente, os índices são superiores aos óbitos ligados ao HIV, à tuberculose e ao câncer de mama.

Contudo, a pessoa com diabetes precisa diminuir o risco de infarto com um programa de prevenção que inclui alimentação saudável, atividade física, eliminando o hábito de fumar,  fazendo exames periódicos e usando medicações preventivas que devem ser prescritas pelo médico.

A incidência de complicações cardiovasculares é grande no diabetes devido ao aumento dos níveis de glicose no sangue, que, juntamente ao colesterol e à pressão arterial, promovem a formação de placas de colesterol que entopem as artérias, como explica o Dr. Marcello Bertoluci, médico endocrinologista, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador do Departamento Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). “Com níveis muito altos de glicose no sangue, várias coisas acontecem: o colesterol torna-se mais agressivo, formando maior número de placas nas artérias coronárias. Além disso, o aumento excessivo da glicose no sangue favorece a maior produção de coágulos que também podem obstruir as artérias. Quando uma artéria sofre uma obstrução o coração entra em sofrimento por falta de oxigênio e o tecido sadio morre sendo substituído por cicatriz. Dependendo do tamanho da área afetada pode ser fatal ou deixar sequelas irreversíveis, como a insuficiência cardíaca".

O especialista reforça que esses fatores se somam a outros fatores de risco que elevam os riscos de doenças cardíacas, como a hipertensão, colesterol alto, obesidade, sedentarismo, tabagismo e o histórico familiar de casos precoces de infarto agudo do miocárdio. “Esses fatores se potencializam quando a pessoa tem diabetes e devem ser rigorosamente controlados. Por isso é fundamental o acompanhamento médico e a realização de exames preventivos periódicos”.

Atenção: sintomas do infarto agudo do miocárdio podem ser diferentes no diabetes

Na pessoa com diabetes, os sinais clássicos de infarto agudo como a dor forte no peito, irradiando para o braço podem não ser muito evidentes. Em algumas pessoas, os sintomas de falta de ar (dispneia) surgida sem explicação, uma sensação de mal estar generalizado com sudorese, náuseas e vômitos, um desmaio inexplicável e até mesmo uma descompensação  da glicose podem ocorrer.

De acordo com Bertoluci, isso, em parte, acontece por conta de outra complicação do diabetes: a neuropatia autonômica, uma disfunção que afeta o sistema nervoso simpático e parassimpático. “Essa condição resulta em menos dor torácica ou ainda ausência de dor típica e o quadro clínico do infarto fica mascarado. É, portanto, importante que, quando sintomas estranhos surjam repentinamente a pessoa deva procurar ajuda imediatamente em uma unidade médica de emergência, aparelhada para atender este tipo de problema”.

Outra complicação importante é o acidente vascular cerebral (AVC). No AVC, os sinais mais comuns são a perda ou diminuição súbita da força ou surgimento de dormência em apenas um lado do corpo, como o braço ou a perna. Pode haver o surgimento súbito de uma fala arrastada, de confusão mental com troca de palavras ou mesmo um desvio na boca, ou ainda um desmaio. O atendimento precisa ser imediato, pois a reversão tardia do fluxo sanguíneo cerebral pode deixar sequelas irreversíveis ou mesmo ser fatal. Outra complicação vascular que pode ocorrer é a insuficiência arterial  periférica, quando artérias que nutrem os membros  são obstruídas, levando à gangrena e a amputações dos membros inferiores. É importante, por isso, que o paciente com diabetes faça exame periódico dos pés.

“É fundamental também destacar que, na população geral, estas complicações vasculares tradicionalmente afetam mais os homens do que as mulheres. Entretanto, quando se trata de diabetes, estas diferenças desaparecem. Homens e mulheres têm incidências semelhantes de infarto agudo do miocárdio e AVC, mas representam o dobro quando comparados a pessoas sem diabetes. Outra coisa importante é que quando ocorre em mulheres tende a ser mais grave, com maior mortalidade”, analisa Bertoluci.


Movimento Para Sobreviver quer mudar esse cenário            
  

O diabetes tipo 2 é uma das doenças de maior crescimento mundial – ainda segundo a IDF, nos próximos 30 anos, o número de casos deve dobrar no Brasil. Para prevenir seu avanço, bem como de suas complicações cardiovasculares, por meio do debate acerca da oferta de medicamentos modernos, criou-se a coalizão Para Sobreviver, cuja pauta também engloba o compromisso em reduzir a mortalidade e evitar alto custo do tratamento.

A Sociedade Brasileira de Diabetes integra o movimento, ao lado das ONGs Associação Diabetes Brasil (ADJ), Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD), Instituto Lado a Lado Pela Vida, Rede Brasil AVC, Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e as farmacêuticas Boehringer Ingelheim e Eli Lilly do Brasil.




Sociedade Brasileira de Diabetes


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