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terça-feira, 8 de maio de 2018

Operação do Ministério do Trabalho e PF desarticula grupo de fraudadores no Pará


Deflagrada nesta terça (8), operação prende integrantes de quadrilha que fraudava seguro-desemprego em Marabá e Redenção, no Pará



Uma operação desencadeada nesta terça-feira (8) pelo Ministério do Trabalho e a Polícia Federal resultou em duas prisões e no cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão contra integrantes de uma quadrilha especializada em fraudes no Seguro-Desemprego em Marabá e Redenção, no Pará. O estado é um dos que mais registram fraudes no pagamento do benefício.

As investigações identificaram que a fraude consistia em aliciar servidores do Sistema Nacional do Emprego (Sine), para que eles, por meio de seus logins e senhas, acessassem ou permitissem o acesso de outras pessoas, de forma remota, aos sistemas de concessão do Seguro-Desemprego.

Com acesso ao sistema, os servidores ou os aliciadores demitiam ficticiamente trabalhadores que se encontravam com vínculos de trabalho ativo para assim receber o benefício. Os trabalhadores só tomavam conhecimento das fraudes quando eram demitidos de fato e requisitavam o seguro, momento em que eram informados que o benefício já havia sido sacado.

A fraude era realizada de forma eletrônica, muitas vezes com a criação de números de PIS (Programa de Integração Social) falsos. Para garantir o sucesso da fraude, os aliciadores chegavam a obter a segunda via do Cartão do Cidadão do trabalhador para fazer saques em diversas cidades do país. Em alguns casos investigados, o mesmo benefício teve parcelas sacadas em São Paulo (SP), Aparecida de Goiânia (GO), Belém (PA) e São Luís (MA). O valor mínimo da parcela do Seguro-Desemprego é de R$ 954 e o máximo é de R$ 1.677,74.

Para viabilizar as fraudes, servidores do Sine eram cooptados a fazer parte do esquema de fraudes sob a promessa de ganhos vultosos e fáceis. Em um dos casos investigados, um aliciador chegou a prometer que um servidor ganharia em média R$ 90 mil em 15 semanas. Para isso, o servidor precisaria deixar sua máquina logada no sistema do Seguro-Desemprego por um determinado período de horas diárias.

“Esse tipo de fraude é muito grave, porque consiste em subtrair do trabalhador, em um momento de fragilidade, a renda que ele teria para sustentar sua família até conseguir uma nova recolocação no mercado de trabalho. Vamos  continuar combatendo esse tipo de crime”, disse o ministro do Trabalho, Helton Yomura.

Os investigados responderão pelos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato. Ao todo as penas pelos crimes investigados podem alcançar mais de 30 anos.

Os presos serão encaminhados para presídios da cidade de Marabá (PA), onde ficarão detidos à disposição da Justiça Federal.

Batizada de Entice (aliciar, em tradução livre do inglês), o nome da operação é uma alusão à forma sedutora como os aliciadores cooptavam os servidores do Sine, com a promessa de eles ganharem muito dinheiro, de forma rápida e fácil, para fazer parte do esquema de fraudes. A operação é uma ação coordenada entre policiais federais e servidores do Ministério do Trabalho, especializados em rastrear as inclusões fraudulentas de benefícios do Seguro-Desemprego.


Antifraude - Desenvolvido pelo Ministério do Trabalho e implantado em dezembro de 2016, o Sistema Antifraude do Seguro-Desemprego bloqueou, até o final de abril, 61.942 requerimentos em todo o país, o que possibilitou uma economia para os cofres públicos de quase R$ 1 bilhão.

O estado do Pará ocupa a terceira posição no ranking dos requerimentos bloqueados pelo Ministério do Trabalho. Até o final de abril de 2018, o estado registrou 9,2 mil requerimentos bloqueados, equivalentes a R$ 55,4 milhões em fraudes. “Esses recursos pertencem aos trabalhadores paraenses e devem ser utilizados em um momento de dificuldade. Por isso, a fiscalização vai impedir a ação de criminosos no estado”, afirmou o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Leonardo Arantes.

A maioria dos casos foi registrada em unidades de Marabá, com mais de 4,8 mil fraudes bloqueadas, totalizando um valor de quase R$ 28,5 milhões. Depois, destacaram-se os casos de Belém, com 2 mil casos e fraudes de R$ 13,3 milhões; Conceição do Araguaia, que teve 1,3 mil requerimentos bloqueados, chegando a quase R$ 8 milhões.


Antifraude - Requerimentos Bloqueados - PA
CIDADE
Quantidade
Valor Bloqueado
Marabá
4.876
R$ 28.519.718
Belém
2.099
R$ 13.399.459
Conceição do Araguaia
1.327
R$ 7.803.000
Goianésia do Pará
369
R$ 2.329.429
Redenção
240
R$ 1.275.317
Itupiranga
116
R$ 690.832
Breu Branco
69
R$ 453.806
Paragominas
46
R$ 307.164
Breves
40
R$ 237.664
Castanhal
27
R$ 171.748
Parauapebas
12
R$ 69.034
Barcarena
11
R$ 72.329
Canaã dos Carajás
8
R$ 57.497
Abaetetuba
4
R$ 17.600
Ananindeua
4
R$ 18.181
Capanema
3
R$ 22.099
Santarém
3
R$ 15.258
Tucuruí
2
R$ 13.150
Itaituba
1
R$ 8.219
Total
9.258
R$ 55.481.502

“O Sistema Antifraude do Seguro-Desemprego é um instrumento a serviço do trabalhador e da sociedade. As fraudes no benefício são uma agressão ao país e o Ministério do Trabalho não poupará esforços para combater essa prática criminosa. Ações como essa, desenvolvidas em conjunto com a Polícia Federal, são importantes para acabar com essas fraudes. Estamos constantemente aprimorando nossas rotinas de trabalho e sistemas para evitar casos como esses”, afirmou Arantes.

O sistema foi implantado por iniciativa da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego (SPPE), lançado pelo então secretário Leonardo Arantes. “O sistema antifraude tem se mostrado uma ferramenta eficiente no combate às fraudes e desvios de recursos públicos. Esses recursos pertencem aos trabalhadores para serem usufruídos em momento de dificuldade. A fiscalização vai continuar, para impedir a ação de criminosos”, ressalta Arantes.

Desde a criação do sistema, o Ministério do Trabalho, em conjunto com a PF, já deflagrou cinco operações de combate a fraudes no Seguro-Desemprego, que resultaram em 31 prisões.




Ministério do Trabalho


O ACAMPAMENTO DE CURITIBA E O SENSO DE RIDÍCULO


        Eu sei que os acampados sob a lona preta em Curitiba, dedicados à produtiva tarefa de berrar bom dia, boa tarde e boa noite para Lula, não estão ali de gozação. Alguém menos afeito a essas coisas pode pensar que sejam galhofeiros a caçoar do ex-presidente. Não, não, parece gozação, mas não é. Sua presença e as saudações gritadas aos ventos são para valer. Com o intuito de expressar seu apoio a Lula, entraram em uma espécie de greve (greve de apoio só pode ser invenção tupiniquim). Pararam com tudo. Suspenderam atividades, deram adeus à família, despediram-se do padre, do dono do bar e se deslocaram para Curitiba sem previsão de retorno. Como me disse certa feita conhecido frei, militante do MST, referindo-se às agruras dos acampamentos: “Faz parte da luta”. 

        O grupo está minguando com o passar dos dias e, principalmente, das noites. As imagens fornecidas pelo drone da Polícia Federal que periodicamente sobrevoa a área permitiram constatar que o grupo inicial era de umas 500 pessoas, sendo gradualmente reduzido às atuais 70 (segundo matéria do Estadão de 7 de maio). Não é, exatamente, o que o PT gostaria, mas é o que pode ser suprido em recursos humanos e materiais pelo serviço de intendência das tropas do comandante Stédile, que se não der um jeito nisso será rebaixado a sargenteante de pelotão. Enquanto escrevo, nesta manhã do dia 8 de maio, leio que novos ônibus estariam chegando. Ah!

        Entendido que o acampamento quer significar algo, resta saber o motivo pelo qual tem recebido tanto destaque dos meios de comunicação. Não sendo exposto como conduta errada, avessa à ordem pública, acaba entendido como expressão de algum sentimento nacional. Não sei o que é mais ridículo, se o acampamento, os gritos ao vento, o ato delitivo de carimbar cédulas de dinheiro, ou o silêncio da mídia sobre a imaturidade e incivilidade de tais condutas e fato de que a encenação mediante a habitual massa de manobra sequer consegue ficar parecida com mobilização popular.



Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

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