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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Noivado terminado: A lei obriga que o anel precisa ser devolvido?

Advogada explica como a legislação brasileira trata da questão


O anel de noivado é um símbolo que há muito tempo é cultuado nas relações por ter um significado de compromisso. Quando uma pessoa é pedida em casamento, geralmente ganha como presente do seu companheiro um anel de noivado para firmar esse compromisso, muitas vezes a jóia tem um custo elevado e além de ser um presente com o significado valioso, ele tem um valor financeiro considerável também. Caso o noivado acabe, é obrigatório que se faça a devolução do anel? A jóia precisa ser vendida e o valor é dividido entre o casal? 

A questão da devolução do anel de noivado ficou famosa por causa de um caso americano: um advogado processou sua ex-noiva para receber de volta um anel de 100 mil dólares que havia lhe dado para celebrar o noivado. Esse advogado argumentou, em causa própria, que o anel de noivado é um presente condicionado, isso significa que o presente só se concretiza no evento do casamento, e caso esse não ocorra, o presente deverá ser restituído.

Debora Ghelman, advogada especializada em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões explica que no Brasil esse caso seria resolvido a favor do ex-noivo: "A lei brasileira considera que o noivado é uma promessa recíproca, feita entre as duas partes do casal, mas que pode ser rompida a qualquer momento, sem a necessidade de justificativa. Por isso, o noivado é uma relação que não tem efeito jurídico, o cumprimento não pode ser exigido, mas isso não quer dizer que o evento do noivado não pode gerar consequências materiais".

A ideia de presente condicionado levantada pelo americano já existe na lei brasileira e não trata apenas do anel, mas também de questões patrimoniais como as despesas com o futuro casamento, e questões morais como abandono ao pé do altar. 

O artigo 546 do Código Civil considera que presentes recebidos em razão do noivado são doações feitas em contemplação de casamento futuro, assim, quem deu o anel não é proprietário dele, mas é donatário do presente, e isso vale igualmente para homens e mulheres, já que o Brasil valoriza a igualdade plena entre os gêneros na lei. 

"Qualquer presente oferecido por causa do noivado deve ser devolvido caso haja solicitação daquele que deu, em caso de recusa, é possível reivindicar a devolução judicialmente. A condição de um presente entregue em razão de um noivado, aliás, não se estende somente ao casal, mas também a qualquer pessoa que tenha dado presente vinculado a realização do casamento" explica a advogada. 

Além de danos materiais, a não realização do casamento também pode trazer danos morais, o caso mais comum é o de abandono no altar, que pode ser causa de forte humilhação pra pessoa abandonada, neste caso, a pessoa tem direito a indenização por danos morais, que deve ser paga de acordo com o dano causado, o que vai ser analisado pelo juiz da causa. 

"Pedir ou aceitar um casamento não pode ser um ato impensado, romper com as expectativas de alguém que te ama tem consequências emocionais muito graves, e como expliquei, o descumprimento desse processo também pode trazer consequências jurídicas. E se você recebeu um anel de noivado e desistiu do casamento, pense bem se seria correto permanecer com esse presente" aconselha Debora. 

 



Debora Ghelman - advogada especializada em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões, atuando na mediação de conflitos familiares a partir da Teoria dos Jogos.

 

Lições para depois da crise

As grandes catástrofes têm o efeito de deixar importantes lições para a humanidade. Há uma sequência lógica: vem a catástrofe, os estragos acontecem, a dor e o sofrimento são enormes, a crise passa, as causas ficam total ou parcialmente visíveis e as lições ficam gravadas na realidade e na memória. O quanto as pessoas, no plano individual, e as sociedades, no plano coletivo, efetivamente aprendem é outra questão. Com inteligência e racionalidade, é possível identificar as causas, sistematizar as lições e mudar hábitos e comportamento.

O caráter mundial da pandemia, o isolamento social, a paradeira na economia, a perda de empregos, a debilitação financeira das empresas e das famílias, o empobrecimento, a destruição temporária do convívio entre as pessoas e o dano psicológico são aspectos desta crise como nunca o mundo havia experimentado. As dimensões do acontecimento são muitas: sanitárias, econômicas, psicológicas, sociológicas, políticas, religiosas, culturais etc. Vamos falar de algumas delas.

A crise nos remete do conceito de “aldeia global”. Essa expressão foi cunhada pelo canadense Herbert Marshal McLuhan (1911-1980), filósofo, educador e teórico sobre comunicação, que ficou mundialmente famoso por seus estudos sobre transformações sociais que viriam a ser provocadas pela revolução nas telecomunicações, computador e internet. Para ele, o mundo caminharia para um mercado único e integração acelerada entre as nações.

Há três causas essenciais para a formação da aldeia global: o aumento populacional, a revolução nas telecomunicações (incluindo o computador e a internet) e o barateamento do transporte. Atualmente, a quarta revolução tecnológica vem apressando a integração mundial e, se queremos a integração dos países para que todos desfrutem das conquistas da ciência e da tecnologia, a primeira lição é: devemos nos preocupar com o mundo inteiro, logo a fome na África e a miséria nas favelas do Brasil são problemas de toda a humanidade.

A segunda lição é: a desigualdade de renda pode ser tolerável, desde que as camadas mais pobres tenham o necessário para uma vida digna. Na Dinamarca, a mais pobre das famílias não condena os ricos, pois ela tem habitação digna, alimentação adequada, educação, saúde, assistência e lazer. Se a desigualdade resulta em hordas de pobres e miseráveis, ela não deve ser tolerada.

A terceira lição é: quanto maior a população, maior deve ser o cuidado com a natureza. Em 1930, o mundo tinha 2 bilhões de habitantes. Em 2050, daqui a pouco, terá 9,5 bilhões. Quando cresce a necessidade de meios de vida, crescem as exigências de respeito à natureza e preservação do meio ambiente. Isso leva à quarta lição: o consumismo atual é destrutivo e insustentável. O ser humano tem o desafio de aprender a tirar de fatores psicológicos e sociais as fontes de seu gozo, prazer e felicidade, e não do consumismo de coisas e mais coisas.

A quarta lição é que, nesse contexto, hábitos precisam ser modificados. Talvez aqui esteja o desafio mais difícil, porque trata de comportamento. A humanidade incorporou o péssimo hábito de reverenciar e admirar a ostentação e o esbanjamento. Ricos e famosos extraem aplausos e adulação mais por quanto ostentam e esbanjam do que pela riqueza em si.

A quinta é: o desemprego não deve ser admitido e, quando inevitável, uma renda básica deve ser garantida. Sou um economista liberal, no sentido de que defendo uma sociedade livre, que não acho perfeita, mas como a única capaz de prover liberdade e progresso material. Porém, não sou ingênuo, o sistema tem defeitos. Já escrevi que, se a humanidade substituir os trabalhadores por robôs cognitivos, deve ser criado um tributo sobre os robôs para pagar salários aos que perderam a vaga para a máquina.

A ideia parte de um aspecto óbvio: robô não consome, logo não haveria por que produzir comida, roupas, livros, músicas, carros etc. Robôs não usam essas coisas. Eles só precisam de um botão que os liga e energia que os põe em movimento. A economia, o trabalho e a produção são para o ser humano e demais seres vivos. Porém, não dá para confiar ao Estado a operação de arrecadar e distribuir. Colocar dinheiro na mão do governo é receita certa para os recursos chegarem aos pobres pelas metades.

Karl Jaspers disse que “o Estado é um monstro que, ainda por cima, deseja ser amado”.  Inchado, ineficiente e corrupto, o governo na maior parte do mundo usa o dinheiro público primeiro para pagar a si mesmo, suas mordomias, seu excesso de funcionários e castas abastecidas com salários, benefícios, aposentadorias e pensões milionárias.

Recentemente saíram publicações sobre os salários, aposentadorias e pensões no governo, nos três poderes. Existem categorias que ganham mal, entre elas estão professores e policiais. Mas, a lista de supersalários, aposentarias e pensões milionárias é tão grande que é melhor inventar um mecanismo distributivo sem o governo, pois, como disse o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o governo é causa da desigualdade. A sexta lição é: o Estado tem que ser reformado; enquanto não for, é preciso achar outro mecanismo para fazer a distribuição.

Uma observação final, como bônus para discussão: parece-me ingênuo achar que os computadores vão tomar o lugar dos líderes. Como disse o filósofo André Comte-Sponville, “um computador pode resolver um problema, mas só um ser humano pode tomar uma decisão”. As lições da crise não se esgotam nas citadas aqui, é claro. Um bom exercício é fazer sua própria lista e, sobre ela, pensar e estudar.

 


José Pio Martins - economista, reitor da Universidade Positivo.

 

As cinco principais tendências globais que influenciarão as decisões da indústria de alimentos em 2021

ADM divulga tendências de consumo que transformarão o setor de alimentos e bebidas no novo ano


A ADM, líder global em nutrição e parceira das principais marcas de consumo do mundo, divulgou hoje sua visão sobre as cinco tendências de alimentos e bebidas que afetarão a forma como os consumidores comem e bebem em 2021.

Com base em uma extensa pesquisa, realizada através da plataforma proprietária da ADM que fornece insights sobre o comportamento do consumidor chamada OutsideVoiceSM, o relatório fornece uma análise de cada uma das cinco tendências que virão à tona nos próximos 12 meses. Cada uma dessas tendências é fortemente influenciada por mudanças comportamentais e sociais que surgiram desde o início da pandemia, incluindo sentimentos que foram intensificados como ansiedade e estresse, mudança de prioridades, mudanças na interação social e a adoção de uma abordagem mais holística para o bem-estar.

"A crise global de saúde mudou as preferências dos consumidores de maneiras novas e inesperadas", disse Vince Macciocchi, presidente de Nutrição da ADM. "Estamos vendo uma maior demanda por alimentos e bebidas que apoiam o sistema imunológico, melhoram nosso humor e reduzem nosso impacto ambiental, impulsionada em parte pelas tensões humanas emergentes. Isso proporcionou uma oportunidade única para as marcas desenvolverem novos produtos inovadores que mudarão para sempre a maneira como comemos e bebemos. Será um ano de inovação, marcado por avanços significativos na nutrição".

As cinco tendências que estimularão a inovação no novo ano incluem:


1. Uma abordagem mais proativa para nutrir o corpo e a mente

A pesquisa da ADM descobriu que 31% dos consumidores estão comprando mais itens customizados, sob medida, para sua saúde e 50% relatam uma preferência por alimentos e bebidas que contêm ingredientes naturalmente benéficos.

O desejo de influenciar a saúde e o bem-estar por meio de alimentos e bebidas está criando novas oportunidades para produtos ricos em nutrientes, que trazem benefícios funcionais para a saúde e visam apoiar o sistema imunológico, melhorar o humor e manter a energia. Fatores sensoriais como sabor e cor também desempenham um papel cada vez mais importante. Durante esses tempos estressantes, os consumidores estão gravitando em torno de alimentos e bebidas com cores brilhantes e estimulantes, que apontam para sabores cítricos como da vitamina C, bem como produtos com sabores familiares e nostálgicos.


2. A sustentabilidade ocupa o centro do palco

Mais de dois terços (65%) dos consumidores desejam ter um impacto positivo no meio ambiente por meio de suas ações diárias. Esse é um dos principais motivos pelos quais 32% dos consumidores compram itens produzidos de forma sustentável. A crescente conscientização de nosso impacto coletivo sobre o meio ambiente gerou uma demanda cada vez maior para que as empresas demonstrem seu compromisso com a sustentabilidade além do produto final, o que inclui a compra responsável e os padrões operacionais.

A alimentação especializada em reduzir as emissões de metano na pecuária, por exemplo, está ajudando a atender aos interesses dos consumidores por fontes de proteína mais ecologicamente corretas. Novas práticas agrícolas, como a agricultura regenerativa, estão sendo usadas para enriquecer o solo, resultando na redução do carbono e melhorias no ciclo da água. Materiais renováveis ​​com base vegetal, como amido de milho e até algas marinhas, estão aparecendo em embalagens de consumo para reduzir o desperdício em aterros.


3. O Microbioma Intestinal surge como a porta de entrada para o bem-estar

Aproximadamente 25% dos consumidores globais sofrem de problemas de saúde digestiva. Destes, 50% afirmam que têm um impacto moderado ou grave em sua saúde geral. A pandemia acelerou o interesse do consumidor por uma abordagem mais holística da saúde, que inclui uma maior compreensão do papel fundamental do microbioma intestinal na saúde de cada indivíduo.

Produtos direcionados ao microbioma demonstraram ajudar a lidar com problemas e condições metabólicas específicas, como controle de peso, suporte do sistema imunológico e melhor bem-estar emocional. Isso fornece um terreno fértil para a inovação em alimentos e bebidas com soluções funcionais como prebióticos, probióticos e pós-bióticos que oferecem suporte à função do microbioma.


4. O boom da demanda por produtos Plant-based. Do nicho ao dia a dia

Globalmente, 56% dos consumidores de produtos Plant-based estão tentando comer mais alimentos e bebidas na versão vegetal, posicionando as proteínas alternativas como um fenômeno cada vez mais popular. A demanda por esses produtos está se expandindo rapidamente, incluindo novas opções que vão além do hambúrguer, tais como peixes (ex.: atum enlatado), marisco e camarão, queijos vegetais, lanches proteicos prontos para comer, e muito mais. Os produtos de carne alternativa também continuam a evoluir, com novas tecnologias, como impressão 3D e fermentação de proteínas, desempenhando um papel importante no incentivo à inovação. As novas carnes à base de vegetais incluirão produtos de músculos inteiros como bife e peito de frango, carne de almoço, bacon, entre outros.

A categoria alternativa de laticínios, uma das primeiras líderes no espaço de nutrição com base vegetal, está crescendo para abranger outros formatos, como iogurte, sorvete, manteiga, pastas e cremes. Para se destacar no setor de laticínios, os produtos devem fornecer mais proteínas do que os laticínios tradicionais e apresentar um rótulo nutricional enriquecido com vitaminas e minerais ou ingredientes funcionais como probióticos.


5. Transparência aumenta a confiança do consumidor

Os consumidores agora esperam que os rótulos dos alimentos forneçam maior transparência em todo o ciclo de vida do produto. Isso está ajudando a impulsionar a demanda por produtos de origem local, à medida que os consumidores buscam maior clareza sobre a origem dos ingredientes de alimentos e bebidas. Na verdade, 26% dos consumidores globais procuram o país de origem nos rótulos dos alimentos e bebidas.

A busca por ingredientes mais limpos estende-se a sabores e cores, com muitos buscando alternativas naturais, seja para dar ao produto um tom azul rico, ou hortelã-pimenta e menta para provocar uma explosão de frescor em alimentos e bebidas. Adoçantes como Monk Fruit e a Stévia estão ganhando popularidade à medida que os consumidores procuram maneiras naturais de reduzir a ingestão de açúcar.

A pandemia global mudou radicalmente a percepção dos consumidores em relação ao mundo, influenciando a maneira como comemos, bebemos e interagimos. Com essas tendências de nutrição ganhando força em 2021 e indo além, a ADM está posicionada para fornecer às marcas as soluções inovadoras necessárias para atender às necessidades dos clientes em um mercado em constante mudança.

 



ADM

http://www.adm.com

 

Pix: nova forma de pagamento deve substituir TED, DOC e boletos

Serviço chega em 16 de novembro e permitirá transações financeiras em seis segundos; e estará disponível 24h por dia, sete dias por semana


Com 33 milhões de chaves de acesso cadastradas e mais de 700 instituições autorizadas pelo Banco Central a oferecer a nova forma de pagamento, o Pix chega em 16 de novembro para encabeçar a revolução digital do Sistema Financeiro Nacional. Na prática, esta nova tecnologia permitirá pagamentos em até dez segundos, em um serviço disponível 24h por dia, sete dias por semana. Para especialistas, mais que uma nova prestação de serviços, o Pix revolucionará a relação entre empresas e consumidores.

“Os outros meios de pagamento continuarão a existir, como DOC, TED, boletos e cheques, mas há um entendimento de que o Pix poderá substituir determinados comportamentos financeiros conforme a popularização do seu uso”, explica José Luiz Rodrigues, especialista em regulação do mercado financeiro e sócio da JL Rodrigues & Consultores Associados. “Por ser mais rápido, o Pix poderá diminuir os prazos de entrega de compras feitas pela internet. Enquanto o boleto bancário demora um dia ou dois para registrar o pagamento, o Pix fará isso em segundos. Isso é positivo também para varejo, que terá em mãos um sistema financeiro mais rápido, prático e seguro, o que deverá impactar positivamente na gestão dos negócios na própria prestação de serviços”.

A nova modalidade de pagamento poderá ser usada para qualquer tipo de transação, como transferências de dinheiro entre pessoas ou empresas, pagar contas de água e luz e até a quitação de taxas públicas, como a de passaportes ou impostos. “O Pix poderá ser utilizado em todos os dispositivos eletrônicos das instituições financeiras ou de pagamento, como aplicativos para smartphones e caixas eletrônicos. Isto traz para instituições de pequeno porte, fintechs e demais startups a possibilidade de disputar espaço no mercado”, complementa o especialista.

Para a empresa de tecnologia LiveOn, que oferece toda a base digital para a prestação de serviços financeiros, já é perceptível o aumento de empresas que desejam ofertar o Pix aos consumidores. “Hoje, atuamos com 28 clientes, sendo 25 bancos. Nossa equipe também cresceu para atender a alta demanda: passamos de 8 para 40 pessoas no time. É um crescimento em cadeia. Com a proximidade do lançamento do Pix e de demais tecnologias, houve um aumento de consumo. Em um comparativo de junho a agosto, as transações financeiras realizadas em nossas plataformas passaram de R$ 150 mil para R$ 40 milhões”, detalha Lucas Montanini, CEO da companhia.

Criada em 2015, a empresa surgiu para desenvolver soluções web e mobile, com foco em startups. Nos últimos dois anos, ao acompanhar as renovações tecnológicas e os debates sobre a estrutura financeira nacional, a LiveOn passou a direcionar seu conhecimento digital para o desenvolvimento de plataformas financeiras e soluções de pagamentos. Entre seus cases de sucesso está a Conta Black, uma conta 100% digital direcionada para pessoas que não têm acesso a serviços financeiros nas instituições bancárias tradicionais. 

“Quando se pensa em banco, um dos primeiros pensamentos é voltado à burocracia. As filas, os processos longos. Existe um debate sobre otimização e quebra desse cenário e, ao acompanharmos o panorama tecnológico mundial e as demandas da sociedade, percebemos que o universo bancário deve absorver essas soluções digitais em pouco tempo”, pondera Lucas.

O especialista em regulação José Luiz Rodrigues complementa: “Será cada vez mais comum o surgimento de novos produtos ou empresas no cenário financeiro. Porque a modernização do Sistema Financeiro Nacional, provocada pela chegada de inovações como o Pix, open banking e sandbox, está fazendo com que o mercado se estruture para atender às novas demandas de consumidores. Isso vem gerando novos processos de fusão, incorporação, parcerias, compra e venda, entre outros modelos de organização ou reorganização”.



 

JL Rodrigues & Consultores Associados

https://jlrodrigues.com.br/

 

 

LiveOn Solutions

https://liveonbaas.com

 

Sete em cada dez pessoas mudaram padrões de consumo por causa da pandemia, mostra pesquisa da FecomercioSP

E-commerce registrou crescimento em meio à crise de covid-19, mas desejo de maior parte da população é voltar aos padrões de consumo anteriores, depois do isolamento

 
Após seis meses de pandemia, uma pesquisa realizada pela FecomercioSP com 400 brasileiros mostra que sete em cada dez (72%) mudaram os padrões de consumo no período. Os setores mais impactados foram de roupas e calçados (42% dos entrevistados reduziram o consumo destes itens), viagens a turismo (30%) e atividades físicas (27%), mas chama atenção, também, o fato de 22% das pessoas terem cortado custos com bens essenciais, como alimentos e remédios.
 
A maioria (54%) daqueles que cortaram gastos aponta que o fizeram porque tiveram diminuição na renda. De acordo com a FecomercioSP, além de variáveis estruturais, como o crescimento da taxa de desemprego durante a crise sanitária (13,8% no segundo trimestre, segundo o IBGE) e a alta da inflação, especialmente sobre preços de alimentos e bebidas (acumulado de 7,3% até setembro), o próprio isolamento social decretado pelos governos estaduais no período explica a capilaridade do impacto no consumo: em casa, as pessoas demandaram mais artigos domésticos e itens que lhes permitissem estabelecer rotinas na quarentena. Da mesma forma, passaram a comprar mais pela internet.
 
Isso se revela, por exemplo, no fato de que sete em cada dez pessoas (72%) estão cozinhando mais em casa do que antes da pandemia, enquanto 42% delas disseram que, agora, praticam mais atividades físicas no ambiente doméstico. Houve ainda um aumento de 14% nas compras de itens de construção ou decoração.
 
Perspectivas do e-commerce
Apontado como a principal alternativa para manter o ritmo do mercado, o e-commerce se expandiu em meio à crise do coronavírus, mas não deve necessariamente manter o crescimento no cenário pós-pandêmico.
 
Segundo o estudo, 46% dos brasileiros aumentaram, de alguma forma, o consumo online – uma tendência que, aliás, atravessou os estratos de renda: enquanto 41% das pessoas que recebem até um salário mínimo por mês compraram um pouco mais pela internet do que antes da crise sanitária, este número foi de 39% entre os que ganham acima de dez salários mínimos.
No ambiente de crescimento da demanda, o setor de serviços saiu na frente: 56% dos consumidores admitem ter pedido mais comida por aplicativos na quarentena, enquanto 37% adquiriram algum tipo de curso a distância.
 
No entanto, a pesquisa também apresenta um alerta aos empresários que apostaram nas vendas online: quando questionadas sobre como pretendem consumir na internet depois que o isolamento social acabar, a maior parte das pessoas (47%) responde que pretende voltar ao patamar pré-crise.
 
No começo do mês, outro estudo da FecomercioSP mostrou que o e-commerce registrou um crescimento significativo no primeiro semestre do ano no Estado de São Paulo: as vendas pela web representaram 3,7% de todo o comércio varejista paulista no período analisado – uma alta de 0,8 ponto porcentual de janeiro a junho de 2020, equivalente ao crescimento dos seis anos anteriores.
 
Para a Entidade, os números de agora sugerem que, após o isolamento, o e-commerce será mais um suporte para lojas físicas do que propriamente um canal de vendas autônomo.
 
Tendências para o varejo no pós-pandemia
Apesar disso, há possibilidades a serem exploradas nas vendas online. A pesquisa da FecomercioSP mostra, por exemplo, que 53% dos consumidores entre 18 e 35 anos compraram mais pela internet durante a pandemia – esse número é de 40% entre os acima de 35, sugerindo maior penetração entre os mais jovens.
 
Como tendem a ser mais naturalizados com meios digitais, 64% dos entrevistados entre 18 e 35 anos afirmaram que a prática de pedir comida delivery se tornou mais frequente na pandemia (49% entre os acima de 35), enquanto 50% dos mais jovens embarcaram em alguma formação a distância (26% na outra faixa etária) no período.
 
Já levando em conta o recorte de renda, a faixa que vai de um até cinco salários mínimos demonstra ser a mais ansiosa para voltar às compras. Há, contudo, planos distintos para cada faixa de renda: pessoas do estrato de renda mais baixo (até um salário mínimo) pretendem ir atrás de roupas e calçados quando o isolamento acabar (57%), ao passo que aquelas que estão na faixa entre um e dois salários mínimos dizem querer adquirir mais eletrodomésticos e/ou eletrônicos (48%). Os mais abastados (acima de dez salários mínimos), por sua vez, esperam poder voltar a viajar (45%).


 
Nota metodológica


A FecomercioSP ouviu 400 pessoas de diferentes idades e faixas de renda entre os dias 10 e 28 de setembro, no marco dos seis meses do primeiro caso de covid-19 no Brasil, no final de fevereiro. A margem de erro é de 4 pontos percentuais.


Que tipo de líder é você?

Autocrata, liberal ou motivador? Que perfil de liderança é o ideal? Existe um perfil de liderança ideal? Veja o que diz o especialista em recolocação executiva Marcelo Arone, que identificou 7 tipos de liderança e qual o melhor caminho para engajar pessoas.


Marcelo Arone, Headhunter e Coach de Carreira, especialista em recolocação executiva e sócio da OPTME RH, 12 anos de experiência no mercado de capital humano, explica: “existem várias escolas que falam sobre a liderança, que enumeram os tipos de líderes e que analisam os resultados de sua atuação nas equipes”. Existe algum mais certo do que outro? “Não”, enfatiza Arone, “pela minha experiência, o que vejo é que podemos avaliar quais tipos são mais comuns e quais funcionam mais para os dias de hoje, especialmente na transição pós-pandemia”.

Arone identifica, em sua trajetória de recolocação profissional de lideranças, 7 tipos de líderes que mais aparecem no mercado brasileiro. Acompanhe:


Liderança centralizadora/autocrática

Esse é o pior tipo de líder, sem dúvida. O cara autoritário, que decide sozinho, que toma a decisão por si próprio sem ouvir seus pares ou subordinados. Infelizmente, ainda tem uma parcela bem grande da chefia nas empresas que age dessa forma.


Liderança liberal

O líder liberal também decide, na maioria das vezes, por si, mas ele permite que a equipe opine, que trabalhe em conjunto as decisões, então ele já descentraliza um pouco a tomada de decisão.


Liderança democrática

Esse tipo de líder permite que todos sejam ouvidos, pede opinião, e toda decisão é mais colegiada e baseada no senso comum.


Liderança motivadora

Aqui, temos o líder que consegue engajar, deixar a equipe super comprometida com o objetivo e com a cultura da empresa e com o que é necessário para o momento.


Liderança paternalista

Esse é o líder paizão. Um clássico no mercado nacional, é o líder que faz o papel de pai, que ajuda, que inclusive, muitas vezes, faz parte da formação das pessoas da equipe. O líder paternalista nem sempre pode ser um bom líder sob o aspecto técnico, mas ele é tão querido pela equipe, tem uma empatia tão grande com as pessoas, que as pessoas trabalham por ele.


Liderança técnica

O líder técnico é o cara que manja muito do produto/serviço/solução/segmento em que trabalha. Ele é tão técnico, fala com tanta propriedade sobre o assunto, que as pessoas passam a respeitá-lo pelo conhecimento que tem. Não necessariamente é o melhor líder na questão da gestão, mas ele entende do que faz e, por isso, conquista.


Liderança carismática

O cara empata, que consegue se enxergar no outro e que é tão carismático, não só com a equipe, mas também com as outras áreas da empresa afins ao seu trabalho, que ele consegue ter uma boa liderança sobre seu time.

Apesar de listar esses sete perfis, Marcelo Arone deixa bem claro que a melhor liderança não está somente no perfil em si. “Primeiro, eles nem sempre andam sozinhos, muitas vezes, se misturam e mais: pode ser que um funcione mais para uma empresa do que outro, por exemplo”. A grande questão, segundo Arone, é que todos eles, sem exceção, precisam convergir para a liderança PELO EXEMPLO.

O chefe que não FAZ, que não mostra como quer o andamento do trabalho, vai ser muito mais difícil de ser seguido, porque ele cria uma barreira entre ele e sua equipe. Uma coisa é dizer: “vai lá e faz”, outra é dizer “vamos fazer”. Arone instiga: “qual dessas frases você gostaria de ouvir?”. Ele já falou, há algum tempo, em um de seus artigos, sobre o chefe camisa 10.

“Essa analogia com o futebol, para mim, faz muito sentido. O cara que é o melhor capitão é sempre aquele que, no momento em que precisa, vai fazer para levar a equipe junto. Ou seja, não adianta ele ser um líder carismático, mas não saber delegar, ou ser um líder democrático, mas não saber exatamente como fazer o que pede”, afirma o headhunter. “O melhor líder ainda é aquele que se torna mais resiliente e criativo com o tempo e com as crises, e que, no final das contas, inspira pela ação”, finaliza.

 



Marcelo Arone - Headhunter, especialista em recolocação executiva e sócio da OPTME RH, com 12 anos de experiência no mercado de capital humano. Formado em Comunicação e Marketing pela Faculdade Cásper Líbero, com especialização em Coach Profissional pelo Instituto Brasileiro de Coaching, Marcelo já atuou na área de comunicação de empresas como Siemens e TIM, e no mercado financeiro, em empresas como UNIBANCO e AIG Seguros. Pelo Itau BBA, tornou-se responsável pela integração da área de Cash Management entre os dois bancos liderando força tarefa com mais de 2000 empresas e equipe de 50 pessoas. Desde então, se especializou em recrutamento para posições de liderança em serviços, além de setores como private equity, venture capital e empresas de Middle Market, familiares e brasileiras com potencial para investidores. Já entrevistou em torno de 8000 candidatos e atendeu mais de 100 empresas em setores distintos.


A tendência da gamificação para aumento de engajamento


Quer saber como melhorar a performance de sua empresa? Mantenha suas equipes engajadas! Com essa filosofia, a Level Engajamento e Performance chega ao mercado, trazendo uma plataforma única que usa a gamificação como maior aliada na gestão de equipes.


A Level Engajamento e Performance é o resultado da união de mais de 15 anos de expertise de seus colaboradores em consultoria para o varejo. Com o objetivo de alinhar o propósito entre colaboradores, gestão e acionistas por meio da gamificação, a empresa replica no Brasil um movimento que já está sendo adotado há anos em outros países.

“A gamificação como ferramenta de engajamento para o varejo é algo relativamente novo por aqui”, explica Raul Schikmann, sócio da empresa: “o formato de competições  para gerar interação entre as pessoas, ou mesmo para criar campanhas, começou a ganhar popularidade nos últimos anos, mas não havia ainda uma plataforma estruturada com a visão voltada a performance, que proporcionasse aos gestores reunir, em um só lugar, competições, acompanhamento de metas, treinamentos e premiações”, enfatiza ele.

Quais as vantagens da gamificação? “A primeira informação que precisamos levar em conta é que, nas empresas, no geral, 2 entre cada 3 colaboradores estāo insatisfesitos e também pouco engajados com suas tarefas do dia a dia, sejam elas voltados a vendas ou a outras finalidades. Infelizmente, esse é um panorama recorrente”, lembra Raul. Através do aumento do engajamento, ganha-se em satisfação dos clientes e vendas, um crescimento, segundo os criadores da plataforma, de uma ordem de 18% e 28%, respectivamente, além de cerca de 32% menor turnover de colaboradores.

“A maior vantagem, ao nosso ver, é o fortalecimento dos elos entre acionistas e gestores e também entre gestores e colaboradores. Ao contrário de metas consideradas enfadonhas e desmotivadoras, temos uma ferramenta que traz, de forma divertida e atual, um aumento natural de performance”, explica o empresário. A explicação estaria no acionamento, por meio da plataforma, das 5 alavancas intrínsecas à motivação humana: autonomia, recompensa, propósito, progresso e interação social.

O app já está em fase de implementação em redes varejistas. Os números de cases similares no exterior são promissores, e a promessa é repetir o sucesso por aqui: “o mercado está sempre em busca de maneiras simples de melhorar performance e, em tempos de crise como a que estamos vivendo, trilhar esse caminho de uma forma mais orgânica é ainda melhor”, finaliza Raul.


Inovação, evolução e transformação

Outubro é considerado o mês da inovação, esse tema tão presente na vida atual, mas que ainda suscita dúvidas ou, por vezes, alguma falta de entendimento. Primeiramente, é preciso compreender que a inovação pode acontecer em diversas vertentes: em produtos e serviços (quando se lança um novo produto ou serviço no mercado), em processos (quando a empresa desenvolve novos processos de negócios ou de atendimento, por exemplo), modelos de negócios (quando a empresa desenvolve uma maneira de vender seus negócios e serviços de forma diferente) e a inovação de mercado (para atingir novos mercados com seus produtos e serviços). Ela pode acontecer de maneira integrada em todas essas frentes.

Para manter a inovação presente no ambiente de negócios, é importante que sejam desenvolvidos ecossistemas de inovação, ou seja, um conjunto de fatores que estimulam a interação e a cooperação, como parques tecnológicos, incubadoras, associações e todas as condições que favorecem a troca de ideias entre as pessoas. O mês da inovação na nossa região foi marcado por diversas ações desse ecossistema. Podemos citar, por exemplo, um evento promovido pelo Instituto Gene nas mídias sociais em que cada um dos 12 candidatos a prefeito de Blumenau fez um Pitch de 4 minutos com suas propostas para gerar mais inovação em nosso ecossistema local. O modelo de apresentação, inspirado nas Startups, é uma forma rápida e objetiva de mostrar as ideias mais importantes e destacar o que faz mais sentido para cada candidato. Assim, os eleitores podem ter uma visão clara e decidir em quem votar.
 
Outras iniciativas estão acontecendo ao longo do mês. E com a pandemia e as restrições de encontros presenciais, o próprio formato de cada evento teve que ser repensado. E o resultado foi surpreendente, com eventos online multiplicando por dezenas de vezes a sua capacidade de atingir o público, e gerando novas experiências de aprendizado e negócios.
 
Tivemos o case Startup Summit em Florianópolis. O evento presencial em 2019 teve 2.000 participantes e o evento online de 2020 teve mais de 30.000 pessoas de todo o Brasil conectadas com as palestras. O Startup Awards foi transmitido ao vivo para milhares de pessoas, e uniu a audiência com finalistas de todas as regiões do Brasil, conectados por video. Diversos outros eventos reformularam seu formato de forma inovadora e colheram os resultados.
 
Ações como essas ajudam a dar visibilidade ao tema e aumentar o entendimento das pessoas sobre os conceitos e as práticas. E, o mais importante, criam jornadas de aprendizado para empreendedores, estudantes, profissionais da iniciativa privada e do governo. Essas iniciativas são a base para um novo ciclo de inovação nos nossos ecossistemas.
 
Um ambiente favorável à inovação também deve contar com políticas públicas claras, a fim de catalisar o processo de desenvolvimento de ciclos de inovação nas empresas, nas entidades de ensino, no próprio governo e na sociedade como um todo. O governo pode ter papel fundamental para catalisar o processo de evolução dos ecossistemas locais, criando políticas que enfatizem os pontos fortes de cada região e resolvam problemas fundamentais que possam prejudicar a integração dos atores do ecossistema.
 
O fato é que tudo que existe hoje tem alguma maneira de ser feito melhor, mais rápido, com mais eficiência e produtividade. Tudo pode ser aprimorado em algum aspecto, e essa deve ser a busca constante de todos os envolvidos. Essa mentalidade é fundamental. É por meio da inovação que vamos conseguir superar a grande crise que enfrentamos hoje no país, e criar um novo ciclo de desenvolvimento tecnológico, econômico, social e, acima de tudo sustentável.
 
O objetivo é criar um fluxo constante, a inovação como modo de pensar e agir, para apresentar soluções efetivas para o mercado e para as pessoas. A inovação gera evolução que gera transformação.

 



D.J. Castro - especialista em marketing e branding, sócio-proprietário da Nexia Branding e Head de comunidades da Blusoft


No Cerrado, topografia explica diversidade genética de anfíbios mais do que cobertura vegetal


Estudo mostra que perereca endêmica da Serra da Canastra, em Minas Gerais, pode se dispersar menos e encontrar parceiros geneticamente mais próximos quando o terreno é mais acidentado, o que pode ser prejudicial à manutenção da espécie; resultado coloca topografia entre fatores potencialmente importantes para políticas de conservação (Bokermannohyla ibitiguara; foto: Renato C. Nali)

 

A perereca Bokermannohyla ibitiguara tem cerca de quatro centímetros de comprimento e vive exclusivamente em riachos da Serra da Canastra, em Minas Gerais. O anfíbio, cujo nome significa “moradora da serra”, habita as chamadas matas ciliares, características de margens de rios e riachos. Nesse conjunto de floresta e água os animais podem crescer, se alimentar, encontrar parceiros e pôr seus ovos sem necessariamente irem muito longe durante todo o seu ciclo de vida. É o que mostra um estudo publicado na Diversity and Distributions.

Segundo os autores, a topografia, mais do que condições da vegetação, é o fator preponderante para esses animais se dispersarem mais ou menos no território, a ponto de essa informação ficar registrada em seu DNA.

Ao analisar a variação genética de populações da perereca dentro e fora do Parque Nacional da Serra da Canastra – uma área protegida dentro da região – pesquisadores brasileiros e dos Estados Unidos descobriram que, quanto menos acidentado o terreno, mais diversa é uma população.

Em locais com muita variação de altitude, onde os terrenos são mais acidentados, os indivíduos são muito similares geneticamente, ou seja, mais aparentados. Evolutivamente, isso pode ser prejudicial para a espécie, gerando uma maior suscetibilidade a doenças ou a mudanças climáticas, por exemplo.

“Estudos de avaliação genética e de conservação costumam levar em conta, entre outros fatores, a cobertura vegetal. Mas o Cerrado tem chapadões, áreas de platô, áreas mais acidentadas. Queríamos saber se essa topografia variada poderia ter algum papel na diversidade genética dessa espécie. Descobrimos que sim. A vegetação, sozinha, não explicou as diferenças genéticas encontradas entre os locais em que essa espécie ocorre e nem mesmo dentro do mesmo local. As condições do relevo, sim”, explica Renato Christensen Nali, primeiro autor do estudo e professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (ICB-UFJF).

O trabalho é um dos resultados do doutorado de Nali, realizado no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp), em Rio Claro, com bolsa da FAPESP.

A pesquisa integra o projeto “Ecologia reprodutiva de anfíbios anuros: uma abordagem evolutiva”, coordenado por Cynthia Peralta de Almeida Prado, coautora do trabalho e professora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, em Jaboticabal, e do Programa de Pós-Graduação em Zoologia do IB-Unesp, em Rio Claro.


Diferentes no plano

“O resultado foi muito interessante, entre outros motivos, porque traz um elemento novo para a conservação no Cerrado. Quando se fala em unidades de conservação, pensa-se muito, e com razão, em corredores ecológicos e matas, mas não necessariamente se há uma topografia que possa permitir a dispersão dos animais”, diz Nali, que coordena o Laboratório de Ecologia Evolutiva de Anfíbios (Lecean) na UFJF.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram 12 populações de B. ibitiguara, seis dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra e outras seis fora. Nas populações da área protegida, havia uma diversidade genética muito maior do que nas que vivem fora do parque. Ao cruzar informações sobre o grau de proteção das áreas e a condição da vegetação, esses fatores não foram tão decisivos para essa diversidade quanto o relevo.

“O terreno é muito mais acidentado fora do parque, enquanto dentro dele há um grande platô, muito uniforme. Nele, os anfíbios conseguem se dispersar mais, encontrar parceiros em áreas mais distantes e aumentar sua diversidade genética. Fora, o terreno acidentado e as diferentes altitudes aparentemente acabam restringindo as populações a áreas menores”, afirma o pesquisador.

A influência desses fatores ficou evidente nos testes genéticos. Usando a técnica de marcadores por microssatélite, que localiza regiões específicas do genoma, os pesquisadores encontraram uma maior diversidade de alelos nas populações dentro do parque. Esse é um dos parâmetros que determinam a integridade genética e, consequentemente, um maior potencial adaptativo.

Além disso, as populações fora do parque apresentaram maior perda de heterozigose, fenômeno relacionado com a perda de variabilidade genética. Repetida ao longo das gerações, essa perda também ameaça a população.

Além de chamar a atenção para a importância de se levar em conta a topografia em estudos de conservação, o trabalho mostra como a simples presença da espécie num local não garante que ela não esteja ameaçada.

“Realizando análises moleculares, podemos verificar se as populações estão numa condição genética favorável. Uma área pode ter um número grande de indivíduos, mas, analisando o DNA, podemos descobrir que a sua constituição genética é desfavorável, com poucos alelos e baixa heterozigose. Então, na prática, o tamanho efetivo da população é pequeno”, aponta.

O pesquisador ressalta que a pesquisa foi realizada com apenas uma espécie de anfíbio anuro, mas acredita que o resultado possa valer para outras, uma vez que as características físicas para deslocamento são semelhantes para outros sapos, rãs e pererecas. No entanto, novas pesquisas são necessárias com outras espécies para confirmar a aplicabilidade dos resultados.

Além disso, o grupo reafirma que a cobertura vegetal continua sendo um importante fator para a conservação, inclusive do Cerrado, que já teve mais de 50% de sua área convertida em pastagens ou plantações e tem menos de 5% protegidos por unidades de conservação.

O artigo Topography, more than land cover, explains genetic diversity in a Neotropical savanna tree frog pode ser lido em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/ddi.13154.

 



André Julião

Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/no-cerrado-topografia-explica-diversidade-genetica-de-anfibios-mais-do-que-cobertura-vegetal/34471/


Como a COVID-19 preparou o caminho para a revolução digital no setor de saúde no setor de saúde

No rescaldo de qualquer crise, a mudança é inevitável. A pandemia não só tem afetado vidas, economias e indústrias, mas tem sido o fator de maior disrupção na indústria global da saúde, desencadeando uma transformação sem precedentes. A COVID-19 também acelerou a já crescente dependência da saúde em relação às tecnologias baseadas em dados. Como resultado, os prestadores de serviços de saúde estão agora sendo solicitados a agregar mais e mais fontes de dados para criar diagnósticos, planos de tratamento e estratégias terapêuticas precisas.

Ainda não é possível medir a extensão da mudança, mas uma coisa é certa: a assistência médica digital continuará a evoluir. Segundo o estudo Healthtech Report 2020, realizado pela Distrito com apoio da consultoria KPMG, existem hoje 542 startups de saúde ativas no Brasil.

E estamos vendo apenas o início desta transformação, que deverá mudar os negócios e os processos de prestação de cuidados de saúde muito depois que a pandemia ficar para trás. Já existem alguns exemplos iniciais de como a robótica pode atender nossas necessidades médicas, desde a aferição dos níveis de sangue e açúcar até a verificação de temperaturas. Mas estas novas técnicas exigirão uma verdadeira mudança de paradigma, colocando o uso de dados, sejam eles antigos ou em tempo real, em primeiro plano.


Telemedicina

A telemedicina - especialmente a teleconsulta, tem experimentado e continua experimentando um crescimento astronômico desde o advento da COVID-19. Havia um grande preconceito cultural que atrasava a sua implementação, até que fomos todos obrigados a usufruir dos serviços digitais não apenas para pedir refeições, mas também para fazer reuniões de trabalho e de família e, finalmente, realizar consultas médicas online. Na mesma linha, a adoção do monitoramento remoto também está aumentando, permitindo que as equipes de saúde monitorem, administrem e interajam com os pacientes, deixando-os no conforto de suas próprias casas. Para indivíduos de alto risco, o fato de os profissionais de saúde estarem confiando na teleconsulta e no monitoramento remoto, veio assegurar melhores resultados aos pacientes, ao mesmo tempo em que reduziu sensivelmente os custos.

Os dados são essenciais para fornecer diagnósticos relevantes em telemedicina. Os médicos podem usar uma grande quantidade de informações externas potencialmente úteis e comparar ou analisar os dados dos pacientes com base nelas. Naturalmente, isso exigirá organização para garantir que o uso dos dados dos pacientes continue sendo um benefício e não um risco, o que implica em um forte imperativo ético.


Testes

Do ponto de vista técnico, um dos principais obstáculos encontrados durante a crise da COVID foi a disponibilidade de kits de teste. O fato de levar de 10 a 20 dias para coletar as amostras, processá-las e enviá-las aos fornecedores de diagnóstico (que estavam sobrecarregados), depois esperar que os resultados voltassem e comunicá-los aos pacientes, agravou ainda mais o problema. Felizmente, os líderes da área de saúde e as startups responderam a esta crise oferecendo uma infinidade de aplicações baseadas em inteligência artificial na nuvem que podem ser implantadas em dispositivos móveis (agora conhecidos como Mobile Health - mHealth), muitos dos quais podem capturar e armazenar os sinais vitais dos pacientes em portais on-line para acesso instantâneo pelas equipes de saúde e clínicos. Além disso, o processamento de dados pode ir ainda mais longe: a análise espacial, por exemplo, pode ser usada com dados desses testes para mapear visualmente os pontos quentes da epidemia.


Salas de guerra

Outro desafio encontrado em nível internacional, nacional e local foi a falta de preparação para a pandemia, que culminou em uma situação de crise diferente por região, com hospitais nas áreas mais afetadas completamente lotados enquanto outros ainda dispunham de alguma capacidade.

No futuro, os líderes das áreas da saúde provavelmente estabelecerão centros de vigilância e resposta a pandemias e epidemias como parte de seu cenário estratégico e iniciativas de planejamento de políticas. Equipados com plataformas analíticas de autoatendimento alimentadas por dados de agências de saúde governamentais, estes líderes criarão "salas de guerra" que não apenas monitorarão surtos e doenças em diferentes partes do mundo, mas também fornecerão informações úteis por meio de painéis de análise visual que monitorarão, analisarão e medirão proativamente tanto as implicações de demanda como de oferta de assistência médica.


Análise de dados e IA

À luz de todos esses novos desafios, os líderes da área de saúde veem um tremendo potencial para que a análise de dados possa cumprir a promessa de melhorar a qualidade do atendimento a um custo menor, capacitando executivos, líderes empresariais, clínicos e enfermeiros a aproveitar o poder da análise preditiva e prescritiva. Muitas organizações de saúde estão procurando aproveitar o vasto potencial da inteligência artificial (IA), do machine learning (ML), do processamento de linguagem natural (PLN), da aprendizagem profunda (deep learning) e da robótica para transformar seus processos clínicos e comerciais. Elas procuram aplicar estas tecnologias avançadas para dar sentido a um "tsunami" cada vez maior de dados estruturados e não estruturados, e para automatizar operações repetitivas que anteriormente exigiam processamento manual.

De fato, o imperativo de distanciamento social imposto pela COVID-19 também viu o advento e a implantação de robôs médicos para novas aplicações de prateleira, que vão desde a captura dos sinais vitais dos pacientes, atuando como um meio ou intermediário para a telemedicina, até a distribuição de alimentos e medicamentos - uma área promissora da inovação em IA que está ganhando impulso este ano. 2020 será um ano crucial para o mundo da saúde, que compreendeu dolorosamente a importância dos dados nesta e em outras áreas. À medida que a complexidade dos dados aumenta, é imperativo adotar análises descritivas e preditivas, ao mesmo tempo em que se aprende ML e PLN para obter as informações necessárias. Entretanto, precisaremos ser capazes de fazer as perguntas certas, para que os avanços na tecnologia não venham em detrimento da ética.

 

 

Leandro Rodriguez - Vice-Presidente para a América Latina da Alteryx


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