Meu
celular, onde o deixei? A chave do carro, onde está? Aquela atriz que fez
aquele filme, qual era mesmo o nome dela? Minha nossa, meu compromisso foi
ontem! Conheço essa pessoa de algum lugar, mas não lembro de onde.
Você
se identificou com as dúvidas acima? Pois bem, saiba que você não é a única
pessoa a lidar com isso: muita gente sofre com esses pequenos esquecimentos
diários, independentemente da idade. Esquecimentos assim são muito comuns,
porém, podem haver fatores externos interferindo nesta perda de memória.
Com
a agitação da vida moderna, a falha ou lapso da memória pode acontecer em
qualquer idade, mas não é considerada uma doença. Pode acontecer principalmente
na mulher na fase do climatério, no fenômeno conhecido como “nevoeiro
cerebral”, (brain fog), que é uma sensação de confusão mental,
dificuldade de concentração, lapsos de memória e lentidão de raciocínio. Estes
sintomas podem ser preocupantes para as mulheres nesta etapa de vida, afetando
suas atividades diárias e qualidade de vida
Mas
um dos principais fatores, sem dúvida nenhuma, é a falta de atenção. Se você
não tiver atenção naquilo que está fazendo, vai dar branco mesmo. Porém, outros
fatores interferem cada vez mais na perda frequente de memória, tais como a
ansiedade, o estresse e a depressão, ligados diretamente à questão da atenção e
concentração.
Sabemos
que no mundo digital moderno, reter a atenção se tornou um desafio ainda maior,
pela imensa quantidade de informações recebidas, o que é impossível para nossa
mente retê-las e processá-las. Porém a tecnologia, quando bem utilizada, não é
inimiga da memória. Segundo pesquisas, as ferramentas da modernidade podem
ajudar no acesso rápido e amplo de informação e consequentemente de
memorização.
O
lado ruim é que, na mensagem do whatsapp, por exemplo, abreviar e simplificar
palavras e frases viram hábito e isso pode levar à perda do domínio na língua
portuguesa. Por outro lado, a tecnologia traz para a sua casa os grandes
museus, mapas, enciclopédias. O manuseio da ferramenta serve tanto para o bem,
quanto para o mal.
O
lapso de memória ou o “branco” é um processo ligado também a outros diferentes
fatores, como problemas emocionais, insônia, deficiências auditivas e/ou
visuais, fome, jejum e até mesmo a falta de prazer ou interesse em determinada
informação que está sendo recebida.
Sem
o interesse ou o prazer no que está sendo informado, a pessoa terá muita
dificuldade para reter a informação e evocá-la. Por exemplo, um aluno que desde
o início da vida escolar, não goste ou não se interesse por matemática ou
história, terá sempre dificuldades quando tratar destes assuntos. Mas há outros
motivos para os esquecimentos do dia a dia: uso de drogas lícitas e ilícitas,
doenças neurodegenerativas, doenças metabólicas e cardiovasculares, entre
outros.
Mas
qual o limite entre o esquecimento normal e uma condição patológica? O “branco”
deixa de ser uma falha para virar algo preocupante quando interfere no
cotidiano e bem-estar do indivíduo. Quando o lapso na memória começa a
comprometer as atividades da vida profissional e do cotidiano, tais como
atividades domésticas, financeira e de relacionamento familiar e pessoal, não
pode, nem deve, passar despercebido. Então, deve-se procurar ajuda médica, para
saber exatamente o que está acontecendo.
Também
considerar que se a pessoa não estiver emocionalmente bem, será necessário
lançar mão de recursos psicológicos e terapêuticos.
Por
fim, para reter na memória determinada informação, além da atenção, outro fator
importante que deve ser destacado é a “malhação” cerebral. Pode ser comparada a
um músculo do nosso corpo que, deixando de ser exercitado, ele atrofia, ou
seja, quanto menos a memória for trabalhada, mais ela vai falhar.
A seguir deixamos algumas orientações, para boa qualidade de vida e uma
ótima memória:
-
Evite o sedentarismo. Pratique sempre exercícios físicos;
-
Tenha sempre uma alimentação saudável, seja organizado em tudo o que fizer e
procure dormir bem;
-
Faça exercícios de memória. Associe fatos a uma imagem e procure guardá-los na
memória. Por exemplo, pense num cheiro de perfume ou imagine um alimento
suculento e sinta todas as suas características.
-
Relaxe, cuide do seu emocional. É impossível prestar atenção e reter
informações se você estiver excessivamente tenso ou nervoso;
-
Cultive a atenção, fixando fatos que ocorreram durante o dia; exercite-se
mantendo a concentração, fazendo recordações para trabalhar a memória;
-
Procure manter atividade intelectual e lúdica, tais como jogos de memória,
leitura, caça palavras e xadrez;
-
Evite o isolamento, cultivando a interação pessoal e o envolvimento
sociocultural, saindo de casa, participando de teatros, concertos musicais e
indo assistir a diversos espetáculos;
-
Adquira novos interesses e nunca se ache velho(a) para novos aprendizados;
-
Nunca achar que o esquecimento é por conta da idade e não procurar tratamento;
Exercitar
a memória significa cuidar da sua saúde e, consequentemente, melhorar sua
qualidade de vida. Não somente a sua, mas sim de todos os que estão à sua
volta.
Dr. Luiz Antônio da Silva Sá - especialista em Clínica
Médica, Geriatria, Gerontologia e professor da Faculdade Evangélica Mackenzie
do Paraná (FEMPAR)
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