Com mais de 70 mil horas de monitoramento e equipes especializadas, abordagem é responsável por detectar riscos de forma precoce, evitando mortes e sequelas neurológicas
Em um cenário em que a tecnologia é aliada à esperança, oito
hospitais municipais de São Paulo, que contam com o programa Parto Seguro, uma
parceria entre o Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) e a
Secretaria Municipal da Saúde, com o apoio da PBSF (Protecting Brains & Saving
Futures) unem esforços para transformar destinos e salvar vidas.
Com mais de 1.000 casos monitorizados em mais de 70 mil horas de
monitoramento, a implantação de protocolos específicos de neuroproteção tem
sido determinante para salvar vidas de bebês de alto risco, incluindo
prematuros, proteger o cérebro e preservar o futuro dessas crianças.
Capaz de detectar ameaças silenciosas ao cérebro dos bebês, como
a asfixia perinatal e crises convulsivas, mesmo em estágios subclínicos, essa
abordagem já se mostrou crucial em quase 85% dos casos monitorados desde maio
de 2023. Seu impacto é profundo, pois reduz a mortalidade e as chances de
sequelas neurológicas nesses recém-nascidos, mudando o destino de centenas de
crianças e suas famílias.
Para o Dr. Gabriel Variane, neonatologista e fundador da PBSF, é
crucial o papel desempenhado por esse modelo de saúde digital. “Além de
possibilitar diagnósticos mais rápidos e precisos, a plataforma de saúde
digital permite a implementação de múltiplos protocolos de cuidados
neurocríticos, avaliados remotamente por uma equipe médica especializada
disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. Esse suporte contínuo não só
assegura intervenções mais eficazes, mas também oferece uma rede de apoio
fundamental para famílias em momentos de extrema vulnerabilidade”, diz.
Entre os destaques dos oito hospitais monitorados está
o Hospital Municipal e Maternidade Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder
Silva, conhecido como “Maternidade Escola Vila Nova Cachoeirinha”. A
instituição já soma aproximadamente 300 bebês monitorados e mais de 18 mil
horas de monitoramento, tornando-se uma das maiores referências entre os
hospitais atendidos.
"O marco de 1.000 bebês é uma evidência de como a
colaboração entre instituições pode transformar a vida e o bem-estar dos
recém-nascidos. Seguimos em nossa missão em oferecer os melhores recursos aos
mais vulneráveis, garantindo que cada bebê tenha o melhor começo de vida
possível", destaca a Dra. Anatália Basile, coordenadora geral da
Maternidade Segura Humanizada CEJAM.
O cuidado que envolve a família
Os protocolos de neuroproteção e o treinamento das equipes são
fundamentais para salvar as vidas desses pacientes, assim como a participação
da família no processo de cuidado e recuperação dos bebês. Denise Suguitani,
diretora da ONG Prematuridade.com, ressalta a importância desse processo no
cuidado neonatal.
“A família também é parte do tratamento. A garantia do direito
aos pais estarem junto com seus bebês na UTI Neonatal é prevista pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente. A presença dos pais, o cheiro, o toque, a voz, faz
toda a diferença. O impacto disso é de longo prazo com impactos positivos para
a vida toda desse bebê. Os pais devem estar o maior tempo possível com seus
filhos e compartilhar o cuidado com a equipe ao longo do tempo de internação”,
explica.
Risco no Brasil e no mundo
No Brasil, estima-se que 20 a 30 mil crianças por ano nascem com
problemas de oxigenação no cérebro, também conhecida por asfixia perinatal. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o quadro representa 23% de todas
as mortes de recém-nascidos, tornando-se a terceira maior causa de óbitos
neonatais no mundo. Essa condição pode ocorrer um pouco antes, durante ou logo
após o parto.
PBSF - Protecting Brains & Saving Futures
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