quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Sistema de neuroproteção neonatal em recém-nascidos ajudou a salvar mais de 1.000 bebês em São Paulo

Com mais de 70 mil horas de monitoramento e equipes especializadas, abordagem é responsável por detectar riscos de forma precoce, evitando mortes e sequelas neurológicas

 

Em um cenário em que a tecnologia é aliada à esperança, oito hospitais municipais de São Paulo, que contam com o programa Parto Seguro, uma parceria entre o Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) e a Secretaria Municipal da Saúde, com o apoio da PBSF (Protecting Brains & Saving Futures) unem esforços para transformar destinos e salvar vidas. 

Com mais de 1.000 casos monitorizados em mais de 70 mil horas de monitoramento, a implantação de protocolos específicos de neuroproteção tem sido determinante para salvar vidas de bebês de alto risco, incluindo prematuros, proteger o cérebro e preservar o futuro dessas crianças. 

Capaz de detectar ameaças silenciosas ao cérebro dos bebês, como a asfixia perinatal e crises convulsivas, mesmo em estágios subclínicos, essa abordagem já se mostrou crucial em quase 85% dos casos monitorados desde maio de 2023. Seu impacto é profundo, pois reduz a mortalidade e as chances de sequelas neurológicas nesses recém-nascidos, mudando o destino de centenas de crianças e suas famílias. 

Para o Dr. Gabriel Variane, neonatologista e fundador da PBSF, é crucial o papel desempenhado por esse modelo de saúde digital. “Além de possibilitar diagnósticos mais rápidos e precisos, a plataforma de saúde digital permite a implementação de múltiplos protocolos de cuidados neurocríticos, avaliados remotamente por uma equipe médica especializada disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. Esse suporte contínuo não só assegura intervenções mais eficazes, mas também oferece uma rede de apoio fundamental para famílias em momentos de extrema vulnerabilidade”, diz.
 
Entre os destaques dos oito hospitais monitorados está o Hospital Municipal e Maternidade Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva, conhecido como “Maternidade Escola Vila Nova Cachoeirinha”. A instituição já soma aproximadamente 300 bebês monitorados e mais de 18 mil horas de monitoramento, tornando-se uma das maiores referências entre os hospitais atendidos. 

"O marco de 1.000 bebês é uma evidência de como a colaboração entre instituições pode transformar a vida e o bem-estar dos recém-nascidos. Seguimos em nossa missão em oferecer os melhores recursos aos mais vulneráveis, garantindo que cada bebê tenha o melhor começo de vida possível", destaca a Dra. Anatália Basile, coordenadora geral da Maternidade Segura Humanizada CEJAM.

 

O cuidado que envolve a família 

Os protocolos de neuroproteção e o treinamento das equipes são fundamentais para salvar as vidas desses pacientes, assim como a participação da família no processo de cuidado e recuperação dos bebês. Denise Suguitani, diretora da ONG Prematuridade.com, ressalta a importância desse processo no cuidado neonatal.

“A família também é parte do tratamento. A garantia do direito aos pais estarem junto com seus bebês na UTI Neonatal é prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A presença dos pais, o cheiro, o toque, a voz, faz toda a diferença. O impacto disso é de longo prazo com impactos positivos para a vida toda desse bebê. Os pais devem estar o maior tempo possível com seus filhos e compartilhar o cuidado com a equipe ao longo do tempo de internação”, explica.

 

Risco no Brasil e no mundo

No Brasil, estima-se que 20 a 30 mil crianças por ano nascem com problemas de oxigenação no cérebro, também conhecida por asfixia perinatal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o quadro representa 23% de todas as mortes de recém-nascidos, tornando-se a terceira maior causa de óbitos neonatais no mundo. Essa condição pode ocorrer um pouco antes, durante ou logo após o parto.





PBSF - Protecting Brains & Saving Futures

 

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