"Cycle syncing", termo em inglês para quem adapta rotina diária ao período de menstruação, pode ajudar a se manter em atividade ao longo do mês
Em 2014, a nutricionista Alisa Vitti introduziu, em seu livro “Woman
code”, o termo “cycle syncing” — algo como sincronização de ciclo, em
tradução livre. Desde então, pessoas que menstruam em todo o mundo puderam
passar a desenhar seus dias, ao longo do mês, em torno do que está acontecendo
em seu ciclo menstrual. Essa ideia vale para a alimentação, as relações
sociais, o trabalho — e os exercícios, também.
Cólicas, mau-humor, mal-estar e outros sintomas que podem ser
vivenciados durante o ciclo menstrual costumam atrapalhar muito a rotina de
quem os experimenta. E não é pouca gente. De acordo com dados da Clínica Mayo,
um dos mais importantes grupos de pesquisa do mundo, três em cada quatro
pessoas que menstruam relatam algum desses sintomas. São mais de 150 deles,
descritos ao redor de todo o mundo.
Mas nem tudo precisa ser sofrimento. Com a ajuda da tecnologia, já é
possível identificar as fases do ciclo menstrual ao longo do mês e, com isso,
adaptar as atividades diárias, respeitando essas fases. Assim, lidar com
sintomas como a fadiga, as cólicas ou as alterações de humor pode ser mais
simples. O mesmo vale para as atividades físicas. De acordo com a profissional
de educação física e instrutora da academia UPX Sports, Rafaela Verona, “a
prática de exercícios ajuda a aliviar as dores causadas pelo ciclo menstrual,
graças à vasodilatação. Durante esse período, os exercícios aeróbicos são os
que mais ajudam a amenizar as dores”.
Sincronizando os exercícios
Além das atividades físicas, outros fatores também podem influenciar no
bem-estar conforme os níveis de hormônios sobem e descem durante o mês. Uma
alimentação balanceada — e pensada para acompanhar essas mudanças — e uma
rotina de sono adequada fazem a diferença para que você se sinta melhor mesmo
nos piores dias do ciclo. Na prática, é preciso entender o que acontece com o
corpo em cada uma das quatro fases do ciclo e organizar a rotina de acordo com
essas alterações. Atualmente, alguns aplicativos — como o Clue e o Flo — ajudam
a saber em qual das fases você está.
O ciclo menstrual se divide em três fases: folicular, ovulatória e
lútea. Cada uma delas tem flutuações hormonais características. A fase
folicular dura mais ou menos até o 14º dia. É nela que a pessoa menstrua. Nos
cinco primeiros dias, hormônios como a progesterona e o estrogênio estão
baixos, o que causa cansaço. “Nesses dias é comum sentir vontade de faltar aos
treinos, mas não pode desanimar. A indicação é realizar atividades mais leves,
pois o desempenho provavelmente não será dos melhores, então o treino não deve
ser muito intenso”, recomenda Rafaela. Em seguida, o corpo começa a produzir
estrogênio, enquanto se prepara para a ovulação. Esses dois momentos muitas
vezes se sobrepõem um pouco, de modo que você pode ter sensações de cansaço ou energia
seguidas, como em uma montanha-russa. “Tente aproveitar os momentos de
disposição para focar em modalidades que exigem maior velocidade e resistência
aeróbica, como a corrida, ou em treinos de força, como a musculação”, diz a
especialista.
Logo depois da fase folicular vem a fase ovulatória, quando há um
aumento rápido do hormônio luteinizante. É ele o responsável por estimular a
liberação do óvulo e também por trazer mais disposição para realizar todo tipo
de tarefa. Dessa forma, esse é o momento perfeito para trabalhar com pesos,
lutas em geral e exercícios de treinamento muscular. “Treinos de alta
intensidade são melhor aproveitados quanto mais disposto você se sente. A
tendência é de um ótimo desempenho nesse período, por isso os treinos podem ser
mais fortes, como aulas de luta ou uma malhação mais pesada, por exemplo”,
pontua Rafaela. Para completar, consumir proteínas e reforçar a hidratação
também são medidas fundamentais. O ponto negativo é que essa fase é bem curta,
durando entre 16 e 32 horas, em média.
Por fim, começa a fase lútea, que se estende do 15º ao 28º dia. O
folículo que se rompeu forma o corpo lúteo, um tipo de tecido que produz
estrogênio e progesterona. Assim, nos primeiros dias dessa fase você pode continuar
tendo um pico de energia, mas, conforme os dias passam, essa sensação deve ir
arrefecendo. “Para acompanhar as mudanças desse período, atividades como
natação, pilates ou hidroginástica são mais recomendadas. A alimentação também
pode seguir esse mesmo ritmo mais leve, com muitas saladas, frutas, sucos e
chás”, explica o coordenador do curso de Educação Física da Universidade Positivo (UP), Zair Cândido.
Nesse período, há uma queda substancial de progesterona, o que reduz o
desempenho e aumenta a fadiga. Rafaela destaca que dor nos seios, irritabilidade,
dor de cabeça, retenção de líquido e prisão de ventre são sintomas comuns nessa
fase. No entanto, é importante manter a disciplina nos treinos, optando por
atividades mais tranquilas. “Não deixe de treinar, até porque o exercício ajuda
a pessoa a se sentir melhor nesses dias. As mulheres passam por isso todo mês,
então o mais importante é manter a regularidade e respeitar o próprio corpo”,
finaliza.
@upxsports
Universidade Positivo
up.edu.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário