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sábado, 12 de outubro de 2024

Sinais em crianças de compulsão alimentar


Se você se comportar ganhará um chocolate”. Que nunca ouviu um adulto dizer isso a uma criança? A frase tão comum pode trazer problemas graves de compulsão alimentar no futuro. Para a psicóloga Valeska Bassan, especialista em transtornos alimentares, se, desde cedo, a alimentação é utilizada como forma de acalmar ou recompensar, isso pode reforçar o comportamento compulsivo. “Uma criança que, diante de frustrações ou estresse, é constantemente presenteada com doces ou guloseimas, pode começar a ver a comida como uma solução para lidar com as emoções”, alerta. 

É na infância que começa a formação de hábitos que podem acompanhar uma pessoa por toda a vida. É também nessa fase que alguns comportamentos, como as compulsões alimentares, podem se manifestar de forma sutil, mas com impactos profundos no bem-estar físico e emocional da criança que se entende para a vida adulta. Para a psicóloga, reconhecer esses sinais precocemente é essencial para ajudar a prevenir consequências futuras mais graves na adolescência e na vida adulta. 

“Uma criança que come de forma exagerada, mesmo quando não está com fome e que ainda apresenta episódios são seguidos de sentimentos como culpa, tristeza ou vergonha já pode ser um alerta de compulsão marcada pela perda de controle na hora de comer”, alerta. 

A falta de rotina alimentar também é um fator que pode levar a episódios de compulsão. “A ausência de horários regulares para refeições e lanches pode gerar ansiedade em relação à próxima refeição, levando a uma ingestão exagerada de alimentos quando, finalmente, têm acesso à comida”, explica Valeska. 

Não é à toa que o consumo de doces é indicado para crianças maiores de 2 anos. “Os alimentos ricos em açúcar, gordura e sódio também pode predispor a criança a comer compulsivamente pois ativam o sistema de recompensa do cérebro, levando a uma busca constante por prazer imediato, tornando difícil para a criança parar de comer quando deveria”.

Valeska afirma ainda que estar atento aos sinais, manter um ambiente familiar acolhedor e buscar orientação de profissionais capacitados são passos importantes para garantir que a criança cresça com uma visão saudável sobre si mesma e sua alimentação. “Os hábitos que são cultivados na infância têm grande influência sobre o futuro das crianças, tanto no aspecto físico, quanto no emocional”, finaliza a especialista. 




Valeska Bassan - Psicóloga aprimorada em Transtornos Alimentares pelo Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e pós graduanda em Medicina e Estilo de Vida e coaching de saúde no Hospital Israelita Albert Einstein. Coordenou o Curso de Aprimoramento em Transtornos Alimentares Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e a equipe de psicólogos do Grupo de Estudos do Comer compulsivo em mulheres portadoras de obesidade (GRECCO) também do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP).Professora de pós graduação das disciplinas de Transtornos Alimentares Pós Cirurgia Bariátrica e dos Aspectos Psicológicos dos Transtornos Alimentares na Faculdade iGPs.
@psicologavaleskabassan


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