Especialista dá
dicas de como prevenir acidentes domésticos com e pequenas mudanças de hábitos
no dia a dia
O presidente Luís Inácio Lula da Silva sofreu uma
queda no último sábado (19/10). Na ocasião, ele bateu a cabeça, teve um corte
com sangramento e um traumatismo cranioencefálico leve, sem perda de
consciência ou desorientação.
Esse tipo de batida, mesmo que não cause maiores
complicações, deve ser acompanhada de perto por médicos especialistas por pelo
menos 72 horas desde a queda, em especial para possíveis sangramentos. A
recomendação é de repouso, hidratação e monitoramento.
Os sangramentos são comuns em idosos por causa da
fragilidade de tecidos e vasos sanguíneos, assim como são aumentados os riscos
de quedas em ambiente doméstico. Lula tem 78 anos.
Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia afirmam que 40% das pessoas com mais de 80 anos sofrem quedas todos
os anos. A pior consequência de quem cai e bate a cabeça é o risco de hematoma
subdural, que é quando o sangue se acumula na região entre o crânio e a
superfície cerebral; isso pode ocorrer até 30 dias após a batida.
Ferimentos ortopédicos
Outro risco para idosos que sofrem quedas são as
lesões em ossos, principalmente na região da bacia e das pernas. Segundo o
médico ortopedista Cleber Furlan, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e
Traumatologia (SBOT), uma pessoa jovem e saudável apresenta uma flexão maior
dos joelhos e do quadril e tornozelos, ou seja, está sempre adaptada a qualquer
desequilíbrio da marcha. Em idosos, entretanto, a marcha se torna mais lenta
devido às artroses de joelho, quadril ou coluna, o que muda o ângulo de pisada
de acordo com o desgaste das articulações e sua adaptação a uma nova realidade
de envelhecimento.
A diminuição da mobilidade no joelho, tornozelo e quadril,
além das dores na coluna, compromete o equilíbrio e a marcha, especialmente em
idosos. Isso pode levar a um padrão de caminhada menos cadenciado e mais
desequilibrado, aumentando o risco de quedas. Doenças como diabetes contribuem
para a perda de sensibilidade nos pés, afetando a propriocepção e elevando a
probabilidade de quedas. Estudos indicam que cerca de 29% dos idosos no Brasil
caem anualmente, com 40% dos que têm mais de 80 anos enfrentando quedas
frequentes.
“A coluna, às vezes com dor, acaba inclinando
o corpo para frente, ou seja, muda a marcha e o ponto de apoio dos pés, o que
compromete o centro de equilíbrio do corpo, normalmente localizado próximo à
região do umbigo”, explica Furlan.
Como prevenir
Para minimizar esses riscos, é fundamental adaptar
o ambiente. Por exemplo, evitar tapetes próximos à cama pode prevenir tropeços,
enquanto a altura de camas e sofás deve ser ajustada para facilitar a entrada e
saída, reduzindo a pressão nas articulações. Rampas com baixo grau de
inclinação, em vez de escadas, e barras de apoio em locais estratégicos ajudam
na estabilidade e segurança.
A escolha do calçado também é crucial: sapatos
confortáveis que se ajustem bem e meias antiderrapantes são recomendados, já
que chinelos de dedo podem exigir esforço excessivo do tornozelo. No banheiro,
a altura do vaso sanitário deve ser adequada para facilitar o uso, e barras de
segurança são essenciais para evitar quedas durante o banho.
“Barras pela casa, principalmente nos lugares onde
você senta e levanta, são fundamentais para diminuir o peso ou a força exercida
nas articulações, principalmente dos membros inferiores, e te ajudar no
equilíbrio, já que há um desequilíbrio pelo próprio envelhecimento, tanto
desequilíbrio dinâmico e estático”, complementa o ortopedista.
Na cozinha e lavanderia, a altura dos armários e
varais deve permitir que os idosos não precisem se inclinar excessivamente,
evitando assim lesões. Cadeiras com quatro pernas são preferíveis a banquetas
para evitar desequilíbrios.
Além disso, as tomadas devem estar em alturas acessíveis, prevenindo posturas desconfortáveis que possam resultar em quedas. Essas adaptações são fundamentais para garantir a segurança e a qualidade de vida dos idosos.
Cleber Furlan - Médico ortopedista há mais de 20 anos, o Dr. Cleber Furlan é também Mestre em Ciências da Saúde pela FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e Doutorando em Cirurgia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Furlan é especialista em Cirurgia do Quadril, bem como membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Quadril.
https://www.cleberfurlanmedicina.com.br
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