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terça-feira, 22 de outubro de 2024

Quedas de idosos tendem a aumentar a partir dos 80 anos

Especialista dá dicas de como prevenir acidentes domésticos com e pequenas mudanças de hábitos no dia a dia

 

O presidente Luís Inácio Lula da Silva sofreu uma queda no último sábado (19/10). Na ocasião, ele bateu a cabeça, teve um corte com sangramento e um traumatismo cranioencefálico leve, sem perda de consciência ou desorientação.

Esse tipo de batida, mesmo que não cause maiores complicações, deve ser acompanhada de perto por médicos especialistas por pelo menos 72 horas desde a queda, em especial para possíveis sangramentos. A recomendação é de repouso, hidratação e monitoramento.

Os sangramentos são comuns em idosos por causa da fragilidade de tecidos e vasos sanguíneos, assim como são aumentados os riscos de quedas em ambiente doméstico. Lula tem 78 anos.

Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia afirmam que 40% das pessoas com mais de 80 anos sofrem quedas todos os anos. A pior consequência de quem cai e bate a cabeça é o risco de hematoma subdural, que é quando o sangue se acumula na região entre o crânio e a superfície cerebral; isso pode ocorrer até 30 dias após a batida.


Ferimentos ortopédicos

Outro risco para idosos que sofrem quedas são as lesões em ossos, principalmente na região da bacia e das pernas. Segundo o médico ortopedista Cleber Furlan, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), uma pessoa jovem e saudável apresenta uma flexão maior dos joelhos e do quadril e tornozelos, ou seja, está sempre adaptada a qualquer desequilíbrio da marcha. Em idosos, entretanto, a marcha se torna mais lenta devido às artroses de joelho, quadril ou coluna, o que muda o ângulo de pisada de acordo com o desgaste das articulações e sua adaptação a uma nova realidade de envelhecimento. 

A diminuição da mobilidade no joelho, tornozelo e quadril, além das dores na coluna, compromete o equilíbrio e a marcha, especialmente em idosos. Isso pode levar a um padrão de caminhada menos cadenciado e mais desequilibrado, aumentando o risco de quedas. Doenças como diabetes contribuem para a perda de sensibilidade nos pés, afetando a propriocepção e elevando a probabilidade de quedas. Estudos indicam que cerca de 29% dos idosos no Brasil caem anualmente, com 40% dos que têm mais de 80 anos enfrentando quedas frequentes.

 “A coluna, às vezes com dor, acaba inclinando o corpo para frente, ou seja, muda a marcha e o ponto de apoio dos pés, o que compromete o centro de equilíbrio do corpo, normalmente localizado próximo à região do umbigo”, explica Furlan.


Como prevenir

Para minimizar esses riscos, é fundamental adaptar o ambiente. Por exemplo, evitar tapetes próximos à cama pode prevenir tropeços, enquanto a altura de camas e sofás deve ser ajustada para facilitar a entrada e saída, reduzindo a pressão nas articulações. Rampas com baixo grau de inclinação, em vez de escadas, e barras de apoio em locais estratégicos ajudam na estabilidade e segurança.

A escolha do calçado também é crucial: sapatos confortáveis que se ajustem bem e meias antiderrapantes são recomendados, já que chinelos de dedo podem exigir esforço excessivo do tornozelo. No banheiro, a altura do vaso sanitário deve ser adequada para facilitar o uso, e barras de segurança são essenciais para evitar quedas durante o banho.

“Barras pela casa, principalmente nos lugares onde você senta e levanta, são fundamentais para diminuir o peso ou a força exercida nas articulações, principalmente dos membros inferiores, e te ajudar no equilíbrio, já que há um desequilíbrio pelo próprio envelhecimento, tanto desequilíbrio dinâmico e estático”, complementa o ortopedista.

Na cozinha e lavanderia, a altura dos armários e varais deve permitir que os idosos não precisem se inclinar excessivamente, evitando assim lesões. Cadeiras com quatro pernas são preferíveis a banquetas para evitar desequilíbrios.

Além disso, as tomadas devem estar em alturas acessíveis, prevenindo posturas desconfortáveis que possam resultar em quedas. Essas adaptações são fundamentais para garantir a segurança e a qualidade de vida dos idosos. 



Cleber Furlan - Médico ortopedista há mais de 20 anos, o Dr. Cleber Furlan é também Mestre em Ciências da Saúde pela FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e Doutorando em Cirurgia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Furlan é especialista em Cirurgia do Quadril, bem como membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Quadril.
https://www.cleberfurlanmedicina.com.br

 

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