Especialista do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz ressalta importância de prevenção
Criado há mais de 30 anos, o Outubro Rosa é a época de compartilhar informações para a conscientização sobre o câncer de mama. A prevenção primária e a detecção precoce ainda são as principais aliadas para a redução da incidência e na mortalidade pela doença.
O câncer de mama é o tipo de tumor que mais acomete as mulheres no Brasil. Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados pelo Ministério da Saúde 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,9 casos por 100 mil mulheres.
Para detecção da doença, a mamografia continua sendo o melhor método para o rastreamento, especialmente em mulheres sem sintomas, como aponta a Dra. Maria do Socorro Maciel, mastologista e oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Estudos mostram a redução de mortalidade com a descoberta precoce do câncer. A mamografia é o exame principal que auxilia na detecção inicial dos tumores mamários,” disse a especialista.
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a realização da mamografia a cada ano a partir dos 45 anos até os 55. Já a Sociedade Americana de Cancerologia adverte que o exame seja feito anualmente acima dos 40 anos.
Mamografia é um exame simples que consiste em um raio-X da mama e permite descobrir o câncer quando o tumor ainda é bem pequeno.
“Muitas pacientes podem ignorar sinais de alerta, como nódulos, o que a mamografia pode identificar com mais precisão”, afirmou Maria do Socorro.
A especialista também aponta outro indicador para mulheres procurarem um mastologista para fazer o exame, a incidência de casos de câncer de mama em outras mulheres da família.
“Se você tem um histórico familiar de câncer de mama deve começar a fazer mamografia a partir de 10 anos abaixo da idade da mãe quando teve a doença”, explicou a mastologista.
Testes genéticos também podem identificar mutações em pacientes com histórico familiar de câncer, mas, segundo a especialista, para esse tipo de exame as mulheres devem buscar acompanhamento com um oncogeneticista.
Dra. Maria do Socorro também enfatizou que, além dos exames, a prática de atividade física e o controle da dieta são fundamentais para a prevenção do câncer de mama.
“Atividade física é considerada muito como um anti-inflamatório e deve ser uma prioridade na vida das mulheres. As pessoas não marcam horários para fazer exames? Também devem reservar uma hora para fazer atividade física” afirmou.
A médica afirmou que há relação entre obesidade e o risco de câncer, embora ainda não ficou constatado que não sejam fatores determinantes.
“A obesidade é um risco adicional. O
mais importante é entender que muitos fatores contribuem para o desenvolvimento
do câncer, e é fundamental estar atento à saúde geral”, ressaltou a
especialista.
Mitos e verdades
O câncer de mama ainda gera dúvidas sobre o que é verdade e o que é mito a respeito da doença.
Menopausa? “Chip da beleza”? Genética?
Amamentação? São muitas as informações difusas que levam a conclusões erradas
sobre o câncer de mama. Reunimos aqui, com informações do Centro Especializado
em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o que é verdadeiro e o que não é
sobre a doença:
“Menopausa tardia é período de risco de desenvolvimento de câncer de mama”
VERDADE:
A menopausa é um processo natural que ocorre com todas as mulheres e equivale a
ausência de menstruação em período de 1 ano. O período que precede a última
menstruação onde podemos ter irregularidade menstrual é o climatério. No
período da menopausa ao redor dos 50 anos, coincide com o aumento da incidência
dos casos de câncer de mama. A primeira menstruação precoce (< 9 anos) e
menopausa tardia (> 55 anos) são fatores considerados de risco.
“Reposição hormonal é risco para o câncer de mama”
Verdade:
O uso da terapia de reposição hormonal, geralmente quando se associa o
estrógeno e a progesterona ,acima de 5 anos, é considerada fator de risco para
câncer de mama. Mas vale lembrar que não é fator causal, e se a reposição for
necessária pelos sintomas oriundos da menopausa, a terapia hormonal deve ser
indicada efetuando-se controle dos exames de imagem da mama.
“ ‘Chips da beleza’ previnem o câncer de mama”
Mito: Os chamados “chips da beleza” não são
reconhecidos pelo Conselho federal de medicina, sendo seu uso regular não
autorizado.
“Fumar cigarros convencionais ou vapes não são fatores de
risco de câncer de mama”
Mito: O tabagismo é classificado pela Agência Internacional de
Pesquisa em Câncer (IARC) como agente carcinogênico para câncer de pulmão em
humanos, portanto, cigarros e vapes – que contém nicotina e são vaporizadores –
devem ser evitados como prevenção.
“Anticoncepcional causa câncer de mama”
Mito: Estudos apontam que o uso a longo
prazo de anticoncepcional oral pode aumentar o risco de câncer de mama. Porém
este aumento de risco é muito pequeno quando comparado com pacientes que não
usam o anticoncepcional oral Vale lembrar que anticoncepcional oral é uma forma
de anticoncepção altamente eficaz e que seu uso também pode ser extremamente
bem-vindo em condições como endometriose ou distúrbios hormonais. O seu uso não
deve ser contraindicado, mas as pacientes devem ser informadas e discutir com
seu médico qual a melhor forma de contracepção.
“Mutação genética aumenta chances de desenvolver câncer de mama”
Verdade: Mutação genética germinativa (ou seja, genes que são transmitidos de geração em geração) correspondem à 10% dos casos de câncer de mama e aumentam de 50% a 80% o risco de desenvolver o câncer de mama durante a vida. O mapeamento genético pode ser importante aliado na prevenção e no tratamento em casos em que a história familiar de parentes com câncer de mama, ou mama e ovário ou outros tumores existem
A pesquisa da mutação germinativa geralmente é efetuada em quem é
portador do câncer, importante a orientação do seu mastologista e do
oncogeneticista.
“Próteses de silicone aumentam o risco de câncer”
Mito: Não há relação do uso de próteses
mamária de silicone com o risco de desenvolvimento de câncer de mama.
“Desodorante antitranspirante causa câncer de mama”
Mito: Não há relação entre os sais de
alumínio, presentes na formulação de alguns desodorantes, e o aumento do risco
de desenvolvimento do câncer de mama. Nenhum estudo científico conseguiu
estabelecer relação entre o uso desse produto e o risco de desenvolver a
neoplasia. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
afirma que o produto é seguro e que não existe relação entre a substância e o
desenvolvimento do tumor.
“Atividades físicas ajudam a prevenir o câncer de mama”
Verdade: A atividade física, quando praticada
regularmente (no mínimo três vezes por semana com duração mínima de trinta
minutos), traz diversos benefícios a curto e longo prazo para qualquer pessoa.
Para prevenir o câncer de mama as mulheres devem iniciar uma mudança de hábitos
em sua rotina, como praticar atividade física regularmente, ingerir alimentos
saudáveis e realizar os exames preventivos, como a mamografia.
“Usar sutiã apertado causa câncer”
Mito: Não há embasamento científico que
relacione o uso de sutiãs apertados e o surgimento do câncer de mama.
“Todos os nódulos da mama são câncer”
Mito: A maioria dos nódulos na mama
correspondem a lesões benignas . Os cistos estão presentes em 60 % das mulheres
e para efetuar o diagnóstico diferencial entre o nódulo verdadeiro e cisto o
ultrassom das mamas é importante. Achando um nódulo, consulte um médico.
“Mulheres que amamentam têm menos chances de desenvolver câncer de mama”
Verdade: Uma das orientações do Ministério da Saúde para prevenção do câncer de mama é o aleitamento materno. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que o risco de desenvolver câncer de mama é cerca de 22% menor em mulheres que amamentaram.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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