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terça-feira, 15 de outubro de 2024

Me Too Brasil divulga nota de alerta sobre a violência política de gênero na eleições

A organização que defende vítimas de violência sexual manifestou apoio às candidatas vítimas de abuso, ataques verbais, morais, físicos e psicológicos no 1º turno, e criticou o perigo do apagamento dos casos de violência cometidos por candidatos homens

 

O Me Too Brasil divulgou uma nota pública manifestando solidariedade e apoio às candidatas que sofreram violência política de gênero no primeiro turno das eleições municipais de 2024. O documento destaca o caso de Lili Rodrigues, candidata a vice-prefeita de Porto Velho (Psol/RO), que denunciou ter sido estuprada após uma reunião política. Segundo a organização brasileira, este episódio representa uma das mais brutais denúncias de violência contra mulheres no atual pleito. 

A organização ressaltou que, além do caso de Lili Rodrigues, as candidatas de todo o país foram alvo de ataques verbais, morais, físicos e psicológicos, o que caracteriza a violência política de gênero como uma ferramenta para silenciar e deslegitimar as mulheres na esfera pública. “A violência sexual atinge profundamente a dignidade e a integridade das vítimas. No contexto político, ela amplifica o machismo e busca impedir a participação feminina nas decisões públicas”, afirmou a nota. 

O Me Too Brasil também criticou a omissão e o apagamento de casos de violência cometidos por candidatos homens, o que, segundo a organização, perpetua uma cultura de impunidade. A entidade alertou que ignorar ou minimizar essas denúncias reforça a mensagem de que tais atos são irrelevantes e não prejudicam as candidaturas masculinas, desrespeitando as vítimas e enfraquecendo a ética política. 

Esta eleição municipal é a primeira realizada sob a vigência da Lei nº 14.192/2021, que criminaliza a violência política contra mulheres. No entanto, o Me Too Brasil lamenta que essa nova legislação não tenha sido suficiente para impedir casos de agressão e assédio. “Esse crime afeta todas as mulheres, pois desestimula a participação feminina na política, criando barreiras invisíveis, mas poderosas, para quem luta por seus direitos”, reforçou o movimento. 

Os números da participação feminina nas eleições ainda revelam um cenário de desigualdade. A organização destaca que, no 1º turno, apenas 13,2% dos prefeitos eleitos no primeiro turno são mulheres, um aumento tímido em relação ao pleito de 2020, quando o índice foi de 12%. A organização vê esses dados como um reflexo das violências enfrentadas pelas mulheres em ambientes políticos historicamente dominados por homens. 

No segundo turno, oito mulheres disputam prefeituras em 15 capitais, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, e o Me Too Brasil diz que vai acompanhar de perto o pleito. A organização reafirmou seu compromisso com a defesa das vítimas de violência sexual e com a luta por um ambiente político seguro e igualitário. “Sem essa garantia, o Brasil continuará a reproduzir um sistema político machista, excludente e opressor”, concluiu a nota.

O Me Too Brasil é uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos das vítimas de violência sexual, oferecendo escuta, acolhimento, e atendimento psicológico, jurídico e assistencial. Com uma equipe de voluntários, já atendeu mais de 400 vítimas por meio de seus canais especializados, acessíveis pelo site oficial e pelo telefone gratuito 0800 020 2806. O atendimento é sigiloso e centrado na vítima. A organização também promove campanhas de conscientização, atua em advocacy e litigância estratégica, buscando melhorar a proteção às vítimas por meio do diálogo com os poderes públicos.
 

Leia a nota completa:

 

Alerta contra a violência política de gênero nas eleições de 2024 

O Me Too Brasil vem a público prestar solidariedade e apoio às candidatas mulheres que sofreram violência política de gênero no primeiro turno das eleições de 2024, em especial, à candidata a vice-prefeita de Porto Velho (Psol/RO), Lili Rodrigues, que corajosamente denunciou que foi estuprada após uma reunião política. O caso representou a mais brutal denúncia de violência contra mulheres neste pleito que teve ocorrências de ataques verbais, morais, físicos e psicológicos às candidatas. 

A violência sexual atinge a dignidade, a integridade física e psicológica de maneira profunda e devastadora. É uma tentativa de controle, dominação e humilhação da vítima. Quando ocorre no contexto político, ela reflete e amplifica a expressão cruel do machismo de deslegitimar, restringir e até impedir a participação das mulheres nas decisões públicas. 

Ao mesmo tempo, o Me Too Brasil observa que a omissão e o apagamento de violências contra mulheres cometidas por candidatos homens compromete a transparência e perpetua uma cultura de impunidade. Quando denúncias são ignoradas ou minimizadas, transmite-se a mensagem de que esses atos são irrelevantes e não desqualificam os candidatos, desrespeitando as vítimas e enfraquecendo a ética no cenário político. 

Esta foi a primeira eleição municipal realizada sob a vigência da Lei nº 14.192/2021, que criminaliza a violência política contra a mulher. Esse crime afeta todas as mulheres por reforçar barreiras e desestimular a participação feminina na vida pública e nas esferas de decisão. Ela não apenas agride a vítima direta, mas ameaça todas as mulheres que lutam por seus espaços e direitos. 

A luta pela representatividade feminina na política tem envolvido diversos setores da sociedade, entre organizações da sociedade, empresárias e políticas mulheres, mas ainda há um longo caminho a para a diversidade ainda ser trilhado. No primeiro turno desta eleição, 9 em cada 10 prefeitos eleitos são homens. Apenas 13,2% são mulheres, mesmo sendo a maioria entre os eleitores, o que significa um pequeno aumento em relação aos 12% do pleito em 2020. 

A organização manifesta apoio a todas as candidatas que sofreram violência nestas eleições e está acompanhará de perto o 2º turno, que terá a participação de oito mulheres nas eleições de 15 capitais. A organização segue em defesa das vítimas de violência sexual e da liberdade de participação e expressão política das mulheres. Sem a garantia de um ambiente seguro e livre de violências contra as mulheres, o Brasil continuará a reproduzir um sistema político machista, excludente e opressor.


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