Ginecologista
revive o tópico pouco falado sobre os perigos da busca por soluções rápidas e
os impactos na saúde mental femininaEnvato
A busca por um corpo ideal e um maior bem-estar tem
levado muitas mulheres a procurarem alternativas para melhorar a autoestima e a
qualidade de vida. Uma dessas alternativas, muitas vezes buscada de forma
independente, é a reposição hormonal, especificamente a testosterona. No
entanto, a doutora Alexandra Ongaratto, coordenadora e médica do Instituto
GRIS, alerta para os perigos dessa prática, especialmente quando realizada sem
acompanhamento médico adequado.
A automedicação com testosterona, além de ser
perigosa se feita de forma indiscriminada, pode mascarar um problema de saúde
mental subjacente, como a depressão. "Muitas mulheres buscam a
testosterona como uma solução rápida para questões relacionadas à libido, à
falta de energia e à autoestima, sem se darem conta de que a raiz do problema
pode estar em um distúrbio de humor", explica a médica Alexandra
Ongaratto, especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora
Técnica do Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil.
A depressão e a testosterona
A depressão é um transtorno mental que afeta
milhões de pessoas em todo o mundo e se manifesta de diversas formas, como
tristeza profunda, perda de interesse em atividades prazerosas, alterações no
apetite e no sono, e sentimentos de culpa e inutilidade. Em mulheres, a
depressão pode ser desencadeada por diversos fatores, incluindo mudanças
hormonais, estresse e questões relacionadas à saúde reprodutiva.
A testosterona, por sua vez, é um hormônio sexual
masculino que influencia diversas funções no organismo, incluindo o desejo
sexual, a massa muscular e a produção de células sanguíneas. Embora a testosterona
possa melhorar a libido e a energia em algumas mulheres, o uso inadequado desse
hormônio pode causar diversos efeitos colaterais, como:
- Acne
e aumento da oleosidade da pele: A testosterona estimula a produção de
sebo, o que pode levar ao aparecimento de acne.
- Crescimento
de pelos: O aumento dos níveis de testosterona pode causar o crescimento
de pelos em áreas onde eles normalmente não aparecem, como no rosto e no
peito.
- Alteração
da voz: A voz pode ficar mais grave em decorrência do aumento da produção
de testosterona.
- Problemas
cardíacos: O uso indevido de testosterona pode aumentar o risco de doenças
cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral.
- Problemas
hepáticos: A testosterona pode causar danos ao fígado, especialmente
quando utilizada em altas doses ou por longos períodos.
A Importância do diagnóstico
É fundamental que as mulheres que apresentam
sintomas de depressão busquem ajuda médica especializada. O diagnóstico da
depressão é feito por meio de uma avaliação clínica completa, que inclui uma
entrevista detalhada sobre os sintomas e um exame físico. O tratamento da
depressão pode envolver psicoterapia, medicamentos ou uma combinação de ambas
as abordagens.
"A automedicação com testosterona não é a
solução para a depressão", afirma Alexandra Ongaratto. "É importante
que as mulheres compreendam que a depressão é uma doença complexa que requer um
tratamento adequado e individualizado."
O papel do ginecologista
O ginecologista é o profissional de saúde mais
indicado para acompanhar a saúde feminina e identificar possíveis alterações
hormonais. Ao procurar um ginecologista, a mulher poderá realizar exames para
avaliar os níveis hormonais e identificar as causas dos seus sintomas.
"A ginecologista pode ajudar a mulher a
entender as causas da sua depressão e indicar o tratamento mais adequado",
afirma a médica. "É importante ressaltar que a reposição hormonal, quando
indicada, deve ser feita de forma segura e sob acompanhamento médico."
A busca por bem-estar e autoestima é natural e
desejável. No entanto, é fundamental que as mulheres busquem soluções seguras e
eficazes para os seus problemas de saúde. A automedicação com testosterona pode
trazer mais danos do que benefícios e mascarar problemas mais sérios, como a
depressão. Ao procurar um profissional de saúde qualificado, a mulher poderá
receber o diagnóstico e o tratamento adequados para a sua condição.
Instituto GRIS
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