A imunização deve
ser realizada antes do início da vida sexual; Especialista fala sobre
importância da prevenção e riscos da doença
O Dia Nacional da Vacinação vem para alertar sobre
a importância da conscientização contra o câncer do colo do útero, doença que
ocorre em quase 99% dos casos por causa do Papilomavírus Humano (HPV). A
infecção sexualmente transmissível é a mais comum em todo o mundo, atingindo de
forma massiva as mulheres
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer
(INCA), em 2024 cerca de 17.010 mulheres serão diagnosticadas com câncer do
colo do útero no Brasil, o que representa um risco considerado de 13,25 a cada
100 mil casos. Vale lembrar ainda que a doença é o terceiro tipo de câncer que
mais afeta o público feminino, por isso, é muito importante que o diagnóstico
seja feito o quanto antes para o início do tratamento
Diversos especialistas acreditam que na pandemia as
medidas restritivas impostas para evitar o aumento do contágio pela covid-19,
assim como o fechamento das escolas, pode ter impactado em uma menor procura
pela vacinação contra o HPV, uma vez que muitas das campanhas são realizadas
nas instituições de ensino.
Apesar da pandemia, é importante reforçar que a
cobertura vacinal contra o HPV é considerada insatisfatória há algum tempo. As
entidades de saúde consideram ideal que as taxas sejam de 80% tanto para as
meninas, quanto para os meninos. Mas, a realidade é outra: no Acre, apenas
33,6% do público-alvo está vacinado, no Rio Grande do Norte, 46,2%, Pará,
43,9%, Rio de Janeiro, 44,6%, Santa Catarina, 65,2%, Minas Gerais, 66,8% e
Paraná com 72,7%
A vacina é oferecida nas UBSs (Unidades Básicas de
Saúde) de todo o Brasil para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos e para
pessoas de 9 a 45 anos e pacientes imunossuprimidos, como pessoas com câncer,
HIV e transplantados (até 45 anos). Segundo o Ministério da Saúde, 75% das
brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida,
sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos. Após o
contágio, ao menos 5% delas irão desenvolver câncer de colo do útero em um
prazo de dois a dez anos
"Geralmente, a infecção genital por HPV é
bastante frequente e, na maioria dos casos, é assintomática e autolimitada, ou
seja, até os 30 anos de idade grande parte das mulheres tem a infecção
resolvida. Mas, quando ocorre a persistência do vírus nas células do colo do
útero, elas podem avançar para o desenvolvimento de câncer", comenta Marcela
Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas São Paulo
De olho na prevenção
Diante dessa realidade, é importante reforçar que a
ferramenta essencial na luta contra o câncer do colo do útero é a vacinação
contra o HPV. "A imunização pode prevenir também o câncer de vulva, ânus e
vagina nas mulheres e de pênis nos homens. Por isso, o ideal é que esse cuidado
ocorra antes do início da vida sexual, evitando assim que haja uma exposição ao
vírus".
Além da vacinação, que é considerada uma prevenção
primária, é importante realizar os exames de rotina ginecológica, como o
Papanicolau (anualmente e depois a cada três anos), dos 25 aos 64 anos de
idade. "Ele é muito importante para identificar lesões pré-cancerosas e
agir rapidamente contra o câncer do colo do útero", alerta Marcela. Vale
lembrar ainda que os exames devem ser feitos mesmo se a mulher for vacinada
contra o HPV, pois o imunizante não protege contra todos os tipos oncogênicos
da doença
Primeiros sinais
A doença em estágios iniciais é assintomática, mas
a dor na relação sexual ou sangramento vaginal pode estar presente. Por isso, é
muito importante o rastreamento com o exame Papanicolau de rotina
No entanto, se a doença estiver mais avançada, pode
ser que a paciente tenha anemia - devido a perda de sangue - dores nas pernas e
costas, problemas urinários ou intestinais e perda de peso não justificada.
"Geralmente, os sangramentos acontecem durante a relação sexual, mulheres
que já estão na menopausa ou ainda fora do período menstrual. Por isso, é muito
importante buscar pelo aconselhamento de um especialista", orienta a
oncologista
Diagnóstico da doença em
estágio inicial aumenta chances de sucesso no tratament
A oncologista da Oncoclínicas São Paulo explica que
podem ser realizadas cirurgias, radioterapia e/ou quimioterapia. "Na
cirurgia, ocorre a retirada do tumor, ou ainda do útero quando necessário.
Quando a doença apresenta estágios mais avançados, são realizadas sessões de
radioterapia e quimioterapia", comenta Marcela Bonalumi
Apesar da doença ser bastante silenciosa, quando descoberta precocemente pode haver uma redução de até 80% na mortalidade pelo câncer do colo do útero. "Muitas mulheres não descobrem na fase inicial. Sempre aconselho as pacientes a realizarem periodicamente seus exames de rotina, como o Papanicolau. Além disso, é fundamental que sejam consumidas informações de qualidade, sendo essa uma das principais aliadas ao combate do HPV", finaliza.
Oncoclínicas&Co
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