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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Realização de mamografias na região Sudeste está 48,9% abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde

A região é responsável por metade do percentual nacional de óbitos por câncer de mama entre 2015 e 2022

 

A cobertura de mamografias para rastreio do câncer de mama no Sudeste foi de apenas 22,1% entre 2021 e 2022, apresentando uma queda de 6,2% em comparação ao período de 2015 a 2016. Os dados foram divulgados pelo Panorama do Câncer de Mama, levantamento realizado pelo Instituto Avon em parceria com o Observatório de Oncologia com base em informações do DATASUS, Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS). O indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a cobertura mamográfica alcance pelo menos 70% da população-alvo para realização dos exames – no caso do Brasil, mulheres entre 50 e 69 anos. 

O estado com maior taxa de cobertura na rede pública da região foi São Paulo (26,6%), seguido por Espírito Santo (21%), Minas Gerais (20%) e Rio de Janeiro (13,1%). Apesar dos índices também estarem muito abaixo do recomendado pela OMS, o Sudeste foi a segunda região do Brasil com os melhores indicadores em termos de cobertura de exames de rastreio para câncer de mama, ficando atrás apenas da região Sul (24,3%). A região Norte apresentou o menor índice com 10,1%, seguida do Centro-Oeste (12,7%) e do Nordeste (19,9%). 

“Dados como esses são fundamentais para compreender onde a rede pública de saúde desses estados deve investir esforços para ampliar e aprimorar o atendimento à população feminina de cada local, contribuindo, também, para expandir a conscientização sobre saúde das mamas e a importância da detecção precoce da doença. De acordo com a OMS, 35% das mortes pela condição podem ser reduzidas se os exames de rastreio forem realizados regularmente. Além disso, quando o diagnóstico é obtido ainda em estágio inicial, as chances de cura chegam a 95%, o que também melhora a qualidade de vida da paciente”, explica Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon. 

Entre 2015 e 2022, o Sudeste apresentou o maior número de casos novos de câncer de mama do país, com 168.637 registros – correspondente a 45% do total nacional, o que pode estar relacionado ao fato da região ter a maior população do país. São Paulo foi o estado com mais casos novos do território brasileiro, com 12.613 notificações, seguido por Minas Gerais, com 7.333. No mesmo período, a região também liderou no número de internações e pacientes diagnosticados com a doença com 50,2% do total nacional. São Paulo é responsável por 25,4% desse número – o que corresponde a 135.130 mil procedimentos e cerca de 90.986 pacientes estimadas. Em segundo e terceiro lugar, estão Minas Gerais (12,1%) e Rio de Janeiro (10%). 

Em relação aos procedimentos para tratamento da doença, São Paulo (25,4%) e Minas Gerais (11,9%) foram os estados que mais realizaram quimioterapia nas pacientes de câncer de mama em comparação ao restante do Brasil. Ambos os estados também encabeçaram a lista nacional com o maior número de radioterapias feitas durante o período, com percentuais de 24,2% e 13,7% do total nacional de procedimentos realizados, respectivamente. 

Além disso, o maior percentual nacional de óbitos pela doença também foi concentrado no Sudeste (49,6%) entre 2015 e 2022. São Paulo é o estado com o maior número de notificações do país, com 25,6% dos óbitos, seguido por Minas Gerais (13%) e Rio de Janeiro (9,3%). Em contraponto, São Paulo empatou com o Rio Grande do Sul com o menor percentual de diagnósticos em estadiamento 3 ou 4– os níveis mais graves da doença – com 33% dos resultados entre 2015 e 2021. 

“O Brasil é um país continental e diverso, por isso a atenção oncológica em cada região precisa ser planejada e executada de maneira direcionada às necessidades loco regionais. Precisamos, com urgência, trabalhar intensamente para que todas as brasileiras, independentemente de raça, classe social, local de residência e questões econômicas, tenham acesso à informação sobre a importância de realizar os exames preventivos e, sobretudo, que possam ter garantia de acesso igualitário à cobertura de mamografia, diagnóstico precoce e tratamento adequado e oportuno de qualidade”, diz Dra. Catherine Moura, médica sanitarista e líder do Observatório de Oncologia.
 

Impacto da pandemia na cobertura mamográfica da região 

Entre 2020 e 2022, 50,2% do total de mamografias realizadas no Brasil foi na região Sudeste. São Paulo foi o estado que apresentou o maior número de mamografias aprovadas nessa época no país, o equivalente a 29,5% do total nacional, seguido por Minas Gerais com 12,5%. 

No entanto, no auge da pandemia de Covid-19, em 2020, a região apresentou uma queda de 41% na realização dos exames para rastreio de câncer de mama em comparação a 2019. O Rio de Janeiro foi o estado mais impactado do Sudeste, com uma redução de 47,2%, seguido do Espírito Santo (46,4%), Minas Gerais (44,1%) e São Paulo (36,8%).
 

A pesquisa 

Para a construção do Panorama do Câncer de Mama, foi realizado um estudo observacional transversal com informações públicas dos Sistemas de Informação Ambulatorial (SIA), Hospitalar (SIH) e Mortalidade (SIM) do DATASUS e de Registros Hospitalares de Câncer (RHC) do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Originalmente lançada em 2022, a plataforma agora conta com dados atualizados e melhor funcionalidade. Além disso, ela deve ser alimentada anualmente com novas informações fornecidas pelo Ministério da Saúde.
Saiba mais no site.

  

Instituto Avon


Observatório de Oncologia
Uma iniciativa do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, o Observatório de Oncologia é uma plataforma online e dinâmica de monitoramento de dados abertos e compartilhamento de informações relevantes da área de oncologia do Brasil e visa influir na tomada de decisão e no planejamento de políticas de saúde baseadas em evidências. Com metodologia descritiva, os estudos do Observatório de Oncologia buscam determinar a distribuição da doença e condições relacionadas à saúde. Todos os estudos utilizam dados governamentais abertos (DGA) e abrangem quatro dimensões: demográfica, epidemiológica, procedimentos de assistência à saúde e estrutura da rede assistencial. A produção de informação está baseada em atendimentos ambulatoriais, internações hospitalares, incidência e mortalidade do câncer.


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