Que as redes sociais nos aproximaram e
facilitaram a comunicação, é uma realidade. Por outro lado esse avanço
tecnológico também vem trazendo situações desconfortáveis para os usuários, uma
vez que interfere no tipo de comportamento social das pessoas.
Por exemplo, o famoso “stalkeamento” na vida do
outro virou uma tendência diante de tamanha exposição. Bisbilhotar tornou-se
incrivelmente fácil. As redes sociais - e a enorme vitrine que elas oferecem -
permitem o completo anonimato enquanto se "vasculha" a vida do outro,
seus relacionamentos, os lugares que frequenta, seu padrão de vida e, até
mesmo, seus hábitos alimentares. E quando essa “curiosidade” se torna tóxica? O
Stalkear da vida alheia faz mal para nossa saúde mental?
Vamos entender melhor essa dinâmica. Muitos vão
justificar esse tipo de comportamento como sendo apenas uma situação comum, por
pura curiosidade. Mas até onde essa curiosidade intensa faz bem para quem está
bisbilhotando ou para quem está sendo bisbilhotado?
A grande verdade é que, ao percorrer as vidas alheias online, podemos nos deparar com comparações prejudiciais, sensação de inferioridade e até mesmo elevação da ansiedade. O que poderia ser uma simples "atualização sobre as novidades" pode se transformar em um ciclo de autocrítica e insatisfação. Isso se torna ainda pior quando envolve comportamentos compulsivos, como o "stalking", que significa "caçar" ou "perseguir" alguém - inclusive no mundo online.
Acompanhar pelas redes alguém que se admira é
normal, desde que seja feito com bom senso e a uma distância respeitosa, sem
invadir o espaço do outro. No entanto, a linha entre "curiosidade
saudável" e "invasão de privacidade" é sutil - e por este
motivo, é vital refletirmos sobre os impactos emocionais desse hábito. O
equilíbrio no uso das redes sociais requer autoconsciência e o aprendizado
sobre como usá-las de forma consciente e construtiva.
O desafio de questionar nossos hábitos online,
promove uma cultura de respeito e empatia, sobretudo com nós mesmos, além de
auxiliar no reconhecimento do motivo de se estar vasculhando a vida do outro em
detrimento de um cuidado e atenção com nossa própria vida.
É essencial reconhecer quando esse
comportamento se torna prejudicial para a saúde emocional. É necessário se
livrar dos medos, das comparações e do sentimento de inferioridade para romper
com possíveis padrões familiares de limitação e assim encontrar a cura para um
comportamento desvirtuado.
Enfim, o primeiro passo para se livrar da
necessidade de “bisbilhotar” a vida alheia e reconhecer que se está fazendo
isso e identificar porque está fazendo. Se essa ação causa desconforto, faz
mal, evitar buscar o que incomoda já é uma ação de autocuidado.
Caso não consiga admitir sozinho e se livrar
dessas atitudes disfuncionais, a ajuda de um profissional de saúde mental será
fundamental. Pois, através de ferramentas psicoterápicas específicas, ele oferecerá
um espaço para a construção de limites saudáveis, a partir da compreensão das motivações
ligadas ao impulso de stalkear com foco excessivo no outro.
Compreender que o foco deve ser no cultivo de uma relação mais saudável com o seu tempo e suas emoções, é libertador e ajudará na busca pelo equilíbrio emocional necessário, na navegação dentro das redes sociais.
Andrea Ladislau - doutora em Psicanalise Contemporânea, Neuropsicóloga. Graduada em Letras - Português/ Inglês, Pós graduada em Psicopedagogia e Inclusão Digital, Administração de Empresas Administração Hospitalar. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.
Instagram: @dra.andrealadislau
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