Auto escola foi alvo de operação conjunta da Polícia Civil e Detran-SP após denúncia de irregularidades
Setecentos
dedos de silicone foram apreendidos em um Centro de Formação de Condutores
(CFC) em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, durante
fiscalização conjunta do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo
(Detran-SP) em conjunto com a 4ª Delegacia da DICCA, da Polícia Civil, que
investiga crimes contra a administração, fraudes decorrentes das atividades de
trânsito e atua no combate à corrupção. A operação
desta quarta-feira, 22, foi motivada por uma denúncia enviada à Ouvidoria
(FALA.SP.GOV.BR).
Segundo o
boletim de ocorrência, verificou-se que quatro aulas práticas foram iniciadas
no sistema sem que aluno e instrutor retornassem para o encerramento, o que
pode indicar fraude. Computadores, leitores biométricos e cartões de memória
também foram apreendidos. Seis pessoas, entre responsáveis pelo CFC e
testemunhas, foram levadas à delegacia para prestar esclarecimentos.
Os moldes de
silicone são utilizados para burlar o sistema de controle biométrico do e-CNHsp
no processo de emissão da carteira de habilitação. Em casos como esse, o
cidadão não comparece à autoescola para a realização dos exames práticos e
teóricos, e tem sua presença confirmada de forma ilegal, por meio dos dedos
falsos, que carregam impressões digitais. Os moldes serão encaminhados à
perícia na tentativa de identificar as pessoas a quem pertencem as
impressões.
"O
Detran-SP tem implementado soluções tecnológicas de monitoramento permanente
com a capacidade de identificar e coibir irregularidades no processo de
obtenção e renovação da CNH. Há projeto em andamento para a evolução dos
motores de identificação biométrica nas etapas do processo de habilitação. Esta
tecnologia visa assegurar que todas as etapas sejam realizadas pelos próprios
candidatos, utilizando identificação multi biométrica (digitais, face e, até,
íris) para combater fraudes, como o uso de biometria em moldes de
silicone", diz Talita Rodrigues, diretora de Habilitação.
O CFC e seus
prepostos responderão a processo administrativo sancionatório cuja penalidade
pode resultar na cassação do registro de credenciamento dos envolvidos. É
importante mencionar que eventual penalidade poderá ser aplicada somente após a
conclusão do respectivo processo administrativo, no qual serão observados os
princípios do contraditório e da ampla defesa, cabendo medida cautelar com a
suspensão das operações desde logo. A penalidade prevista para esse tipo de
conduta, considerada de natureza gravíssima para o Detran-SP, pode resultar na
cassação do registro do credenciado.
Intolerância
à Corrupção
Nos cinco
primeiros meses deste ano, o Detran-SP promoveu 1.884 fiscalizações junto aos
“agentes delegados ou regulados”, empresas e profissionais atuantes no setor,
como desmontes, autoescolas, despachantes, estampadoras de placas.
Em 2023, foram
7.572 fiscalizações desse tipo – um número cerca de 10% superior às
fiscalizações do ano anterior. Apenas em relação a CFCs e profissionais que
atuam no processo de habilitação, foram aplicadas 389 penalidades, sendo 214
advertências por escrito, 72 suspensões das atividades e 103 de e cassações dos
registros de credenciamento.
Caso o cidadão
desconfie de algum local irregular, é possível denunciar ocorrências desse tipo
no Disque Denúncia 181. O serviço é da Secretaria de Estado da Segurança
Pública e o sigilo é absoluto. A denúncia também pode ser feita na internet, no
site www.webdenuncia.org.br.
Além disso, é
importante destacar que qualquer denúncia de condutas irregulares ou indícios
de corrupção nos serviços regulados pelo Detran-SP pode ser formalizada através
da Ouvidoria do Detran-SP. Os cidadãos podem acessar o Portal do Detran-SP,
selecionar a seção "Ouvidoria" e clicar na opção
"Denúncia". Devem fornecer uma descrição detalhada da denúncia e
preencher o formulário. O link para registrar a solicitação é www.ouvidoria.sp.gov.br/Portal/Default.aspx.
Trabalho
contínuo
O Detran-SP participa constantemente de ações de fiscalização em todo o território paulista, com o objetivo de combater a venda de peças oriundas de veículos que sejam fruto de crimes, como roubo e furto, e valorizar o comerciante credenciado, punindo aqueles que alimentam comércio ilegal de peças.
A autarquia
passou também a privilegiar a atuação em cooperação com outros órgãos, como a
Secretaria Estadual de Segurança Pública e a Corregedoria Geral do Estado, no
combate aos desvios de conduta e na promoção de melhores serviços à sociedade
paulista. Em dezembro de 2023, o Governo de São Paulo anunciou a criação de uma
área para investigação de crimes e fraudes decorrentes das atividades de
trânsito na sua 4ª Delegacia de Polícia para o Departamento de Polícia de
Proteção à Cidadania “Dr Luiz Lasserre Gomes” (DPPC).
A unidade,
mantida pela Polícia Civil, com o apoio do Detran-SP, passa a ser chamada de
Divisão de Investigações sobre Crimes contra a Administração e Fraudes
decorrentes das Atividades de Trânsito, Combate à Corrupção e Lavagem ou
Ocultação de Bens, Direitos e Valores. A estrutura é responsável por apurar
fraudes e investigar possíveis crimes decorrentes das atividades relacionadas
ao trânsito.
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