Embriologista da Origen BH explica como é feito o procedimento, balizado pelo Conselho Federal de Medicina
A biópsia embrionária, cujo objetivo é selecionar
embriões geneticamente normais, é uma especificidade da medicina reprodutiva
muito relevante nos processos de fertilização in vitro. Isso porque os exames
permitem aos médicos e embriologistas analisarem cromossomos e buscar por
doenças genéticas já conhecidas pela ciência. “Essa seleção ocorre por
meio de testes genéticos pré‐implantacionais. Espera‐se, com isso, uma diminuição dos riscos de doenças genéticas e um
aumento das taxas de implantação em fertilização in vitro”, diz a embriologista
da clínica Origen BH, Renata Bossi que acaba de participar em São Paulo do
lançamento do livro 30 anos da embriologia no Brasil, do
qual participou escrevendo sobre a análise genética do embrião. A publicação
foi lançada durante o congresso da Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida
(REDLARA) e da Associação Brasileira de Embriologistas em Medicina Reprodutiva
(Pronúcleo), e contou com a presença de especialistas da Origen e de outras
clínicas brasileiras.
Segundo Renata, os exames são autorizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) - o que não está autorizado, do ponto de vista ético, é analisar os embriões só para selecionar o sexo do bebê. “Do ponto de vista legal, não podemos realizar a manipulação genética nem em gametas (óvulos e espermatozoides), muito menos em embriões”, explica a embriologista, acrescentando que não pode haver nenhuma tentativa, nem modificação do material genético usado no processo de fertilização in vitro.
Os exames ou testes genéticos pré-implantacionais
existentes na atualidade são três: o PGTA, em que se faz a busca da quantidade
dos cromossomos; o PGTM, quando existe uma doença gênica na família, como
fibrose cística, esclerose lateral amiotrófica ou anemia falciforme, dentre
outras, que estão associadas à alterações em regiões específicas de cromossomos
específicos; e o PGTSR, usado em embriões de pacientes que sabidamente têm
alterações nos números ou modificações de algum cromossomo e não querem passar
para os embriões uma doença ou uma condição de portador.
De acordo com Renata Bossi, o objetivo maior dos testes genéticos é ter embriões
saudáveis para transferência para o útero. E ela é taxativa ao dizer que não
existe recomendação para os futuros pais realizarem exame genético antes de
tentar tratamento de reprodução assistida. “Há indicações médicas para fazer
exames prévios ao tratamento, em caso de três abortamentos ou mais ou em casos
de doenças genéticas presentes em familiares. As chances de o casal ter alguma
mutação ou alteração é pequena em relação às outras causas de infertilidade. E
quem irá analisar a necessidade desse tipo de exame é o médico que acompanha o
processo da reprodução assistida”, diz.
Segundo ela, o PGTA não vai atrás de uma doença
específica, mas faz uma sondagem no número dos cromossomos em busca de alguma
alteração genética que possa acarretar doença para o futuro bebê. “Os testes
genéticos realizados no embrião têm uma eficácia de 98%, o que não quer dizer
que a criança vai ser livre de qualquer doença, pois ainda existem as doenças
de origem não genética, que podem levar à alterações no desenvolvimento do
bebê. Isso é muito importante ressaltar, pois os testes fazem uma varredura nos
cromossomos dos embriões para identificar alguma perda ou ganho em alguma
região dos cromossomos, que pode levar a doenças”, acrescenta a embriologista.
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