Relatório nacional
traz registros de pacientes com a enfermidade, cuja origem é genética e impacta
os rins
Em 24 de setembro acontece o Dia Internacional de
Conscientização sobre a Síndrome Hemolítico Urêmica atípica, conhecida como
SHUa, que tem em 2023 o primeiro ano com a data oficial no Brasil. A doença, de
origem genética, evolui de forma não esperada e rápida, com três manifestações
clássicas: anemia hemolítica, queda do nível de plaquetas no sangue e
insuficiência renal. Acomete entre 2 e 5 pessoas a cada 1 milhão no mundo[1],
sendo mais frequente em crianças e, entre pacientes adultos[2],[3],
se mostrando levemente predominante em mulheres[4].
O primeiro relatório de registros de pacientes com
SHUa no Brasil, desenvolvido em 2022 pelo COMDORA, Comitê de Doenças Raras da
Sociedade Brasileira de Nefrologia, mostra que 56% dos pacientes brasileiros
são jovens mulheres, com média de idade diagnóstica aos 20,7 anos e impacto
renal em todos os casos[5]. Os pacientes pediátricos, comparado aos
adultos, demonstram níveis mais baixos de hemoglobina e de plaquetas e níveis
mais elevados de LDH5.
Maria Helena Vaisbich, coordenadora do COMDORA e
médica nefrologista do Hospital das Clínicas, foi uma das responsáveis pelo
levantamento. “Além de ser ultrarrara, a SHUa também é uma doença ‘ultragrave’,
necessitando de um fluxo diagnóstico rápido, em cerca de 48 horas, para início
do tratamento no tempo mais breve possível. Temos 10 anos de estudos com dados
de ensaios clínicos e de vida real e estamos atualizando as recomendações e
diretrizes para direcionar o tratamento da doença no país”, relata a médica.
Segundo o estudo, 76% dos diagnósticos de SHUa
foram feitos após o primeiro episódio de microangiopatia trombótica (MAT)5,
quadro presente nas manifestações clássicas da doença e que pode aparecer
também em casos de púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), também de causa
genética, e de SHU típica, causada por bactérias produtoras de uma toxina
específica. Devido à semelhança dos sintomas, o diagnóstico correto deve ser
feito por uma equipe médica especializada, composta de nefrologista e
hematologista.
Para o diagnóstico de Pamela Notario, de
Rondonópolis, em 2018, foi preciso que ela fosse transferida para São Paulo.
Trinta e nove médicos estudaram o seu caso. “Tive o diagnóstico de SHUa depois
de 2 meses internada, já em tratamento com hemodiálise devido à insuficiência
renal. O primeiro sintoma foi um inchaço quando acordei, o que achei ser uma
alergia alimentar. Fiz uma bateria de exames no pronto socorro e minha função
renal estava muito alterada, então me encaminharam diretamente para a UTI.
Ainda em Cuiabá, suspeitaram de síndrome hemolítica, mas não fecharam o
diagnóstico. Fui de UTI aérea para São Paulo, com urgência, para ser atendida
com mais recursos”.
O tempo e precisão do diagnóstico impactam
diretamente no prognóstico dos pacientes. O tratamento precoce e adequado é
capaz de salvar vidas e reduzir complicações da doença, como sequelas
neurológicas e doença renal crônica[6]. “A SHUa resulta na desregulação da via
alternativa do sistema complemento, parte do nosso sistema imune e essencial
para a defesa do corpo[7]. Quando está desregulado, essas proteínas
podem desencadear em uma cascata de reações que atacam células e tecidos,
resultando em inflamação e na destruição de células saudáveis dos vasos
sanguíneos[8]”, explica Silvana Miranda, médica
nefrologista, preceptora da Santa Casa de Belo Horizonte e integrante do
COMDORA.
Saiba mais sobre o sistema
complemento
Parte chave do sistema de imunidade inata, é
responsável por atuar rapidamente para detectar, destruir e eliminar micróbios,
restos celulares e defender o organismo de maneira rápida contra infecções.
A imunidade inata tem resposta imediata, porém não produz memória imunológica e
tem proteção contra um limitado número de patógenos que podem gerar doenças[9],[10].
Quando o sistema complemento está desequilibrado, as proteínas podem
desencadear uma cascata de reações que atacam células e tecidos, resultando em
inflamação e destruição de células saudáveis[11].
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[1] Goodship THJ, Cook HT, Fakhouri F, Fervenza FC, Frémeaux-Bacchi V, Kavanagh D, et al. Atypical hemolytic uremic syndrome and C3 glomerulopathy: conclusions from a “Kidney Disease: Improving Global Outcomes” (KDIGO) Controversies Conference. Kidney Int. 2017;91(3):539–51.
[2] RATHBONE J, KALTENTHALER E, RICHARDS A, TAPPENDEN P, BESSEYA, CANTRELLA. A systematic review of eculizumab for atypical haemolytic uraemic syndrome (aHUS) BMJ Open. 2013;3(11):e003573. doi:10.1136/bmjopen-2013-003573.
[3] LICHT C, ARDISSINO G, ARICETA G, et al. The global aHUS registry: methodology and 51 Initial patient characteristics. BMC Nephrology. 2015;16:207.doi:10.1186/s12882-015-0195-1
[4] FREMEAUX-BACCHI, V., FAKHOURI, F., GARNIER, A., BIENAIME, F., DRAGON-DUREY, M.A., NGO, S., et al., 2013. Genetics and outcome of atypical hemolytic uremic 50 syndrome: a nationwide French series comparing children and adults. Clin. J. Am. Soc. Nephrol. 8, 554–562.
[5] Maria Helena Vaisbich and others, on behalf of Rare Diseases Committee – Brazilian Society of Nephrology, Baseline characteristics and evolution of Brazilian patients with atypical hemolytic uremic syndrome: first report of the Brazilian aHUS Registry, Clinical Kidney Journal, Volume 15, Issue 8, August 2022, Pages 1601–1611, https://doi.org/10.1093/ckj/sfac097
[6] Cheong HI, et al Clinical Practice Guidelines for the Management of Atypical Hemolytic Uremic Syndrome in Korea. J Korean Med Sci 2016; 31: 1516-1528.
[7] Merle, N. S., et al. Complement System Part II: Role in immunity. Frontiers of Immunology. 2015. 6:257.
[8] Garred, P., Tenner, A. J., & Mollnes, T. E. Therapeutic Targeting of the Complement System: From Rare Diseases to Pandemics. Pharmacological Reviews. 2021. 73(2):792-827
[9] Abbas AK, et al. Basic Immunology: Functions and Disorders of the Immune System. 5th ed. St Louis, MO: Elsevier; 2016:1-26
[10] Murphy KP. Janeway's Immunobiology. 8th ed. New York, NY: Garland Science, Taylor & Francis Group LLC; 2012:37-73.
[11] Merle, N. S., Noe, R., Halbwachs-Mecarelli, L., Fremeaux-Bacchi, V., & Roumenina, L. T. (2015). Complement system part II: role in immunity. Frontiers of Immunology, 6:257. https://doi.org/10.3389/fimmu.2015.00257
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