Seconci-SP destaca que abordar
o tema está deixando de ser tabu
Se você perceber
que um amigo ou familiar demonstra estar desesperançado e falando em se
suicidar, não hesite: converse abertamente com ele a respeito, mesmo que não
saiba o que dizer; mostre acolhimento e sugira que ele busque ajuda
especializada, assim você estará ajudando a prevenir um suicídio.
A recomendação é
de Ricardo Andrade, psicólogo do Seconci-SP
(Serviço Social da Construção), por ocasião da campanha Setembro Amarelo e do
Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro). Para ele, falar sobre
suicídio está deixando cada vez mais de ser um tabu, pois ao contrário do que
alguns imaginavam, a conversa aberta tem efeito benéfico.
“O desejo dessa
pessoa não é necessariamente acabar com a vida, mas com o sofrimento mental
dela – e sem encontrar uma saída, ela pode acabar se suicidando. Esse
sofrimento pode ter origens como depressão, uso de substâncias tóxicas,
transtornos mentais, comportamentos destrutivos. O quadro pode ser agravado
pelo julgamento dos demais, que não compreendem a depressão e veem este
indivíduo como um fraco, que não se esforça, agravando a desesperança”, explica
Andrade.
Segundo o
psicólogo, no trabalho pode ocorrer que a pessoa se isole, se sobrecarregue e
tenha dificuldade em compartilhar suas dificuldades com os colegas, ocasionando
o chamado burnout (exaustão
extrema resultante de trabalho desgastante), que pode levar ao suicídio.
“É muito
importante que as chefias, como os engenheiros e mestres de obras do setor da
construção, sejam capacitados para perceber esses casos e intervir, dialogando
com seus subordinados, evitando o isolamento e a sobrecarga de trabalho deles,
acolhendo-os e orientando-os à busca de ajuda médica ou psicológica”, recomenda
o especialista.
Telas e redes
sociais
Crianças e
adolescentes que fazem uso excessivo das telas e das redes sociais também são
suscetíveis a entrar em sofrimento mental. Por exemplo, estão sujeitas a bullying (violência
psicológica por parte de seu grupo social); ou sofrer fazendo comparações
injustas, como deprimir-se porque sua família não é como aquela feliz do comercial
de margarina.
“Os pais devem
observar o conteúdo acessado pelos filhos e regular o tempo de exposição às
telas, promover maior socialização com eles e deles com os amigos, além dar o
próprio exemplo, não se expondo demasiadamente nas telas. Quando forem
trabalhar, devem buscar redes de apoio para que os filhos não fiquem muitas
horas sozinhos. É compreensível que, na volta do trabalho ou nos fins de
semana, os pais queiram um tempo para si, mas podem perfeitamente buscar um
equilíbrio entre esses momentos e passar horas de relacionamento com os filhos,
com muita qualidade”.
Segundo o
Anuário de Segurança Pública de 2022, em média 39 pessoas se suicidam
diariamente no Brasil. No mundo, são cerca de 700 mil casos por ano, informa a
Organização Mundial da Saúde. De acordo com Andrade, a maioria relativa dos
casos de suicídio no país se situa entre pessoas acima dos 70 anos, por conta
da sensação de desesperança, seguida dos jovens entre 15 e 29 anos, devido a
relações sociais frustradas ou por não terem conquistado a formação e o
trabalho desejados, entre outras causas. Prevalecem as pessoas de sexo
masculino, possivelmente pela maior resistência em procurarem ajuda. Também há
muitos casos de indígenas que cometem suicídio. “Neste cenário, é preciso falar
em suicídio o ano inteiro, não apenas no Setembro Amarelo”.
Andrade informa
que o Seconci-SP dispõe de uma equipe de psicólogos e psiquiatras que tratam
desses casos, presencialmente e também à distância”, destaca. Ele também
recomenda o acesso ao CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo telefone 188,
“que funciona muito bem em termos de acolhimento”.
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