Otorrino explica
qual a influência do clima no sistema respiratório e como se prevenir das
'ites'
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e
Imunologia (Asbai) somente os casos de doenças respiratórias de origem alérgica
como a rinite, por exemplo, atingem 30% dos brasileiros. Se esse número for
somado às demais doenças típicas do inverno como gripes, resfriados, pneumonia,
faringite e outras, o número pode ser realmente assustador. Mas, qual a
explicação para que esses casos cresçam tanto nessa época do ano?
Para o professor voluntário no Serviço de
Otorrinolaringologia na Santa Casa de São Paulo e otorrinolaringologista
na Clínica Dolci em São Paulo, Dr. Gustavo Meirelles, as chances de sofrer
com doenças respiratórias aumentam, tanto para quem já convive com alergias e
históricos de inflamações no sistema respiratório como para quem raramente fica
doente. Isso porque o fator principal é a condição do ar que respiramos. E
isso, raramente pode ser controlado.
“Diferente do sistema circulatório em que o sangue
circula em um complexo fechado, o nosso sistema respiratório recebe o ar do
ambiente externo para poder captar o seu oxigênio. O problema é que esse ar nem
sempre está nas condições ideais quanto à temperatura, pureza e umidade. Claro,
que as nossas cavidades nasais estão preparadas para aquecer, umidificar e
limpar esse ar antes que ele percorra todo o sistema. Contudo, quando o clima
está muito seco todo organismo fica desidratado, e raramente é possível fazer a
umidificação e limpeza necessárias, o que acaba irritando a mucosa do nariz e
da garganta, causando vários problemas respiratórios”, explicou.
A principal doença desenvolvida no outono e no
inverno, quando a umidade do ar cai drasticamente, é a rinite alérgica. Ela
causa uma inflamação no revestimento interno do nariz seja por desenvolver um
processo alérgico devido alguma micropartícula presente no ar, seja apenas por
irritação ou por algum agente patológico como vírus e bactérias. Ela pode durar
alguns dias ou se estender por meses, se tornando crônica ou evoluindo para uma
sinusite, que é quando a secreção do nariz entope as cavidades do rosto gerando
uma infecção local.
“A situação fica um pouco mais difícil para quem
tem desvio de septo, ou seja, quando o paciente tem a cartilagem que divide as
cavidades no nariz desviada somente para um lado. Essa é uma condição que
aumenta a probabilidade de desenvolver rinite durante todo ano e ainda de
sofrer com crises piores no tempo seco. Isso porque o desvio dificulta a
passagem do ar e prejudica a umidificação e filtragem. E apesar de parecer
complicada, não é uma condição incomum. Estima-se que três em cada dez pessoas
tenha desvio de septo no Brasil, podendo ser congênita, de má formação ou
recorrente de algum trauma”, contou o especialista.
Portanto, não é coincidência ou nem apenas uma
história da internet: é só o outono chegar com seu clima seco e gelado para que
os narizes comecem a entupir, escorrer e espirrar. Sabendo dessa relação entre
a baixa umidade do ar e o sistema respiratório, os cuidados precisam ser
preventivos, especialmente para quem tem desvio de septo ou histórico de crises
anteriores. O ideal é manter um acompanhamento médico durante todo o ano e
assim preparar o organismo e a casa para a chegada das estações frias.
Alguns desses cuidados são: realizar a lavagem
nasal diariamente; manter os ambientes livres de poeira sempre utilizando panos
úmidos na limpeza e mantendo a umidificação do ar, seja com aparelhos elétricos
ou com toalhas molhadas. E claro, manter a saúde do corpo hidratando-se
bastante, alimentando-se bem e lavando as mãos com frequência para evitar ser
contaminado por algum vírus.
Dr. Gustavo
Meirelles dos Santos - Otorrinolaringologista
na Clínica Dolci Otorrinolaringologia e Cirurgia Estética Facial, em São Paulo.
Graduado na PUC - São Paulo. Residência em Otorrinolaringologia na Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo. Fellow em Rinologia na Santa Casa
de São Paulo. Professor voluntário no Serviço de
Otorrinolaringologia na Santa Casa de São Paulo.
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