É comum ouvir que o setor rural é a locomotiva do país. Não é para menos: a participação do segmento alcançou 24,8% em 2022, segundo a pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Adicionalmente, os dados recém-divulgados de PIB do país no 1T 2023 acabam de surpreender positivamente pelo crescimento, sustentado pela pujança do agro.
Mas além de impulsionar a economia e diferentemente
de alguns anos atrás quando se considerava o setor como sendo conservador em
seus processos de transformação, atualmente o agro está na vanguarda da
aplicação de novas tecnologias, consolidando sua inserção e propagação e à
frente de diversos outros setores econômicos tradicionalmente inovadores. A
aplicação da revolução tecnológica no agronegócio já é uma realidade no Brasil
e tem como base o uso de softwares, robótica, sistema de posicionamento global
(GPS), drones, automação de dados, sensorização, satélites em alta definição,
genética de plantio, 5G, IoT, rastreamento digital e diversas outras
tecnologias do novo milênio.
Um levantamento da consultoria McKinsey &
Company revelou que 71% dos agricultores brasileiros usam canais digitais
diariamente para atividades relacionadas às fazendas. O uso de aplicativos de
mensagens, portais de e-commerce e máquinas agrícolas são exemplos da mudança
no comportamento do novo produtor rural.
Hoje, é possível ter os dados de uma fazenda
inteira na palma da mão e com isso monitorá-la em tempo real. O agro 4.0 vem
ajudando os empresários do campo a aumentar sua produtividade e está presente
em cada etapa da cadeia produtiva. A aplicação de tecnologias nas lavouras e na
gestão de negócios agrícolas ajudou a consolidar o Brasil como potência do
setor, colocando-o entre os mais competitivos países do segmento, sendo
considerado o mais automatizado do mundo.
Seguindo fortemente no sentido da inovação, o país
alcançou o segundo lugar na exportação mundial de alimentos, segundo a
Organização Mundial do Comércio (OMC), deixando grandes potências para trás no
ranking. É motivo de orgulho para os produtores que, safra após safra, batem
recordes.
Aumento da produtividade, otimização de custos e
redução de riscos são alguns dos benefícios gerados pela previsibilidade e
poder de decisão proporcionados pela tecnologia. A aplicação de novas
tecnologias no agro traz oportunidades e abre caminhos no país.
A atividade vem impulsionando o crescimento de
cidades de médio porte em todo o interior brasileiro. É o caso de Cuiabá, MT. A
base econômica do Estado é o agronegócio. Maior produtor de soja, milho,
algodão e de rebanho bovino – sendo as quatro commodities responsáveis por
93,5% do valor bruto arrecado no estado –, Mato Grosso vem liderando há quatro
anos consecutivos a agropecuária brasileira, e a cada ano, a produção se
supera. Estive recentemente visitando a cidade e seus simpáticos habitantes, e
o crescimento acelerado da cidade e de todo o estado é impressionante.
Segundo dados do Governo Federal, em quatro anos, o
estado apresentou um crescimento de 69% do Valor Bruto da Produção Agropecuária
(VBP), com R$ 193 bilhões em 2021. Atualmente, o estado detém mais de 17% da
produção agrícola nacional, seguido pelo Paraná, na 2ª posição, São Paulo, na
3ª, Minas Gerais, na 4ª, e o Rio Grande do Sul, que aparece em 5º lugar no
ranking. Conforme levantamento do Ministério da Agricultura e Pecuária, 35
municípios do Mato Grosso estão entre os 100 mais ricos do agronegócio no
Brasil. E são lavouras justamente de alta intensidade no uso de tecnologia e
das mais avançadas revoluções trazidas pela inovação para o campo que estão
ajudando na criação e multiplicação de toda essa riqueza.
Em resumo, a transformação digital no agronegócio
traz mais consistência e previsibilidade na oferta, garante a gestão de riscos
socioambientais, amplia o controle sobre alguns dos cada vez mais erráticos
efeitos do clima, bem como amplia a visão do produtor acerca de todo o cicloda
cadeia de suprimentos.
Ademais, possibilita o uso de soluções que
monitoram, reportam, geram e analisam dados e verificam indicadores para uma
cadeia agroalimentar mais produtiva, sustentável e resistente aos desafios
desse tipo de negócio.
Da agricultura 1.0, rudimentar e de baixa produtividade praticada até 1950, passamos hoje para a agricultura 4.0 e caminhamos para a 5.0, com o amplo uso das tecnologias digitais e a integração cada vez mais conectada do mundo dos dados com a realidade do campo. O fato é que o agrobusiness é um dos mais importantes e inovadores setores do mundo e, mais uma vez, segue se reinventando, fazendo a diferença e transformando o perfil econômico nacional, cujo interior se torna cada vez mais a moderna mola propulsora do país.
Fernando Moulin - partner da Sponsorb, empresa boutique de business performance, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente.
E-mail: fernando.moulin@sponsorb.com.br
www.linkedin.com/in/fernandomoulin/
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