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terça-feira, 13 de junho de 2023

MITOS da semaglutida: “nenhum país no mundo, até hoje, conseguiu estabilizar os números da obesidade”

 

Novos medicamentos para diabetes estão sendo apresentados e, alguns desses, também podem ser usados em pacientes com obesidade, como é o caso da semaglutida. Estudos mostram que pode ocorrer uma perda em torno de 17% do peso corporal. Devido à perda de peso considerável causada pela semaglutida, pacientes com idades mais avançadas e que fazem uso do medicamento acabam apresentando flacidez facial na estrutura da face, a chamada Rosto de Ozempic, mas que pode ser resolvida com tratamentos estéticos avançados disponíveis na área da Cirurgia Plástica.

 

A endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato explica que o paciente pode apresentar alguns efeitos colaterais sendo os mais comuns náusea, vômito, constipação ou diarreia, e pode haver sintomas de refluxo e até sonolência.

 

“A semaglutida estava sendo utilizada até então off-label para a obesidade, porque em bula estava indicada apenas para o tratamento do diabetes, mas agora já teve liberação tanto do Food and Drug Administration (FDA) quanto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para os casos de obesidade”, conta Dra. Lorena.

 

Ela comenta ainda que um outro novo medicamento, ainda não disponível no Brasil, mas já aprovado, voltado exclusivamente para o tratamento da obesidade é Wegovy ®. “Também temos o Mounjaro® (tirzepatida), e o Rybelsus® (semaglutina) disponível nos Estados Unidos, mas somente para o tratamento do diabetes, mas já sabemos que eles têm grande eficácia na perda de peso e, por isso, o uso off-label para o tratamento da obesidade. Acreditamos que, em breve, estarão disponíveis para o tratamento da obesidade”, explica a endocrinologista. Em geral, segundo Dra. Lorena, não há contraindicação absoluta por serem medicações extremamente seguras, com exceção para pacientes com insuficiência renal ou insuficiências múltiplas.

 

“O maior risco do uso das medicações é quando a pessoa usa sem orientação do especialista. O tratamento da obesidade, em geral, fica ineficaz quando a pessoa faz a automedicação porque ela não sabe quando é o momento correto para aumentar a dose, como manejar possíveis efeitos colaterais, acaba abandonando o tratamento antes da hora, achando que já perdeu o peso que queria. Mas ATENÇÃO: a perda de peso inicial que o medicamento causa – parando o tratamento sem orientação – pode ocasionar o efeito rebote e a pessoa volta a ganhar peso. É muito comum ver isso no dia a dia, além do perigo dessa automedicação, temos os riscos com a interação medicamentosa e efeitos colaterais não controlados que podem ser até graves eventualmente”, alerta a médica.

 

MITOS da semaglutina – Nenhum país no mundo - até hoje - conseguiu estabilizar os números da obesidade, doença crônica e de difícil controle. Mas o que muitos ainda não entendem é que o tratamento também precisa ser crônico, mas ainda vemos muitos médicos querendo tirar a medicação. 

 

Outro mito é a confusão entre tratamento da obesidade com a prevenção da obesidade. Quando você fala em modificação do estilo de vida (atividade física, alimentação de qualidade) como uma forma de prevenção, é bastante efetivo. Mas quando a pessoa já está com obesidade, o médico só enfatizar a modificação do estilo de vida como forma eficaz de tratar a doença é um grande erro. A pessoa já tem uma doença, ela precisa de mais do que isso e ficar insistindo só na modificação do estilo de vida só leva a pessoa a ficar mais desestimulada e mais desanimada com o tratamento.

 

“E por último, o mito de que a obesidade tem a ver eventualmente até com indisciplina, com personalidade, uma certa fraqueza, falta de força de vontade da pessoa. Sabemos que é um grande equívoco pensar assim. Existe predisposição genética e até o Lee Klaplan, que é um dos maiores estudiosos de obesidade no mundo, fala que não é comer muito que leva à obesidade, mas sim a obesidade é que leva a comer muito. Ou seja, quando você tem uma alimentação irregular, você inflama os mecanismos de percepção de saciedade do seu organismo, de forma que você acaba comendo sempre mais do que o que você precisa. Então, você continua comendo muito porque você está com o seu corpo inflamado. Isso é uma forma muito gentil de ver os pacientes com obesidade e quebra um pouco do mito da força de vontade”, finaliza Dra. Lorena Amato. 



Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP.
https://endocrino.com/
www.amato.com.br
https://www.instagram.com/dra.lorenaendocrino/


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