Novos medicamentos
para diabetes estão sendo apresentados e, alguns desses, também podem ser
usados em pacientes com obesidade, como é o caso da semaglutida. Estudos
mostram que pode ocorrer uma perda em torno de 17% do peso corporal. Devido à
perda de peso considerável causada pela semaglutida, pacientes com idades mais
avançadas e que fazem uso do medicamento acabam apresentando flacidez facial na
estrutura da face, a chamada Rosto de Ozempic, mas que pode ser resolvida com
tratamentos estéticos avançados disponíveis na área da Cirurgia Plástica.
A endocrinologista
Dra. Lorena Lima Amato explica que o paciente pode
apresentar alguns efeitos colaterais sendo os mais comuns náusea, vômito,
constipação ou diarreia, e pode haver sintomas de refluxo e até sonolência.
“A semaglutida
estava sendo utilizada até então off-label para a obesidade, porque em bula
estava indicada apenas para o tratamento do diabetes, mas agora já teve
liberação tanto do Food and Drug Administration (FDA) quanto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) para os casos de obesidade”, conta Dra. Lorena.
Ela comenta ainda
que um outro novo medicamento, ainda não disponível no Brasil, mas já aprovado,
voltado exclusivamente para o tratamento da obesidade é Wegovy ®.
“Também temos o Mounjaro® (tirzepatida), e o Rybelsus®
(semaglutina) disponível nos Estados Unidos, mas somente para o tratamento do
diabetes, mas já sabemos que eles têm grande eficácia na perda de peso e, por
isso, o uso off-label para o tratamento da obesidade. Acreditamos que, em
breve, estarão disponíveis para o tratamento da obesidade”, explica a
endocrinologista. Em geral, segundo Dra. Lorena, não há contraindicação
absoluta por serem medicações extremamente seguras, com exceção para pacientes
com insuficiência renal ou insuficiências múltiplas.
“O maior risco do
uso das medicações é quando a pessoa usa sem orientação do especialista. O
tratamento da obesidade, em geral, fica ineficaz quando a pessoa faz a
automedicação porque ela não sabe quando é o momento correto para aumentar a
dose, como manejar possíveis efeitos colaterais, acaba abandonando o tratamento
antes da hora, achando que já perdeu o peso que queria. Mas ATENÇÃO: a perda de
peso inicial que o medicamento causa – parando o tratamento sem orientação –
pode ocasionar o efeito rebote e a pessoa volta a ganhar peso. É muito comum
ver isso no dia a dia, além do perigo dessa automedicação, temos os riscos com
a interação medicamentosa e efeitos colaterais não controlados que podem ser
até graves eventualmente”, alerta a médica.
MITOS
da semaglutina – Nenhum país no
mundo - até hoje - conseguiu estabilizar os números da obesidade, doença
crônica e de difícil controle. Mas o que muitos ainda não entendem é que o
tratamento também precisa ser crônico, mas ainda vemos muitos médicos querendo
tirar a medicação.
Outro mito é a
confusão entre tratamento da obesidade com a prevenção da obesidade. Quando
você fala em modificação do estilo de vida (atividade física, alimentação de
qualidade) como uma forma de prevenção, é bastante efetivo. Mas
quando a pessoa já está com obesidade, o médico só enfatizar a modificação do
estilo de vida como forma eficaz de tratar a doença é um grande erro. A pessoa
já tem uma doença, ela precisa de mais do que isso e ficar insistindo só na
modificação do estilo de vida só leva a pessoa a ficar mais desestimulada e
mais desanimada com o tratamento.
“E por último, o
mito de que a obesidade tem a ver eventualmente até com indisciplina, com
personalidade, uma certa fraqueza, falta de força de vontade da pessoa. Sabemos
que é um grande equívoco pensar assim. Existe predisposição genética e até o
Lee Klaplan, que é um dos maiores estudiosos de obesidade no mundo, fala que
não é comer muito que leva à obesidade, mas sim a obesidade é que leva a comer
muito. Ou seja, quando você tem uma alimentação irregular, você inflama os
mecanismos de percepção de saciedade do seu organismo, de forma que você acaba
comendo sempre mais do que o que você precisa. Então, você continua comendo
muito porque você está com o seu corpo inflamado. Isso é uma forma muito gentil
de ver os pacientes com obesidade e quebra um pouco do mito da força de
vontade”, finaliza Dra. Lorena Amato.
Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP.
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