Nos últimos 12 meses, quase 30 idosos vítimas de violência foram atendidos na UPA 24h Zona Leste
No último ano, a
Unidade de Pronto Atendimento 24h, Zona Leste, localizada na região litorânea
de Santos (SP), contabilizou 28 casos de violência contra pessoas entre 60 e 79
anos.
Gisele Abud,
médica e diretora Técnica da unidade, explica que em casos de violência, além
do atendimento médico, os profissionais de saúde também acolhem e orientam o
paciente.
“Os principais
casos atendidos são de maus-tratos em domicílio ou em instituições de longa
permanência e agressão física de terceiros”, informa a profissional.
“Após o
atendimento médico, enviamos uma notificação para delegacia do idoso,
orientamos para a abertura de boletim de ocorrência e acolhemos o paciente
oferecendo suporte emocional por meio da equipe multiprofissional”, explica a
médica.
Gisele Abud
alerta, ainda, que “a violência contra idosos pode ser definida como qualquer
ato, ou ainda a ausência de uma ação, que cause danos ou incômodo ao idoso”.
“Portanto, não só a pessoa que sofre a violência, mas todos que têm contato
indiretamente podem realizar uma denúncia no disque 100”, ressalta a médica.
A UPA Zona Leste é
gerenciada de forma compartilhada entre a Prefeitura de Santos e a entidade
filantrópica Pró-Saúde.
No
Brasil
A violência contra
idosos é um crime que tem aumentado no Brasil. Segundo a Ouvidoria Nacional dos
Direitos Humanos, de janeiro a maio deste ano, houve um aumento de 106% de
violações físicas contra pessoas idosas em comparação com o ano anterior.
No país, a faixa
etária mais afetada pela violência é de 70 a 74 anos, sendo as mulheres a
maioria entre as vítimas, contando com mais de 49 mil violações de direitos e
seis mil denúncias até o início de junho, segundo o Ministério dos Direitos
Humanos e da Cidadania.
Os dados reforçam
a importância da campanha Junho Violeta, ação criada pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em 2006, com o objetivo de conscientizar a população sobre
o combate à violência cometida contra os idosos.
Como
prevenir?
Segundo relatório
divulgado pela Ouvidora Nacional dos Direitos Humanos, uma das primeiras
violências sofridas pelos idosos é a negligência. De acordo com o Ministério
dos Direitos Humanos e da Cidadania, as violações mais recorrentes contra
idosos são:
· Violência
física: além de agressões perceptíveis, como espancamento com
lesões ou traumas, a violência também se manifesta na forma de beliscões,
empurrões ou tapas;
· Violência
psicológica: ocorre em atos como agressões verbais, tratamento
com menosprezo, desprezo ou qualquer ação que traga sofrimento emocional como
humilhação, afastamento do convívio familiar ou restrição à liberdade de
expressão;
· Negligência:
trata-se de recusa ou omissão de cuidados;
·Abandono:
ausência de amparo ou assistência pelos responsáveis em cumprir o dever de
prestar cuidado a pessoa idosa;
· Violência
institucional: práticas inadequadas em ambientes públicos ou
privados como abuso, agressões por parte de funcionários, inadequação de ambientes,
não fornecimento de medicações e má administração de medicamentos;
· Abuso
financeiro: apropriação indevida de qualquer recurso financeiro
do idoso com finalidade além do cuidado;
· Violência
patrimonial: práticas que comprometam o patrimônio do idoso,
como alteração do testamento, antecipação de herança ou venda de bens sem
consentimento;
·Violência
sexual: ato sexual ou práticas eróticas não consentidas, com ou
sem a prática de violência física ou ameaças;
· Discriminação:
comportamentos discriminatórios, ofensivos e desrespeitosos em relação à
condição física da pessoa idosa, com atos de desvalorização e
inferiorização.
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